Hello, Hop “fucking” heads! Do you wanna terp, kiddo?
Na coluna em tela gostaria de falar sobre uma novidade no mundo cervejeiro, algo que vem fazendo a cabeça dos lupulistas de plantão, que é a adição de “terpenos” nas IPAS.
Então, o que são terpenos? Onde vivem? O que comem? Como se reproduzem? Hoje, no Papo Cultura!
Ps. Esse texto NÃO é uma reportagem e eu não sou o Sérgio Chapelin.
Certamente, o intuito do texto não é soar científico nem técnico (embora algumas colunas minhas possuam esse viés). Porém, para uma melhor compreensão do que são terpenos, uma breve descrição técnica é válida.
Assim, pode-se dizer que terpenos são compostos orgânicos, óleos essenciais, produzidos naturalmente pelas plantas, resultados de seu metabolismo secundário.
Esses metabólitos secundários são mecanismos de defesa dos vegetais (soa freudiano não é?), produzem resinação e outros elementos de proteção à planta. Em virtude destes processos metabólicos, os terpenos acabam sendo responsáveis pela produção de odores e aromas nas plantas.
Estes compostos são secretados por glândulas, como a tricoma, e conferem uma gama bem ampla de sabores e aromas aos vegetais, como pinho, hortelã, frutas vermelhas, cítricas, e até mesmo são responsáveis por odores indesejáveis, como, por exemplo, o de mercaptana (sulfúrico) da jaca.
Os terpenos possuem diversas classificações de acordo com a quantidade de cadeias orgânicas que possuem, a partir da ligação de uma estrutura denominada isopreno (C5H8).
O mínimo necessário para ser um terpeno é ter duas estruturas de isopreno interligadas, o qual é chamado monoterpeno.
As combinações são infinitas, mas os principais terpenos adicionados ou encontrado nas cervejas são: Mirceno (aroma terroso, pouco cítrico e meio amargo), Limoleno (aroma de casca de tangerina e laranja), Pineno (resina e pinho) e Linalol (doce e apimentado).
Passando essa breve descrição mais técnica, é importante destacar que naturalmente através do lúpulo é possível encontrar os mais diversos terpenos nas cervejas, principalmente os mencionados no final da seção anterior.
Ou seja, por meio dos óleos essenciais contidos nos lúpulos, os terpenos já se mostram em sua exuberância aromática e de sabor, dando todo o “condimento” às cervejas artesanais, principalmente nas IPA’s e suas variantes, que possuem uma carga lupulada bem mais expressiva.
Todavia, o que vem ganhando um uso razoavelmente significativo no mercado cervejeiro artesanal nos últimos tempos é a adição de terpenos nas cervejas.
Ou seja, além dos terpenos encontrados naturalmente nas cervejas através do lúpulo, alguns cervejeiros estão utilizando compostos químicos isolados, em que o terpeno é encontrado de uma forma mais concentrada e mais específica, na qual ele pode escolher qual aroma e qual sabor potencializar.
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Essa cultura de buscar pelos terpenos e pelos seus mais diversos aromas e sabores já era originária do cultivo e consumo de Cannabis, em que os usuários buscam as mais variadas cepas com terpenos específicos com os sabores e aromas que almejam encontrar em seu joint.
Culturalmente, o mercado das cervejas artesanais se parece um pouco com o mercado na maconha (nos EUA, onde ela é legalizada – esse texto não contém nenhuma apologia ao uso de drogas ilícitas). De modo que a busca por terpenos acabou sendo algo em comum entre os consumidores desses dois produtos e essa é a explicação histórica pela busca e pela fascinação recente por compostos terpenóides.
Algumas empresas se dedicam exclusivamente a produzir compostos terpenóides específicos, buscando ressaltar características naturalmente presentes nas plantas, mas que, na produção cervejeira e na interação do lúpulo nesse processo, acabam ficando um pouco obscurecidas ou em um plano de pouco destaque no produto final.
Buscando potencializar essa produção, os cervejeiros tem se valido de terpenos isolados (que podem até vir a ser combinados na receita final da cerveja) para dar o destaque que eles acham merecidos a tais elementos.
É como se a cerveja fosse a gasolina (que já possui naturalmente elementos terpenóides advindos do lúpulo), mas virasse uma gasolina aditivada ao ter a adição desses terpenos isolados quimicamente.
A potencialização de aromas e sabores é exponencial quando isso é feito, e algumas características acabam ganhando o primeiro plano, sejam aromas e sabores mais usuais, como cítrico, com laranja, limão, toranja e maracujá, até mesmo outros menos comuns, como aromas de incenso, amadeirado e sabor de frutas vermelhas (framboesa e groselha), frutas escuras (ameixa, amoras e cassis), perfil mentolado e refrescante, e vários outros pouco usuais a serem encontrados nas cervejas.
Todavia, nem tudo são flores ao se falar de terpenos, tanto em sua vertente natural advinda unicamente do lúpulo posto na produção da cerveja, ou também quando se trata de um componente adicionado a ela.
Por mais que tenham o intuito primordial e bem claro de potencializar o líquido que comove as massas, os terpenos (quando adicionados, principalmente) podem ter alguns efeitos colaterais indesejáveis, dentre eles, o harsh (não confunda com hype, para saber mais clique aqui), o mentolado (quando esse não é o maior intuito da adição dos terpenos) e a artificialidade.
O harsh é ocasionado pelo excesso de matéria vegetal, é uma certa picância e um certo ardor ocasionado pelo excesso mencionado. Naturalmente, o harsh é descrito como um incômodo rascante (que arranha a garganta) pelo uso do lúpulo, quando ele não consegue atingir um nível de saturação ideal no composto da cerveja, e assim, apresenta as duas características mencionadas.
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Já é bem comum que se encontre em todas (ou quase todas, para não soar tão categórico) as IPA’s algum nível de harsh, por mínimo que ele seja, e por mais avançada que seja a técnica de saturação que a cervejaria use.
Todavia, quando se acrescenta muito terpeno, e quando o lúpulo utilizado já possui um potencial baixo de saturação (alguns lúpulos possuem essa característica, como, por exemplo, o Hallertau Blanc, que tem aromas e sabores que lembram uvas verdes, mas é capaz de dar muito harsh), é possível que o resultado seja uma cerveja quase que intragável de tanto harsh travando na boca. Cervejas com adição de terpenos podem vir a apresentar esse harsh de maneira desagradável.
O mentolado é uma outra sensação que pode vir a ser considerada como um efeito colateral adverso da adição de terpenos. Em alguns casos, o mentolado é um efeito desejado na cerveja, todavia, em excesso, tal qual acontece com o harsh, uma adição muito grande de terpenos pode deixar sua IPA parecendo que alguém esqueceu um pacote de Hall’s preta dentro dela, com aquele ardor de hortelã e mentol muito forte. Isso seria algo indesejado de se ocorrer.
O terceiro efeito adverso da adição dos terpenos, que não ocorre naturalmente na cerveja que possui apenas os terpenos advindos do lúpulo, é um certo caráter artificial.
A descrição mais próxima que se pode chegar na artificialidade ao se degustar uma cerveja com adição de terpenos é como se ela tivesse gosto de essência de frutas utilizadas em balas, pirulitos e doces em geral (quem fez aquela visita à fábrica da Sam’s na época do colégio vai lembrar do que estou aludindo).
Esse caráter de essência acaba conferindo um frutado um tanto quanto artificial às cervejas, que já podem ter um frutado próprio e característico originário do lúpulo.
Derradeiramente, podemos dizer que os terpenos, de modo amplo, são essenciais às cervejas, conferindo os mais diversos aromas e sabores frutados e próprios de plantas.
Todavia, a sua adição de forma isolada e concentrada em cervejas podem acarretar em alguns efeitos colaterais indesejados. Cervejas terpenadas (quando há a adição) são uma novidade, mas devem ser analisadas, degustadas e observadas com cautela e sem frenesi. Algumas são ótimas, e outras nem tanto.
Portanto, ainda que representem uma inovação, seu uso deve ser feito com parcimônia para que uma boa cerveja acabe tendo algumas arestas a serem aparadas.
E deve-se sempre atentar que, adicionar terpenos, por si só, não é um pré-requisito para se ter uma IPA fantástica, às vezes, pode ser apenas (mais) uma jogada de marketing (ALL HAIL MAMON!)
A melhor analogia entre cerveja e a adição de terpenos que pode existir é a da gasolina aditivada, como se a cerveja fosse a gasolina e o terpeno fosse o aditivo, conferindo-lhe alta octanagem.
Então, como sugestão de degustação fica a música Fuel dos imortais do Metallica.
“Gimme fuel,
gimme fire,
gimme that which I desire”!
Então, muita gasolina para vocês!
Saúde!
Hey, Kiddos!
É bem provável que em alguma mesa de bar com os amigos alguém já tenha soltado a inexorável assertiva: eu só bebo puro malte! Talvez, bradado algo similar: puro malte é melhor que as demais. Ou qualquer outra bravata semelhante.
O texto de hoje parte do questionamento: puro malte é sinônimo de qualidade? Ou seja, ter estampado no rótulo da cerveja em letras garrafais, em negrito, em itálico, cintilando e com uma plaqueta em neon: PURO MALTE, garante algo a mais para a cerveja?
Vamos descobrir logo abaixo.
As definições de puro malte remetem a uma “pureza” propriamente dita, que seria de um dos componentes básicos da cerveja: o malte, o qual, somado ao lúpulo, à água e à levedura (fermento), compõem esse líquido que apaixona as multidões.
De uns anos para cá (talvez 3 ou 4, quiçá um pouco mais), os deuses do mercado cervejeiro (será Mamon agindo?) resolveram lançar no mercado algumas cervejas com o rebranding de puro malte. Ou seja, cervejas de massa, como, por exemplo, Bohemia e Devassa (dentre outras), passaram a estampar uma nova composição, nomeada “marketeiramente” de “puro malte”.
Antes essas cervejas não eram “puras”, ou seja, continham alguns adjuntos (na maioria delas, milho, mas na Budweiser, a maior proporção de adjunto, até hoje, é de arroz), além do malte de cevada (o elemento básico já mencionado). Daí depreende-se que essa mistura de malte (de cevada) com outros cereais era a receita base dessas cervejas populares até então.
A Reinheitsgebot (não tentem pronunciar isso em casa sozinhos, pode ser que a loira alemã do banheiro apareça para te carregar), usualmente traduzida do alemão como “Lei de Pureza” da Cerveja, foi uma lei tributária bávara promulgada pelo duque Guilherme IV da Baviera, em 23 de abril de 1516.
Essa lei estabelecia que a cerveja só poderia conter: água, lúpulo e cevada (e fermento, obviamente). Apesar de seu escopo ser o de uma norma indutora de comportamento (seu cerne era uma determinação tributária para que não faltasse trigo para fazer pães no inverno), ela foi absorvida no imaginário popular recente (e por parte da “cultura cervejeira”) como sendo uma “regulamentação de um padrão qualidade”, coisa que ela nunca se pretendeu ser, nem no passado muito menos no presente.
Nem em sua gênese no século XVI o intuito era criar um regramento de qualidade, e sim, apenas garantir que o trigo não fosse utilizado na cerveja, e sim na fabricação dos pães. Muito menos hoje em dia essa “determinação legislativa” é “válida” para fins qualitativos (tampouco “vigora”, isso sem falar que o Brasil não é regido por leis alienígenas de outros países).
O que o mercado cervejeiro de massa fez foi “traduzir” essa lei para termos mais modernos e a “promulgou” sob a nomenclatura de “puro malte”.
Quando se fala de lucros, provavelmente, a qualidade está em segundo plano (isso se não estiver em terceiro, quarto ou quinto…), o importante, no caso citado, é tentar trazer uma aura “gourmetizada” para algo que não melhorou, muito em termos de qualidade e/ou de receita. Tenta-se agregar valor (ou mais valor) a algo por meio do adágio: puro malte.
As cervejas de massa puro malte, após a mudança na receita, passaram, de fato, a não contar mais com os famigerados adjuntos já mencionados.
Todavia, isso não representou um salto qualitativo expressivo, em parte porque os demais insumos são de qualidade duvidosa, e em parte também porque nunca foi o objetivo mudar tanto assim o conteúdo, já que o “brasileiro médio” adora sua cerveja estupidamente gelada, cor de palha, suave e refrescante; ou seja, o malte não precisa aparecer tanto assim no resultado final do gosto cervejeiro popular nacional.
Por causa dessa necessidade de se manter o mesmo padrão gustativo, e, ainda assim, “inovar” no marketing do puro malte, as mudanças efetuadas foram mínimas, talvez apenas aquele seu tio que só toma Brahma de Agudos (o famoso Sommelier de Buteco) seja capaz de asseverar a diferenciação das versões antes (com adjuntos) e depois (puro malte).
Vamos dar o desconto que as “puro malte” costumam ser ligeiramente mais doces e terem o corpo um pouco menos leve que as com adjuntos, mas para a finalidade as quais elas servem (ou seja, “litragem” alta a baixo custo) esses detalhes não são nenhum tour-de-force, isto é, não são nenhuma proeza.
De modo que não há ganho significativo de qualidade, tampouco estampar os dizeres PURO MALTE significa algo de concreto, qualitativamente falando. Deve servir para gourmetizar algo massificado, ou para que aquele seu amigo do início do texto possa bradar algo que ele julga peremptório, mas em termos de análise sensorial, é algo despiciendo.
Ou seja, o “puro malte” é só um afago psicológico em quem acha que está bebendo algo realmente bom (mas, de fato, está bebendo um produto qualitativamente semelhante ao que já bebia).
É engraçado perceber que nem mesmo na Alemanha essa antiga lei é representativa. Muitos dos estilos clássicos alemães (alguns deles foram até ressuscitados) não seguem essas determinações restritivas nos elementos utilizados, vide a Gose, que tem adição de sementes de coentro e sal marinho, dentre outros estilos locais menos conhecidos ainda. Aliás, a própria Weiss leva trigo não-maltado em sua composição, em clara ofensa contra legem ao que Guilherme IV legislou.
Isso sem se falar que tal dispositivo legal vigorou apenas na “Alemanha” (que nem era um Estado propriamente dito na época, tal como conhecemos hoje), e muitas outras escolas, principalmente a belga, sempre fizeram questão de ignorar tal premissa legalista, usando muitas frutas, condimentos e outros elementos e métodos nada convencionais em suas cervejas.
Por causa dessa variedade enorme, hoje em dia, é pouco comum que se veja uma cervejaria artesanal (que seja séria) estampando os dizeres “puro malte” em seu rótulo, simplesmente porque essa “lei” sequer faz sentido hoje em dia (não precisamos poupar o trigo para fazer apenas os pães) e também não agrega nenhuma qualidade intrínseca às cervejas que são produzidas de acordo com esses ditames.
Palavras e frases de efeito são bem persuasivas, e são um belo atrativo de marketing! Essa é a premissa (falsa) por trás da ideia de que “puro malte” significa algo de melhor qualidade ou algo (pretensamente) gourmet.
Entre beber litros de uma “puro malte” de massa qualquer, e umas poucas artesanais, ainda que com um valor superior, a segunda alternativa é bem melhor e denota uma qualidade muito mais apurada. Fica a dica!
Em síntese, puro malte não é sinônimo de qualidade, ou de um “algo a mais” cervejeiro de maneira alguma. É apenas mais uma forma de vender cerveja para as massas.
Como recomendação musical de hoje, já que falamos de Reinheitsgebot, deixo como indicação a música Du Hast, da banda alemã Rammstein, uma das mais representativas do seu país (e de muito mais qualidade que qualquer “puro malte”).
Saúde!
Neste final do ano, a restauranteur norteriograndense hoje radicada em Los Angeles, Clija Chait, ofereceu um jantar para o amigo e ator hollywoodiano Edi Gathegi.
Gathegi estrelou filmes que foram sucesso de bilheteria no mundo, como as sagas de Crepúsculo e X-Men.
Nascida em Currais Novos, Clija Chait tem conquistado espaço não só no universo da gastronomia, mas se tornando referência como uma mulher de negócios.
Clija Chait é um exemplo do protagonismo potiguar em terras estrangeiras. Nascida em Currais Novos e criada no município de Cerro Corá, aos 18 anos foi morar em Natal, onde teve suas primeiras experiências de trabalho na área da gastronomia.
Aos 24 anos se mudou para São Paulo, onde enriqueceu sua carreira na área e iniciou sua trajetória como empresária. Na época, trabalhou na administração e gestão de inúmeros restaurantes italianos.
Em 2016, foi viver em Los Angeles e iniciou sua carreira de promotora de eventos privados em parceria com seu esposo Bill Chait.
Passou também a realizar eventos voltados para a moda, tendo como clientes algumas das maiores personalidades e celebridades em Hollywood.
Clija também se tornou sócia de alguns dos maiores restaurantes de Los Angeles e São Francisco, tais como: Tesse Restaurant, Tesse Cafe, Boutellier Wines e Tartine Bakery.
FOTO DA CAPA: Adriana Gatheji
Hey, Kiddos!
Certamente, é uníssono se dizer que o ano de 2020 foi igual o nome do ator que interpreta o protagonista do filme Matrix, no particular modo de dizer do saudoso “Mumu da Mangueira”: Keanu Reeves! Difícil contestar que não, pelos motivos que todos sabemos…
De toda maneira, buscando entrar no clima de final de ano, vamos montar um top 5 das melhores cervejas do ano, pareadas com um álbum musical (e uma música representativa dele), atribuindo notas e justificando as notas dadas.
No final, será apresentada a “decepção”, a contraposição dialética hegeliana do top: o fundo do poço – eu sei que vocês estavam com saudade, eu estive bonzinho demais nas últimas publicações.
O requisito de análise do top 5 é: a cerveja foi lançada em 2020 (e o álbum também), e degustada (ouvido) ainda em 2020. Perdoem a maior extensão de hoje, não foi fácil resumir tudo isso.
Ainda que tenha “Finale” no nome, é a Gran Finale abre a enumeração das melhores do ano. No meu Untappd, foi a única cerveja a atingir nota 5/5, numa escala de 100 pontos, eu daria 100 pontos também. Trata-se de uma English Barley Wine Barrel Aged, maturada em Barris que anteriormente continham vinho do porto (Ex-Port).
O estilo, por si só, já é um deleite, e ele foi trabalhado de forma majestosa pelo cervejeiro, conferindo notas amadeiradas, doces e de muitas frutas vermelhas, uma cerveja com o barril bem integrado e de alta complexidade. Uma experiência única, que realmente mereceu uma coluna dedicada quase que inteiramente a ela (clique aqui).
Incrível ver o patamar (#otopatamar) que uma cervejaria potiguar foi capaz de alcançar com esse petardo! Parabéns aos envolvidos!
Na minha lista geral de avaliações musicais (ainda que inicialmente dividida por estilo), o top 1 foi para o álbum Só Quem Viu o Relâmpago a Sua Direita Sabe de Kaatayra, one-man band de Brasília, formada por Caio Lemos.
O destaque dessa obra prima é o fato de ser um álbum de Black Metal totalmente acústico (e ainda assim ser Black Metal, afinal, uma palhetada em tremolo é perceptível mesmo no violão) e cantado inteiramente em português.
Além disso, inseriu de forma magistral elementos diversos, como field recordings (sons da natureza), vocais limpos e rasgados, e misturou ritmos regionais brasileiros, desde a bossa nova e samba até o xaxado e o baião. Alcançou 98 pontos numa escala de 100.
A música de degustação é: Desnaturação de Si-Mesmo, com direito a um interlúdio de samba (a partir de 7:00 minutos de execução).
Odyssēa 2020 é uma Russian Imperial Stout envelhecida em barris Ex-Bourbon da cervejaria Trilha. Uma cerveja complexa, com o barril bem presente, corpo altíssimo, parecendo petróleo, licorosa, alcoólica e muito potente.
Eu me arriscaria em dizer que ela é o mais próximo que uma cerveja nacional conseguiu chegar do arquétipo cervejeiro de uma KSB da Founders!
No aroma, Bourbon está muito bem colocado em evidência, muito chocolate, torra alta. No sabor, mais barril dando a presença, mais cacau, café leve, Bourbon, aquecimento, nozes. Corpo alto, carbonatação boa, excelente!
Ela atingiu 4,75/5 no Untappd, numa escala de 100 pontos, recebe facilmente 97 pontos.
Para acompanhar uma cerveja de alta complexidade, brindo-vos com o segundo álbum mais bem avaliado (atingiu 97 pontos numa escala de 100), da banda alemã de Epic Doom Metal, Lord Vigo, um álbum conceitual cyberpunk, inspirado no filme Blade Runner.
Destaque para os vocais barítonos surpreendentes, baixo pulsante, teclados tech-noir e bateria sincopada. A música de indicação é At The Verge of Time.
Trata-se de uma NEIPA feita em collab entre a Dogma e 3 Sons Brewing Co.na série small batch, exclusiva do Brewpub da Dogma em São Paulo.
A Lover-Licious foi uma IPA que se destacou pelo frescor e pelo alto padrão, notas frutadas intensas e um corpo sedoso, despudoradamente juicy! Sem harsh algum. No Untappd, ela alcançou 4,75/5, numa escala de 100 pontos, atinge facilmente 95 pontos.
Seu pareamento musical se encontra com o álbum After Hours do artista canadense The Weeknd, que atingiu 97 pontos, com seu pop/R’n’B com toques de synth pop oitentista, e a música a ser recomendada não poderia ser outra que não Blinding Lights, com seu refrão chiclete que lembram os bons tempos de Michael Jackson.
O Brasil é um país que é necessário dizer o óbvio, e o óbvio é que a Dogma é a melhor cervejaria nacional, e por esse motivo, emplacou mais uma no top 10.
A Morning Gringo, uma RIS com adição de Maple (xarope de Bordo) e café, já vai no seu terceiro lote. Ela foi lançada inicialmente em 2018, e eu tive o prazer de degustar todos os três.
O lote de 2020 mantém o sarrafo lá no alto, atingindo 4,75/5 na escala do Untappd, e 93 pontos numa escala de 100.
No aroma, Maple bem acentuado, café proeminente, chocolate amargo perceptível. No sabor, o dulçor e o Maple predominam, café em segundo plano, ainda assim, bem evidente, chocolate mais suave. Corpo denso, amargor alto, bem oleosa.
Como acompanhamento musical temos o heavy metal progressivo da banda britânica Haken, que atingiu um total de 95 pontos na escala de 100 com seu sugestivo álbum nomeado de Virus.
Um álbum complexo, com momentos jazzy e às vezes um pouco funky, alguns solos de baixo e batidas eletrônicas programadas. Como música de degustação deixo a também sugestiva: The Strain.
Para fechar nossa retrospectiva das 5 melhores do ano, temos mais uma NEIPA, dessa vez da Croma. A Kiwi Brother foi uma das quatro cervejas da Croma da série Brother, que contava também com a Aussie Brother, Yankee Brother e Max Brother. No Untappd, ela foi agraciada com 4,75/5, e numa escala macro de 100 pontos ela atinge 92 pontos.
A Kiwi Brother é uma Juicy IPA com os lúpulos neozelandeses Nelson Sauvin e Motueka. No aroma, ela possui uma explosão frutada, com kiwi, caju e jaca logo de cara. No sabor, um adocicado médio-alto, amargor zero, uvas verdes de média intensidade, um corpo bem juicy, e uma percepção bem sedosa, em um corpo médio-alto, dotada de herbal muito sutil, com mais frutas, especialmente o Kiwi que nomeia a cerveja.
O pareamento musical dessa cerveja é com o álbum Útgarðr dos veteranos do Enslaved, um dos camaleões da história do Black Metal Norueguês, que evoluíram da second wave dos anos 90, passando por uma fase de Viking Metal, para uma sonoridade bem mais progressiva e um pouco eletrônica.
Útgarðr atingiu 94 pontos na escala de 100. Como música de destaque que resume bem a nova sonoridade da banda, para degustação, fica a sugestão de se ouvir Urjotun.
A Decepção: as cervejas do projeto All Together
“De boas intenções, o inferno está cheio” diz o ditado popular. De forma mais sofisticada, Sartre diz: “o inferno são os outros” na sua peça Huis Clos (Entre quatro paredes, na tradução brasileira).
A prova desses adágios foi o projeto cervejeiro mundial All Together. All Together foi uma cerveja elaborada pela cervejaria americana Other Half Brewing, a qual disponibilizou duas versões dessa cerveja: uma New England IPA e outra West Coast IPA.
As receitas estão abertas ao público e o objetivo é que cervejarias, no mundo inteiro, fabriquem a All Together e doem parte dos recursos gerados pelas vendas.
O site do projeto mostra em sua interface um mapa com a localização de 855 cervejarias participantes espalhadas por 53 países diferentes; 16 delas funcionam no Brasil (no total foram bem mais, que sequer constam no site).
Em teoria, uma ótima ação social, uma cerveja renomada mundialmente cede duas receitas e parte dos lucros auferidos deveriam ser doados para ajudar a reparar a crise econômica do COVID-19, destinando os valores às pessoas do meio cervejeiro que ficaram em dificuldade por causa dele (garçons, ajudantes, dentre outros).
O que poderia dar errado? (Quase) tudo eu diria… difícil é dizer o que deu certo, muito em virtude do silêncio sepulcral no mundo cervejeiro, afinal nenhuma cervejaria fez o mea culpa publicamente.
Tive o desprazer de provar aproximadamente 12 cervejas desse projeto, de cervejarias renomadas como Salvador, Dogma, Trilha, Everbrew, Octopus, HopMundi, até cervejarias mais simplórias, como Locals Only, Dom Haus e Cia Hop. E a classificação dessas cervejas pode ser dividida em: ruins, péssimas e impróprias para o consumo humano.
O que mais se viu foram alterações nas receitas dadas (uso de lúpulos de safras antigas e/ou barateamento de insumos), cervejas oxidadas, cervejas fora de estilo, cervejas com clorofenol (a famosa CloroquIPA que o gado adora, com aquele gostinho de água sanitária – aliás, algumas dela foram direto para o ralo e funcionaram melhor que Coca-Cola como desentupidor) e outros off-flavors inaceitáveis.
Em síntese, um show de horrores, não havia um padrão mínimo de qualidade a ser oferecido ao consumidor. 90% das cervejas desse projeto deveriam ter sido recolhidas e quem comprou deveria ser ressarcido. Esta é a verdadeira boa intenção que fracassou.
Quanto ao repasse de parte dos lucros, vi algumas cervejarias prestando contas e outras não – seria Mamon agindo? Então, se não há accountability (responsabilização pelo que foi feito) o projeto por si só é uma decepção.
O que se promete deve ser cumprido. Nota 0 para as cervejas e para o projeto no geral (para a execução, não para a ideia, que, aliás, é ótima).
Musicalmente, se eu fosse recomendar uma decepção a ser escutada (o que, obviamente, eu não faço, pois só dou boas dicas musicais a vocês) seria o álbum mais recente do Ozzy Orbourne, chamado Ordinary Man. Talvez o título indique o que o álbum é: ordinário. Coitado do Ozzy, está meio obsoleto, vai ter que ganhar o título Det Som Engang Var do ano.
A música menos ruinzinha é a faixa título (Ordinary Man), a qual o sir Elton John ajuda a salvar, tocando piano e cantando em dueto com o Madman. Numa escala de 100 pontos, ela ganha, com muita boa vontade, 20 pontos.
Certamente que esse foi um dos textos “mais autorais” já publicados nessa coluna (já dizia Kierkegaard: “a subjetividade é a verdade”[1]), e de certa forma um universo cervejeiro peculiar foi criado, com a difusão de termos como Det Som Engang Var para se referir a algo que já foi bom, ou o termo particular da ansiedade por lucros do nosso “querido” Mamon, as críticas ao Hype mercadológico, além de algumas outras pitadas “semi-filosóficas” aqui e ali.
Derradeiramente, o intuito foi fazer um apanhado de um ano todo, de mais de 400 cervejas degustadas e mais de 200 álbuns musicais ouvidos. Apresento-vos, portanto, a retrospectiva 2020: a nata da nata, ou o crème de la crème, em termos cervejeiros e musicais de 2020.
Este foi o TOP 5 do ano. E o seu qual seria? Concorda com esse? Tiraria alguma indicação? Acrescentaria alguma? Comentem se gostaram.
Desejamos um feliz 2021 a todos (vem vacina!)! E nos vemos de novo no ano que vem!
Saúde!
[1] KIERKEGAARD, Søren. Post Scriptum no científico y definitivo a “Migajas filosóficas”. Trad. Javier Teira e Nekane Legarreta. Salamanca: Ediciones Sígueme, 2010. p. 151.
“Hey, Kiddos! Ya wanna a balloon?”
Existem várias formas de degustar cervejas (e essa dica de hoje talvez sirva também para vinhos), maneiras mais ou menos complexas de se degustar que se encaixam com alguns propósitos pré-definidos.
Assim, há formas menos compromissadas, situações que pedem uma session, algo sem muita pompa ou predicados sofisticados. Outras vezes, podem existir degustações temáticas, apenas com IPA’s ou apenas Stouts, ou seguindo algum outro parâmetro como apenas Single Hops com algum lúpulo em específico. Há uma infinidade de possibilidades de se pensar uma degustação temática.
Hoje vamos falar de uma modalidade específica de degustação temática chamada de degustação vertical, e a cerveja escolhida para essa finalidade ilustrativa foi a barrel aged DIPA da cervejaria potiguar HopMundi, a Wynwood.
Para que se faça uma degustação vertical é necessário que se possua uma diferença significativa entre os lotes de uma mesma cerveja a ser degustada. Assim, é comum que se escolha cervejas que usam anos para identificar a “safra” designada. A expectativa com essa metodologia consiste em uma dupla abordagem.
Em primeiro plano, por se tratarem de cervejas barrel aged na maioria dos casos, espera-se avaliar e observar a evolução da integração entre as notas que o barril conferiu à cerveja e se essa integração acabou por se arredondar com o passar do tempo.
Essa mesma premissa vale para cervejas que não são envelhecidas, mas que possuem alguma particularidade na fermentação, e neste caso a levedura é capaz de se mostrar diferente ano a ano. Este é o caso da cerveja trapista Orval, que a cada ano possui uma particularidade em sua fermentação após a sua produção, sendo comum se fazer uma degustação vertical de 5 anos diversos.
Em segundo plano, a degustação vertical tem como objetivo elementar observar diferentes interações de barris de madeiras diferentes ou barris que continham destilados diversos, e que foram usados em “safras” diferentes, conferindo notas e sabores que variam ano a ano. Assim, é possível identificar como uma mesma cerveja base passa por diferentes interações a depender do barril que lhe serviu de guarda em sua maturação.
A cerveja escolhida para a degustação vertical da vez foi a Double India Pale Ale (Double IPA) da cervejaria HopMundi, uma cerveja que já existia desde a época de cervejaria caseira (que na época era maturada com chips embebidos em um famoso Tennessee Whisky que costumam beber misturado com Coca-Cola).
A receita foi aperfeiçoada e integrada ao portfólio profissional da cervejaria, e em novembro de 2019 foi lançada a primeira versão da Wynwood.
Ainda que não nomeada oficialmente de blended ou regular, essa versão passava por um processo de Dry Hopping (adição de lúpulo na etapa fria da produção da cerveja, que tende a conferir um perfil aromático mais intenso) e era “blendada”, adicionava-se uma parte de cerveja não maturada a uma proporção que havia sido envelhecida em barris de carvalho ex-Bourbon (ou seja, barris que anteriormente continham o destilado americano).
A opção por blendar e por fazer o Dry Hopping certamente consistia em dar uma maior drinkability à cerveja, ou seja, torna-la mais acessível, sem notas tão fortes do destilado.
A segunda versão da Wynwood ainda é “safrada” como 2019, ainda que já tenha sido lançada no auge da pandemia do COVID-19 em 2020, e ela recebeu o epíteto de “unblended”, ou seja, diferente da versão anterior, ela continha apenas o líquido previamente maturado nos barris ex-Bourbon, sem misturas.
A apresentação era simplesmente linda, com a arte gravada direto na garrafa e vedada com cera, um espetáculo. Nesse caso, a escolha por não blendar era ter uma cerveja mais próxima de todo o potencial que o barril era capaz de oferecer, um amadeirado mais intenso, um corpo menos intenso, mas notas bem mais marcantes.
A terceira versão profissional da Wynwood foi lançada recentemente e foi “safrada” como 2020. Diferentemente das versões anteriores, não foi envelhecida em barris ex-Bourbon, e sim, em barris ex-Whisky Japonês, uma escolha ousada, exótica, e diferente, que por si só já confere um caráter ímpar a essa cerveja, afinal de contas, não é algo que se vê todo dia, uma cerveja envelhecida em barris que um dia contiveram Whisky Japonês (que por si só já é um destilado incomum de ser encontrado no mercado brasileiro).
Conseguir realizar uma degustação vertical com as três versões da Wynwood não é apenas um prazer, é um privilégio. A princípio, porque guardar a Wynwood 2019 blended (ou regular) não foi uma das tarefas mais fáceis. Na época ela esgotou um tanto quanto rápido apesar de ter sido a cerveja do clube no mês em questão (novembro de 2019).
Ademais, não se sabia se haveria uma continuidade da série e tampouco poder-se-ia estimar se ela envelheceria bem em um ano, afinal de contas, IPA’s de um modo geral não seguram tão bem por tanto tempo assim, e por ser blendada o risco de que ela não envelhecesse tão bem e oxidasse bastante era alto. De toda forma, ela foi bem conservada e cumpriu seu propósito.
Guardar a versão unblended da Wynwood 2019 também não foi tão fácil porque sua produção foi bem limitada, ainda que algumas garrafas tenham até mesmo sido enviadas para comercialização em São Paulo e Minas Gerais. De toda maneira, era uma cerveja de acesso um tanto quanto limitado.
Com relação à sua durabilidade e resistência, foi um período bem menor que o enfrentado pela versão regular e ela estava bem melhor protegida pelo invólucro de cera (ainda que haja quem diga que isso é apenas “misticismo cervejeiro” e que a cera em nada protege ou influencia em uma menor oxidação).
A versão 2020 ainda se encontra disponível à venda no momento que vos escrevo. Para complementar a degustação, foi inserido um plus, uma dose de um Whisky Japonês Single Malt, o Suntory Yamazaki 12 anos, de tripla maturação em barris de carvalho americano, sendo eles: ex-Bourbon, ex-Sherry (Xerez); e em barris de uma madeira japonesa chamada Mizunara (dizem os críticos que barris de Mizunara confere notas de amargor e ressaltam notas de cevada no whisky).
Ao abrir as três cervejas ao mesmo tempo foi fantástico perceber como cada uma evoluiu de maneira diversa.
A versão 2019 regular manteve um perfil cítrico muito destacado, um corpo um pouco mais volumoso que a sua correlata 2019 (umblended, lançada em 2020), notas amadeiradas muito distantes, e o perfil ex-Bourbon bem contido, poucas notas de baunilha e coco.
No aroma, muito cítrica, com um perfil forte de laranja lima, o barril já pouco prevalece. No sabor, leve coco, maltado mediano, cítrica, tonalidades herbais bem amainadas, resinoso de baixa prevalência. Amargor baixo, corpo mediano.
Já a Wynwood 2019 unblended teve uma evolução com o barril mais singular, ainda reteve boa parte do amadeirado no aroma, um funky destacado, agregando notas levemente selvagens.
No sabor, um perfil caramelado mais destacado, amadeirado bem prevalente, muito coco e baunilha (se comparada com a outra versão), uma leve acidez, algo bem discreto e bem integrando, com um corpo mais baixo.
Denota-se a partir dessa análise como o barril acabou se integrando bem ao conjunto, e arredondando-se nesse espaço de tempo desde o seu lançamento.
A Wynwood 2020 por sua vez, também é um blend, mas com uma proporção maior de cerveja maturada em barris que a sua correlata de 2019 e sem Dry Hopping.
Por ter sido envasada recentemente, das três analisadas, ela é a que tem notas do barril em maior relevo, amadeirado mais intenso, e notas frutadas em primeiro plano.
Possui um amargor mais intenso também, e um dulçor maltado menos evidenciado, ainda que notas de baunilha e de coco sejam perceptíveis logo de imediato, combinadas com notas de cereais, em um corpo de intensidade médio-baixa.
Degustando-a de modo pareado com o mencionado Suntory Yamazaki 12 anos, percebe-se como o whisky agregou com notas frutadas, de baunilha e de cereais à cerveja, um espetáculo.
Degustações verticais costumam parear várias cervejas, então recomenda-se que elas sejam compartilhadas, sob pena de total incapacidade civil ao final da aventura, afinal, o teor alcoólico se avoluma e a ressaca é iminente.
É um privilégio poder fazer uma degustação como essa de uma cerveja do mais alto nível, que trabalhou de forma singular o envelhecimento nos mais diversos tipos de barril.
Notar a particularidade de cada uma e a sua evolução (afinal, cada uma delas já havia sido degustada anteriormente) é uma tarefa de grande acuidade, vendo também como o barril se integrou em cada um desses conjuntos, um grande esmero cervejeiro.
Finalizando, a dica musical para uma degustação pareada fica a música “Ressaca sem Fim” da banda Matanza, afinal é provável que esse seja o resultado de uma degustação vertical mais “intensa”.
Saúde!
Hey, Kiddos!
Hoje é dia da seção mais técnica da coluna, quando eu visto minha fantasia de Lulinha paz e amor (versão 2002) e falamos de algum estilo específico de cerveja. Geralmente algum estilo não tão conhecido, buscando trazer novas informações para os meus queridos leitores.
O estilo que será abordado e explanado hoje é conhecido como American Wild Ale, um estilo de cerveja ácido, selvagem (ui!), complexo, e, frequentemente, com adição de frutas.
Como regra geral, pode-se dizer, de modo bem básico, que é um tipo de Sour (ou uma variação turbinada dele), que, apesar de assemelhado com as Lambics (que é uma Denominação de Origem Controlada – DOC da Bélgica) e as Ouds belgas, delas se diferencia por motivos de métodos de produção e variação na fermentação.
O importante é denotar que as American Wild Ales estão ganhando cada vez mais espaço no mercado e mais cervejarias brasileiras se aventuram nesse estilo. Então, vamos se dedicar exclusivamente a ela na coluna de hoje.
A tradução direta do nome do estilo (American Wild Ale) para o português seria: “cerveja americana selvagem”.
No entanto, por mais que, por selvagem queira se indicar a fermentação espontânea (em detrimento das Lagers ou das demais Ales), o termo em comento não se orienta necessariamente para essa variação de fermentação (como as Lambics se direcionam, por exemplo), e, sim, pelo uso de outros micro-organismos no processo de fermentação, que não sejam do gênero Saccharomyces (no caso, para as Ales, a da espécie cerevisiæ).
De toda forma, a denominação American Wild Ale inclui uma miríade de cervejas que não se enquadram em outras classificações (usualmente europeias), e acabam sendo abarcadas por esse denominação mais ampla.
Assim, a cerveja base utilizada para a produção de uma American Wild Ale pode ser uma Berliner Weisse, uma Saison (Farmhouse), eventualmente, até mesmo uma Blonde Ale, de modo que a cerveja base é trabalhada, por meio da fermentação e da maturação em barris (ainda que essa etapa não seja obrigatória), até que se chegue à American Wild Ale.
Para que se alcance o elemento selvagem (Wild) dessa cerveja alguns tipos de levedura podem ser utilizados, como, por exemplo, a Brettanomyces bruxelensis, mais conhecida como Bretta, mas não é incomum que também se utilizem Pediococcus e Lactobacillus, leveduras iguais a usadas na clássica bebida da infância, o Yakult (que contém Lactobacillus vivos).
Tudo vai depender das características que se quer dar à cerveja. Com a Bretta se consegue um funky mais destacado, com notas cítricas, tonalidades esterificadas de abacaxi, e uma acidez sutil. Com Pediococcus obtém-se um azedume mais intenso, até mesmo um avinagrado (acético). Com os Lactobacillus se alcançam notas láticas mais proeminentes.
Essas são as características selvagens que esse estilo busca alcançar. Ainda que muitas outras leveduras diferentes dessas também possam habitar os barris onde a cerveja é maturada.
Esse estilo de cerveja vem crescendo bastante entre os beer geeks e, de modo geral, na cultura cervejeira.
No Brasil, várias cervejarias começam a se dedicar ao estilo, tendo pelo menos duas grandes cervejarias no cenário nacional, a Zalaz e a Cozalinda, que se dedicam exclusivamente a esse estilo, ainda que outras grandes, como a Dogma, também se aventurem nele, ainda que esporadicamente e sem uma recorrência tão grande como as outras duas citadas.
A Zalaz, por mais que tenha uma produção mais ampla e não totalmente focada nas American Wild Ales (pode se estimar que aproximadamente 80% de sua produção é nesse estilo), é uma das que mais vem se destacando, principalmente com a sua série Ybirá, que costuma blendar (caso não recorde o termo, clique AQUI e leia mais) e misturar várias cervejas já produzidas, aumentando ou diminuindo o teor wild em cada uma de suas produções a partir dos seus blends, com cervejas maturadas com outras não maturadas em barris, e também misturando os tipos de madeira utilizadas nos barris ou o líquido que anteriormente eles abrigavam.
A Zalaz orgulhosamente diz possuir um terroir próprio em suas cervejas, ou seja, uma denominação organoléptica de sabor e aroma que remetem instintiva e naturalmente às suas cervejas, em virtude das técnicas de produção e de fermentação de seus produtos.
Ainda que talvez soe um pouco prematuro em se falar em terroir próprio (uma associação sinestésica complexa, entre solo, métodos de produção, clima, leveduras e insumos de modo geral), é certo que a produção da Zalaz é de alto nível e suas cervejas, principalmente as American Wild Ales, são formidáveis.
A Cozalinda, diferentemente da Zalaz, não produz outro tipo de cervejas que não sejam American Wild Ales. A produção deles está em franca expansão e seus processos de blends são realmente valorosos e muito bem executados, haja vista que algumas de suas cervejas levam até dois anos maturando nos mais diversos barris que eles possuem em seu rol produtivo.
Eles também são conhecidos por experimentar bastante, usando barris compostos de diversos tipos de madeira, várias tostas diferentes na mesma construção material do barril, dentre algumas outras nuances associadas ao processo de envelhecimento que eles utilizam.
Eles não possuem uma distribuição muito forte em todo o Brasil, principalmente no Nordeste, onde raramente ela chega, mas isso não impede que a Cozalinda rompa os horizontes cervejeiros e a faça criações inusitadas de American Wild Ales.
Apesar de já terem uma parcela consolidada no mercado cervejeiro americano, as American Wild Ales começam agora a se desenvolver (lentamente) no Brasil, em parte porque a sua produção de fato é mais lenta (como citado, algumas cervejas da Cozalinda demoram 2 anos maturando) e demoram mais a chegar até o consumidor final.
Também por ser algo desconhecido e com características que afugentam o grande público à primeira vista (por seu caráter azedo, acético, às vezes, caprílico, com notas de estrebaria, por exemplo) sua aceitação ainda é reticente. Todavia, pode-se dizer que essa barreira também vem sendo quebrada, aos poucos.
No cenário local, podemos destacar a série Botanique, da cervejaria potiguar HopMundi, que, nesta série, dedica-se a criar American Wild Ales.
A série conta, atualmente, com 4 rótulos já lançados: Péche (com adição de pêssego), Vierge (American Wild Ale base, sem adição de frutas, apenas maturadas em barris de microflora própria), Rouge (maturada junto com mosto de vinho tinto feito com a varietal Cabernet Sauvignon), e Blanc (maturada junto com mosto de vinho branco feito com a varietal Chardonnay).
Uma ousada produção local e de alta qualidade de um estilo em franca expansão.
Importante destacar que o estilo, quando envelhecido (maturado) em barris não deve apresentar como característica predominante, nem no sabor nem o aroma, tonalidades amadeiradas. Isso seria considerado um desvio ao estilo padrão. Afinal o que se tenta extrair dessa maturação e desse envelhecimento é aquilo que a microflora do barril pode oferecer em termos de transformação bioquímica da cerveja, e não uma mera transposição do caráter terciário que o barril é capaz de imprimir (através da madeira – ou seja, um perfil amadeirado, com notas de coco e baunilha, por exemplo, comum a outros estilos de cerveja envelhecidas em barris).
Como todas as seções da coluna de hoje foram trechos da música Wild Child da banda americana de heavy metal W.A.S.P., deixo-a como recomendação de degustação para uma boa American Wild Ale:
“I’m a wild child, come and love me
I want you
My heart’s in exile I need you to touch me
‘Cause I want what you do”
Saúde!
Salve, lupulista!
Conta a teologia grega que a Esfinge foi criada pelos deuses Hera e Hades como punição pelos crimes cometidos pela cidade de Tebas. Posicionada às portas da cidade, ela lançava um enigma para todos os viajantes que ali passavam. Com a premissa “Decifra-me ou te devoro”, todos aqueles que não conseguiam matar a charada eram esmagados ou estrangulados para servirem de desjejum do monstro. Em contrapartida, quem acertasse a resposta se tornava livre para desbravar o restante de sua jornada.
E quando falamos do universo cervejeiro, o estilo que melhor simboliza a Esfinge é a famosa India Pale Ale, mais conhecida como IPA. Seu aroma frutado, textura resinosa e gole amargo, para muitos serve como o divisor entre o como-posso-ter-passado-tanto-tempo-sem-conhecer-essa-maravilha e o deus-me-livre-nunca-mais-quero-ver-isso-na-minha-frente.
Wood Aged IPA
Ou, pelo menos, servia. Hoje em dia, assim como a teologia grega, atribuir essas características como a definição de uma IPA ficou para a antiguidade.
Desde a popularização das cervejas ditas especiais, muitos subestilos foram lançados no mercado. É certo que ainda podemos encontrar por aí exemplos clássicos de IPAs americanas e inglesas, mas elas parecem rarear diante as suculentas New England, que também já ganharam seu público cativo, até outras variações como a India Black Ale, Belgian IPA, Brett IPA, White IPA, ou mesmo algo extravagante como Wood Aged, Milk Shake ou Mountain IPA.
Mountain IPA
É certo que, na atualidade, falar que aprecia a IPA é tão pouco específico quanto dizer que gosta de Rock. Vão existir os entusiastas dos estilos de raiz, e que torcem a cara para cada novidade que surge; vão existir aqueles ávidos pelo próximo elemento inusitado que será adicionado; e também aqueles que estão nessa só pela diversão. E ninguém está certo ou errado, obviamente. Nem aqueles que não têm a mínima vontade de se aventurar pelas portas de Tebas.
E você, caro confrade? É um apreciador de IPAs? Prefere as receitas mais clássicas ou se apaixonou por algu(ns) dos demais subestilos? Conhecia todas essas variações que falamos aqui? Olha que eu tentei resumir, porque ainda existem outras tantas. Comenta aqui embaixo e vamos continuar essa conversa. Bater um papo com uma boa cerveja já é incrível, e quando a própria cerveja é o assunto, melhor ainda!
Fique em casa. Se precisar sair não esquece da máscara… e Beba la revolución!
Mudei esse texto em cima da hora, eu ia falar de algo ligeiramente correlato, que também tangenciava o conceito de Hype (se não sabe o que é ou não lembra bem do que se trata, clique AQUI). Mas decidi fazer uma breve retrospectiva estilística que, de certa forma, também tem a ver com estilos (mais ou menos) hypados.
E nesse resgate (afinal, é final de ano, todo mundo adora uma retrospectiva), vamos passar por dois estilos modinhas, um que já morreu (Brut IPA) e outro que vem perdendo sua força paulatinamente (graças a Deus! – Pastries Stout e Sours).
Quando pensamos em junções que não podem dar certo, usualmente pensamos em Romeu e Julieta (tanto o romance quanto a “sobremesa”, ugh!), Vasco e Flamengo ou (P)MDB e PT…
Mas quem pensou que poderia juntar as Brut beer (um estilo frisante de cerveja, mais próximo ao espumante que ao conceito de cerveja tradicional) com as já estabelecidas IPA’s está de parabéns! Porque dessa improvável união não teria como vingar nada mesmo.
As Bruts parecem muito mais um espumante que uma cerveja. Quem já teve a oportunidade de degustar algo no estilo pode avalizar essa informação com garantias.
Aos mais desavisados, em um teste cego, se não for um grande conhecedor dos espumantes ou se nunca tiver sequer provado o estilo da Brut, uma passa pela outra desavisadamente, como se fossem um líquido da mesma classe, gênero ou espécie. Tomaria um pelo outro tranquilamente, em caso de desconhecimento.
Assim, percebe-se que Brut já não é um dos estilos cervejeiros mais acessíveis (no Brasil devem ter sido comercialmente feito, no máximo, umas 5 cervejas nesse estilo em toda a História) e muito menos um dos mais próximos ao que se tem ao arquétipo de “cerveja” (por mais que você seja acostumado a degustar estilos menos usuais e não tão próximos dos estilos de massa – American Lagers, por exemplo).
A ideia mercadológica era juntar a refrescância e o caráter frisante das Bruts com a lupulagem assertiva das IPAS, atendendo ao mantra comercial do: é tudo IPA!
Todavia, para o bem, o “deus” Mamon[1] (no original em hebraico: מָמוֹן), o “deus” (ou melhor dizendo, entidade demoníaca) da usura, da ganância e do mercado (aquele miraculoso ser invisível que aumenta sorrateiramente as margen$$$ dos produtos quando os intrépidos bons cervejeiros vão descansar após um dia árduo de trabalho), não foi tão bem sucedido em sua empreitada diabólica.
Algumas grandes cervejarias até tentaram, como a Dogma, lançar um produto como esse, mas a aceitação de um estilo que fosse ao mesmo tempo frisante e lupulado (cítrico e amargo) não caiu nas graças dos reis do camarote do untappd (pun intented). Para o bem de todos e felicidade geral da nação, esse estilo já foi sepultado e devidamente exorcizado, amém!
O movimento mercadológico mais “recente” e também mais agudo foi na direção das Pastries, ou como o nome alude, às sobremesas em forma de cerveja.
Coloquei como “recente” porque, tecnicamente, o uso de qualquer adjunto que remonte a uma sobremesa pode dar azo a se pensar em uma Pastry, e, nesse sentido, por exemplo, a cervejaria Tupiniquim já fazia sua série “Manjar” há uns 5 anos aproximadamente, adicionando quantidades generosas de coco e de chocolate à sua Stout. Na época, parecia ser algo inovador, ainda que bastante isolado. O resultado era ótimo, mas a história não se desenvolveu tão bem assim.
Certamente que, caso se compare as Pastries com as Brut IPA, o fracasso dessa última é retumbante, enquanto que as primeiras conseguem se manter no mercado já há algum tempo, e com alguns exemplos, até conseguem entregar boas cervejas.
Todavia, de uma maneira mais ampla, é correto dizer que as Pastry Stouts já não estão mais no seu auge, como aproximadamente um ano atrás, quando realmente eram febre.
Um dos motivos para que as Pastries não tenham sido calcinadas como as Brut IPA’s reside, principalmente, no fato de que a ideia da qual elas se originam não é algo atroz, na verdade, é até uma boa ideia, adicionar adjuntos para fazer com que as antigas RIS (Russian Imperial Stouts) ganhassem uma nova roupagem, fossem menos torradas, corpo mais alto ainda, dulçor mais proeminente e até mesmo adição de lactose para dar aquele tchan.
Os elementos constitutivos das Pastry Stouts são bons em sua “essência”, o problema é na execução. E a palavra “essência” ganha um significado além do posto por Sartre ao justificar seu existencialismo ao dizer que “a existência precede a essência” [2].
No caso das Pastries, a maioria dos adjuntos (ou seria a totalidade? Fica aí mais um questionamento filosófico) é colocado na forma de essências: de avelã, de baunilha, de coco, de cereja, do que quer que seja para agregar o caráter de sobremesa ao líquido sagrado.
O grande problema é que essas essências costumam dar um aspecto artificial e plastificado à cerveja. Seu uso, ainda que contido e comedido, deixa uma marca indelével nessas Stouts, que parecem ter sido dosadas por um robô, retirando boa parte do sabor natural que as cervejas poderiam ter.
Em síntese, a execução da maioria das Pastries acaba recaindo no mesmo problema: cervejas que são sugar bomb para matar diabéticos, essências artificiais e aquele mais do mesmo que já estamos acostumados. Next!
Felizmente, parece que a demanda por mais Pastry Stouts parece estar na descendente. Isso não quer dizer que todo dia seja lançada uma nova cerveja nesse estilo, mas que estão sendo mais comedidos, e tomara que isso ajude a maneirar no uso das famigeradas essências.
No entanto, Mamon é ardiloso (e pelo visto adora um doce!). Tanto que circulam algumas cervejas nomeadas de Pastry Sour, ou sobremesas azedas/ácidas (seja lá o que isso signifique em essência).
O ponto é que com o arrefecimento de se buscar mais e mais Pastry Stouts, o mercado se guiou para desenvolver a modinha das Sours alinhando-as àquela pegada Pastry (“doce doce, viver no planeta doce!”, cantaria Jô Soares).
Daí surgem cervejas carregadas na lactose, bem doces, e com alguma inserção de fruta para agregar à acidez típica das Sours, com um corpo mais elevado e com uma graduação alcoólica superior, para dar vazão à quantidade elevada de dulçor.
Por enquanto, as Pastries Sours ainda não vingaram, nem tiveram um desempenho semelhante ao das suas irmãs em doçura, as Pastry Stouts, ainda que estejam engatinhando sua entrada no mercado.
De toda maneira, não parecem ter uma ideia tão boa quanto foram as Pastry Stouts no começo, mas, há de se dizer, também não soam como uma aberração cervejeira, tal qual as Brut IPA sempre foram.
Oh Mamon! “deus” de tanta criatividade e perspicácia ímpar para inventar modinhas e demais apetrechos de hype! Por que nos trouxeste as Brut IPA? Não que alguém sinta falta delas. Trouxe também as Pastries, mas parece que esse afã também já está de passagem (para bem longe, tomara!).
E dizem que a próxima modinha a hypar vai ser a das Lagers… Bohemian, Czech, Vienna, Helles e demais Lagers mais leves (sem vez para as Bock, DoppelBock, Schwarzbier e assemelhadas… nessas Mamon não vai investir, sorry!).
Vamos rezar a Deus (mas para o Deus certo dessa vez) que essa nova modinha não vingue… e torcer para que os pajés, druidas, xamãs, videntes e magos cervejeiros não acertem seus sortilégios e previsões sobre a nova modinha das Lagers.
E como o papo hoje foi doce (Pastry até demais, eu diria), deixo de sugestão musical o clássico oitentista que embalou parte da trilha do especial infantil Plunct Plact Zum, na voz do versátil Jô Soares, vamos de “Planeta Doce”!
Cheers!
[1] Vide Lucas 16:13 e Mateus 6:19-24.
[2] SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. Trad. Vergílio Ferreira. São Paulo: Abril Cultural, 1978, p. 5.
Muito mais que um evento gastronômico, o festival Sabor Potiguar, que acontece de 4 a 13 de dezembro, em Natal, canaliza um movimento vivo de valorização da gastronomia do Rio Grande do Norte, da riqueza de nossa cultura, da diversidade e sabores próprios de nossa comida.
Promovido pelo Sebrae/RN e pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – ABRASEL, o evento reúne 20 estabelecimentos, entre restaurantes e bistrôs. Cada um criou receitas especiais usando produtos potiguares.
“Valorização gastronômica, gostar do que é nosso, valorizar nosso produto é muito importante. E isso ainda mais em um festival com vinte casas que montaram pratos com esses ingredientes, é fabuloso. A gente faz um movimento diferente, espontâneo, para valorizar isso tudo e, principalmente, perpetuar esse tipo de gastronomia num ano tão doloroso”, comenta ex-presidente seccional da Abrasel no Rio Grande do Norte, e atual conselheiro, Artur Fontes
Artur enaltece ainda a curadoria do Sabor Potiguar, a cargo da chef e pesquisadora Adriana Lucena. “Dá uma imponência ainda maior para o evento, em termos de valorização da nossa gastronomia, de riqueza cultural.”
Na próxima sexta-feira, dia 4, às 17h30, no canal oficial do Sebrae-RN no Youtube, Artur Fontes participa da mesa redonda “A comedoria natalense: de casa às peixadas, o que se come por aqui, juntamente com o superintendente do Sebrae/RN, Zeca Melo, o jornalista Vicente Serejo e a curadora Adriana Lucena.
Em pauta, o cenário gastronômico da Natal nas décadas de 1960/1970. “A gente percebe que Natal, principalmente, falando da capital, tem poucos traços próprios de culinária. Há muita herança do sertão, da carne de sol, coisas que vieram só interior potiguar. E é importante mapear.”
Participam do festival os restaurantes e bistrôs A Cozinharia, Agaricus, Brotar Cozinha Afetiva, Casa de Taipa, Cascudo Bistrô, Gennari Restaurante, Jabá Restaurante, Kale To Go, Lotus, Mamma Itália, Meu Barraco Boteco Bistrô, Nau Frutos do Mar, Paneer, Piazza Dei Fiori, Piazzale, Rapadura, Tábua de Carne, Vinhedos Bistrô e Zeh Cozinha.
Valorizar na prática os produtos do Rio Grande do Norte é fundamental na opinião de Artur Fontes, que também é chef de cozinha. Ele cita como exemplo o fato de se usar bastante salmão nos cardápios dos restaurantes natalenses, quando na verdade há uma oferta muito grande de atum de outros peixes de altíssima qualidade no rico litoral potiguar.
“Mas nós insistimos em usar produtos dolorizados, que demoram chegar e não chegam frescos. Nós precisamos entender mais o que tem aqui na nossa região, de frutas tropicais também, e passar a usá-las, até para sair um pouco da mesmice.”
Em tempos de pandemia, é bom ressaltar que o festival terá os pratos participantes nos próprios restaurantes – para quem já está frequentado os seus estabelecimentos preferidos – e através de delivery para quem prefere degustar as opções de casa mesmo.
No site do festival (www.festivalsaborpotiguar.com.br/) tem todas as informações sobre o evento, restaurantes participantes, vitrine de negócios, vídeos com oficinas orientadas pelos chefs de cada restaurante.
Quem nunca caiu num Black fraude que atire a primeira pedra! Será que seremos para sempre reféns de promoções mequetrefes ou do Celso Mussolini (Russomano) para fazer valer nossos direitos de consumidor? Triste constatar que Black Friday é algo que não existe, tal como Papai Noel ou paulistano que não adora um Tucanistão.
Brasileiro é um espécime engraçado mesmo, sofre de uma síndrome de vira-lata e adora importar coisas, seja capinha de celular da China pelo AliExpress ou festividades que não são suas, como o Black Friday norte-americano (nesse caso, esqueceram de importar também o feriado que a antecede, o Thanksgiving, ou, dia de ação de graças).
O ponto é que importamos certas “culturalidades” de uma maneira bem chinfrim, subalterna, mal feita e pela metade. Enquanto os americanos se empanturram de comidas, tendo como a base o peru, na quinta-feira que antecede à liquidação de estoque, nós apenas pagamos o pato de aceitar qualquer produto encalhado pela metade do dobro, e isso vale principalmente para os produtos cervejeiros.
Nessa última Black Friday eu vi de quase tudo: vi grandes cadeias de supermercado local aplicar 30% de desconto em cima do valor cheio de um produto que já estava quase 70% mais barato na véspera (e dizem que quem morre de véspera é o peru, mas, nesse caso, foi o desconto).
Vi site de entrega nacional tirando seu lucro (ou melhor, mantendo as suas margens) aumentando o valor do frete. Vi o Bro’s beer “bugando” pela milionésima vez em tempos de promoção. Vi cervejaria argumentando que não tinha sobra para pôr em promoção e pedindo “ajuda” para que os clientes comprassem pelo preço “normal”.
Vi aquelas manjadas publicações de cervejarias locais falando do “custo Bra$il”, que cerveja não é só lucro, é insumo, é imposto… é blah blah blah e mimimi também!
Só não vi mesmo foi promoção de verdade estilo Made in USA, algo entre 70-90% de promoção nas gôndolas da Macy’s. Isso eu não cheguei a ver.
Ou seja, o difícil mesmo foi ver promoção, eu até vi algumas boas, às vezes o frete não compensava, às vezes a cerveja era ruim mesmo e não valia a pena, às vezes era venda casada (teve cervejaria que condicionava o desconto ao consumidor ter que levar 6 unidades iguais da mesma cerveja! Que absurdo!).
Sempre tinha algum complicador, afinal de contas, a vida de quem vive de comprar suas próprias cervejas, ao invés de ganhar como alguns desses mega influencers nacionais, não é fácil.
Teve uma única Black Friday que, de fato, salvou-se, foi a da cervejaria Invicta, ainda que com um frete razoavelmente dispendioso. Essa promoção de Black Friday concedia o desconto igualitário de 50% em todo o portfólio da cervejaria e de algumas cervejarias parceiras que produzem como ciganas na planta da fábrica da Invicta, como a 2 Cabeças e a All Beers, para citar algumas das participantes da promoção.
Em virtude desse desconto expressivo, algumas das cervejas mais populares da linha de produção ativa da Invicta acabavam saindo por algo em torno de 7,50 covas rasas, sem o frete. Rótulos como a Hellbeirão, a Pilsen deles, ou a Damiana, uma “german IPA”, feita com o lúpulo tedesco Mandarina, eram uma dessas opções mais em conta.
O frete certamente era um elemento complicador, mas, a saída para esses casos são as compras coletivas, em que se reúnem muitas pessoas, 5 ou 6 geralmente, para dividir os custos do frete. Às vezes, como no caso da Salvador Brewing, o frete sai grátis (e elas chegam encaixotadas no isopor e com cooler). No caso da cervejaria Trilha, acima de um valor “X”, o frete passa a ser fixo.
Não foi o caso com o frete da compra da Invicta, mas, o valor de aproximadamente 3 reais de frete por cerveja foi algo salutar, dada a pujança da Black Friday feita, concedendo descontos de 50% de modo nivelado em todas as cervejas, não apenas aquelas que estavam encalhadas ou perto de vencer.
Esse é um dos subterfúgios ou estratagemas mais comuns às cervejarias: desovar o que não se consegue vender ou se livrar de produtos que estão com a data de vencimento muito próxima. Ainda bem que esse não foi o caso com a liquidação feita pela cervejaria Invicta.
Promoção é algo bom e todo mundo gosta. Promoção nacional ou importada, tanto faz. O problema é quando essas promoções dão azo a fraudes e enganações. Ou quando, por exemplo, impõem compra mínima ou venda casada (artigo 39, inciso I, do CDC neles Celso “Muçulmano”!). Brasileiro gosta mesmo é de ser enganado, e o que não faltou foi enganação, pseudo-descontos ou tudo pela metade do dobro.
Nesse vale tudo, quem sempre sai perdendo é o consumidor cervejeiro! Afinal, o que mais se viu foi aqueles descontos mambembes de 10 a 20% que não fazem nem cócegas nas margens reais de lucro que giram entre 200 a 300%… me engana mais que eu gosto.
Como o clima é de pesar, a recomendação musical tinha que ter Black no nome: o clássico Black Metal do Venom!
Cheers!
FOTO principal: www.mariacevada.com.br
Com o intento de apresentar mais um estilo não muito conhecido do grande público, e que também não possui tanto apelo nem entre os iniciados do meio cervejeiro, na coluna de hoje vamos abordar o estilo de origem inglesa denominado Barley Wine.
Etimologicamente, o termo remete ao vinho (Wine), podendo ser traduzido de maneira livre como “vinho de cevada”.
Por mais que historicamente tenha sua relevância, não creio que seja o mais adequado, já que, nem toda Barley Wine, necessariamente, lembra um “vinho”, ainda que esse termo comporte muitas acepções em sua variabilidade intrínseca.
Como já mencionado, a origem desse estilo é inglesa, e ele acaba se parecendo com outros estilos que possuem uma alta carga maltada, como, por exemplo, a old ale e a wee heavy.
Todavia, existem traços distintivos marcantes entre eles, e no geral, as Barley Wine sejam as mais conhecidas (dos 3 estilos mencionados).
Com o desenvolvimento cervejeiro do estilo, acabou-se criando uma variação das Barley Wine, denominada de American Barley Wine, sendo o estilo inicialmente concebido posteriormente chamado de English Barley Wine.
Foto: brutusbeer.com.br
A diferenciação básica entre esses dois ramos seria os tipos de lúpulos utilizados para a criação de cada uma, sendo as American Barley Wine feitas com lúpulos mais cítricos e por vezes de um herbal mais característico das cervejas americanas.
Ao passo que as English Barley Wine se caracterizam por uma lupulagem mais “tradicional”, puxando para o terroso, resinoso, e na maioria das vezes, até mesmo inerte, para que os maltes possam ser os protagonistas nesse estilo.
Particularmente, gosto mais da escola inglesa nesse caso, já que possuem uma solidez mais robusta em termos de produção desse estilo, com sua maltagem diferenciada e bem destacada, trazendo notas potentes e vibrantes, com bastante álcool e um corpo de características médio-alta.
Usualmente, os estilos com maior carga de maltes e menos carga de lúpulo tendem a envelhecer melhor. O potencial de guarda é medido a partir desses fatores e também combinados com a questão da gradação alcoólica da cerveja. Quanto mais ela dispuser de uma farta carga de maltes e um potencial alcoólico maior, mais recomendada é a sua guarda e mais longeva será a cerveja.
Obviamente, que nesse cálculo não se leva em consideração questões como armazenamento e oxidação, que poderão influenciar fortemente as possibilidades de guarda.
De toda forma, essas características, que estão bem presentes nas English Barley Wine, fazem com que elas sejam ótimas candidatas ao envelhecimento. Ou melhor dizendo, a um bom envelhecimento, que é aquele que potencializa as boas características da cerveja e que não sofre um decréscimo (exponencial) com uma eventual oxidação ou redução de suas características de lupulagem.
A partir daí, o envelhecimento em barris (maturação em barris, de maneira mais técnica) também surge como uma boa opção para agregar mais valor a um estilo de cerveja já bastante complexo. Como dito no primeiro texto dessa coluna, o trabalho de envelhecimento em barris é algo bastante delicado e complexo, e que pode gerar resultados bem expressivos quando aplicados a boas cervejas.
Aproveitando-se da exposição técnica do estilo Barley Wine, aproveito para fazer a análise sensorial de uma das melhores cervejas já tomadas no estilo, e certamente uma das melhores, se não a melhor, cerveja já feita em terras potiguares (ela entra até no meu top 5 nacional).
Trata-se da Gran Finale da Artorius. Infelizmente, como o nome alude, essa é a produção final da cervejaria em relevo, é o Swansong ou canto do cisne[1] (metaforicamente falando) dessa cervejaria que viveu pouco, mas produziu bastante.
A Gran Finale é uma English Barley Wine maturada em barris que anteriormente haviam armazenado vinho do porto. Não cheguei a provar a base, antes da maturação em barril, mas posso asseverar seguramente que já se tratava de um caldo de cevada bastante complexo. E após o embarrilhamento, a certeza é que a complexidade foi elevada a níveis absurdos.
O resultado foi simplesmente fantástico. Espetacular! Tudo muito equilibrado. No aroma, bem maltado, com o barril muito bem inserido, notas de vinho, castanhas e amadeirado elegante, leves tons de xerez. No sabor, muito mais xerez, maltado altíssimo, caramelado, frutas secas, cerejas, uvas passas, corpo médio e uma percepção alcoolica baixa, apesar dos 9,5% de ABV.
O nível de complexidade atingido pela Artorius é algo salutar, a Barley Wine degustada é dotada de várias camadas de sabores, muitos tons e de variância ímpar.
O barril confere notas bastante complexas, realmente lembrando um vinho do porto, com seu dulçor característico de vinho de sobremesa, leve oxidação, e corpo inconfundível. Quem já teve a oportunidade de degustar um bom vinho do porto logo identificará as notas semelhantes entre esses dois líquidos sagrados. Méritos para o cervejeiro que conseguiu tornar essa experiência sinérgica e única.
Esse exemplar foi adquirido diretamente com a cervejaria, ao valor de 40 Paulus Jegues comemorando o dólar a (mais de) 5 reais. No entanto, em virtude de ser um lote único e de produção limitada já está esgotado para a venda direta, podendo ainda ser encontrado no mercado a preços menos convidativos.
Contudo, dada a complexidade e o alto calibre dessa cerveja, e também seu potencial de guarda de mais de 10 anos, é certo que vale cada centavo, caso você ainda a encontre, mesmo que por um preço um pouco mais elevado.
Barley Wine é um estilo não muito popular, talvez pelo seu elevado teor alcoolico ou também por sua alta complexidade, não é o tipo de cerveja que se degusta na beira da piscina ou se bebe em doses cavalares numa dipsomania[2] apocalíptica como se todos os geradores de transmissão de energia da Cosern tivessem acabado de explodir (como aconteceu com a empresa privada do Amapá, a Isolux).
É um estilo que se recomenda degustar com parcimônia, com calma, em temperatura ambiente, sem nem precisar gelar muito (ou melhor, nem precisa gelar), para que se possa alcançar todas as notas mais complexas.
Derradeiramente, a Artorius parece estar encerrando suas atividades, o que é lastimável. Em virtude de ser seu Gran Finale, ou como dito anteriormente, seu Swansong, deixo como registro musical uma música do álbum “Swansong” da banda inglesa Carcass, chamada “Keep On Rotting in the Free World” (que seria a versão death metal da música do Neil Young, Keep on Rocking in a Free World, ainda que não seja um cover propriamente dito).
A curiosidade é que o Carcass chegou a acabar em 1996 (quando lançou esse álbum de despedida), mas retornou em 2013 e hoje permanece na ativa. Tomara que o mesmo ocorra com a Artorius, e um dia retorne para continuar fazendo cervejas fora da curva como a Gran Finale.
Cheers!
[1] Antes de morrer, o cisne “canta” uma última vez, conforme a fábula de Esopo, “O Ganso e o Cisne”
[2] Dipsomania é um estado de compulsão patológica por bebidas alcoolicas. Para se aprofundar sobre o tema recomendo a leitura de um artigo científico de minha autoria, denominado “Dipsomania: conceituação, direitos humanos e repercussões laborais”. Disponível AQUI.
FOTO de capa: www.hominilupulo.com.br
O objetivo primordial dessa coluna é informar e, também, trazer conteúdo sobre análises que envolvam o universo cervejeiro e suas mais diversas ramificações, sejam elas técnicas, sociais, econômicas, e até mesmo políticas, por que não? Então, o que esperar: análises imparciais (não passo pano para ninguém e elogio só quem merece) e ironia cortante (nem todo mundo alcança).
Reclamam que eu só escrevo para “criticar”, como se a “crítica” fosse algo “ruim” ou “pejorativo” – perdoai-vos Kant, os infiéis sequer sabem o que é uma “crítica”, talvez não tenha lido nem a Crítica da Razão Prática, nem a Crítica da Razão Pura (Magnum Opus) e muito menos a Crítica do Juízo (deveras relevante, já que nessa obra se fala o que é um “juízo de gosto”).
Para além dessa breve digressão introdutória, os ares de agora se focam no “oposto da crítica”, uma evolução tremenda para quem pede a “crítica da crítica” (SIC – seja lá o que for isso…). Vou me debruçar a desvelar um projeto bem legal da cervejaria potiguar HopMundi, que lançou uma série de Single Hops denominada de “I’m…”.
Eu particularmente sou um grande fã de Single Hops, especialmente quando elas servem a um propósito maior de trazer um conjunto de lúpulos e de agregar uma experiência mais didática a quem degusta as cervejas. Single Hops, para os neófitos é quando em uma cerveja se emprega apenas um único lúpulo, ou seja, single = único (singular) e hop = lúpulo.
Não é propriamente uma técnica, e sim uma escolha do cervejeiro em realçar determinadas características que aquele lúpulo em específico pode trazer, isolando-a, sem “blendar” (ou seja, misturar com outros lúpulos) para que suas características mais marcantes sejam mais nitidamente ressaltadas.
Quando se faz algumas cervejas Single Hop em série, tenta-se, ao mesmo tempo e usando a mesma base maltada (neutra) e mesma levedura, destacar as características de alguns lúpulos (geralmente recém lançados no mercado) e também dar certa unidade a uma degustação pareada das cervejas produzidas.
De um modo bastante interessante, se agrega características singulares dos lúpulos, mas, também dá uma maior possibilidade para que as cervejas sejam degustadas concomitantemente, e, assim, extraia-se uma experiência mais rica em demarcação de aromas e sabores, como também de suas aproximações.
A cervejaria natalense HopMundi foi responsável por 3 grandes Single Hops memoráveis lançadas esse ano.
Por mais que não seja algo inovador por si produzir Single Hops, tanto que a série Lover da Dogma foi o marco inicial do boom das NEIPAS no Brasil em 2015, a HopMundi teve o grande mérito (palmas!) de trazer alguns lúpulos ainda (quase) desconhecidos no Brasil.
A cervejaria também se utilizou pioneiramente do lúpulo Strata, já que foi a primeira Single Hop de Strata do Brasil na época de seu lançamento (março de 2020 – por mais que a Koala San Brew ignorasse esse fato e tenha, erroneamente, anunciado que sua Stratacaster era a primeira Single Hop de Strata).
A série I’m… é composta pela I’m Strata, I’m HBC586 e I’m HBC 692, cada uma sendo Single Hop do respectivo lúpulo. HBC é o acrônimo da empresa (Hop Breeding Company) que produz os lúpulos e ela simplesmente os nomeia numericamente, antes de conferir-lhes um nome comercial, daí se chamarem provisoriamente HBC 586 e HBC 692. Todavia, esse último já foi renomeado comercialmente como Talus.
I’m Strata foi a primeira a ser lançada, e trouxe o hypado lúpulo que apresentava características de muito “dank” (em uma tradução literal seria “úmido”, mas trata-se de uma percepção muito singular e de difícil descrição) e aromas próximos ao da Cannabis sativa (o lúpulo e a planta polêmica em questão são “primos”), algo que aumenta ainda mais o hype em torno do lúpulo em tela.
Na avaliação, a I’m Strata não decepcionou, com leves toques de frutas vermelhas, como morango e goiaba, citricidade mediana-baixa, e com grande destaque para tons herbais e florais, ela lembrava vagamente a planta adorada pelos Rastafáris, e sua complexidade absurda era o ponto alto.
A I’m HBC586 seguia a mesma linha inovadora da sua antecessora, e possuía um frutado intenso, com bastante frutas regionais como caju, seriguela, pitomba, mangaba e umbu. Seus tons herbais e florais eram tímidos, já que sua proposta era ser frutada. Era detentora de uma acidez contida e elegante, corpo mediano e amargor baixo, destacando-se precipuamente pela miscelânea de frutas (pouco usuais) em uma NEIPA.
A terceira e última da série foi a I’m HBC692 (nee Talus). Na análise técnica dela, tinha-se no aroma, frutado em primeiro plano, muito caju, seriguela e muito coco, herbal secundário. No sabor, leve picante, corpo juicy, frutado alto, com muito caju, carambola, leve tons de jaca, herbal e floral com pouco destaque, sendo seu amargor mediano.
Nessa cerveja, além de frutas pouco comuns, como a jaca, há um grande destaque para a percepção de coco, em específico, o coco verde, recém aberto, ou como alguns chamam, a “lama do coco” bem fresca, algo bastante singular e bastante inovador.
Já que toda postagem tem que ter sua polêmica (#ChoraHater), há de se dizer que na época em que foram lançadas cada cerveja saiu a aproximadamente 20 Bolsoringas, contando com as extras, um preço bem razoável outrora e não mais praticado hodiernamente – os experts vão dizer que é culpa do “custo Brasil”, já que aqui tem direitos trabalhistas demais…
Espero que não demore muito e os preços voltem a ser o que eram antes, sem que seja necessário que Boulos “invada” e estatize todas as fazendas de lúpulo do vale do Yakima[2] (contém ironia, ele não vai sequer “invadir” nem sua casa de 32m² do “Minha casa minha vida” que você comprou no Guajiru, quanto mais fazendas de lúpulo no noroeste americano).
A série “I’m…” foi marcante no desenvolvimento do cenário cervejeiro potiguar, diria que colocou a HopMundi em “otopatamar” para citar o grande “filósofo” rubro-negro Bruno Henrique #27.
A satisfação com esse projeto de Single Hops foi tão grande que em parceira com o professor Dr. Marcos Nascimento[3] (UFRN) fizemos uma análise técnica gráfica das 3 cervejas, quantificando de 0-10 os seguintes elementos: Citricidade, Dankness, Herbal, Floral, Acidez, Malte, Corpo e Amargor. O resultado dessa análise sensorial técnica pode ser conferido a seguir.
A boa notícia final é que a HopMundi já planeja mais uma série de Single Hops para o ano que vem, ou seja, mais coisa boa a caminho.
Por fim, já que o texto trata de uma parente da Cannabis, deixo como sugestão musical de degustação a minha música preferida do Bob Marley: “Iron Lion Zion”, já que não sou (nem nunca fui) usuário e acho o Planet Hemp bem simplório, musicalmente falando.
Chill out bro e Saúde!
[1] Se você é novo por aqui, entenda o que isso quer dizer vendo a primeira publicação dessa coluna.
[2] Maior região produtora de lúpulo dos Estados Unidos, responsável por 75% do plantio dos lúpulos americanos, localizada no Estado de Washington, noroeste dos EUA.
[3] Registro aqui o meu agradecimento ao prof. Marcos que gentilmente cedeu os gráficos de nossa análise para a publicação.
Hoje vou iniciar a coluna com alguns questionamentos que chegaram em um e-mail de marketing do e-commerce cervejeiro chamado Bros Beer: “de onde vem o hype de uma cerveja?” […] “Estaria o hype associado à qualidade da cerveja? Ou a sua limitação e escassez? Ou a sua nota no Untappd? Ou, ainda, ao fato de todo mundo a sua volta estar falando sobre ela? Talvez um pouco de cada coisa?”. Em uma resposta simples: sim, um pouco de cada coisa, mas, ainda, algo mais.
A origem do hype é algo que não se explica por si. A busca por algo “exótico” ou que todos querem é algo que não se limita apenas às cervejas. Isso é algo bem óbvio, mas em um determinado meio, no caso, o dos beergeeks ou cervejeiros nerds, por assim dizer, essa ânsia pelo novo transcende alguns limites.
De modo sociológico, o hype nada mais é do que o próprio fetiche pela mercadoria – sim, o grande Carlos Marques, vulgo, Karl Marx, está certo sim, amiguinho; você vai pagar caro por algo que não precisa e que nem vale tudo aquilo só porque foi alienado do resultado da sua práxis – já que o valor de troca supera em muito o valor da mercadoria (são margens de 200% ou mais).
Ou será que alguém acha razoável pagar 50 coronavacs (ou quase 10 bidens) numa NEIPA? Não existe malabarismo ou ginástica hermenêutica que justifique esse valor, nem a qualidade nem a performance justificam isso. E nem caiam na ilusão que “você não está pagando pela cerveja, você está pagando (CARO!!!) pela experiência”. Alguém ainda cai nesse engodo? Espero que vocês já tenham superado esse marketing de pseudo-coach-quântico-de-internet.
Existe outro argumento que tenta dar murro em ponta de faca dizendo: tal cervejaria é hypada porque usa melhores insumos, coisa importada, lúpulo fresco plantado nas planícies do Idaho ou no pé da montanha que filmaram o Senhor dos Anéis na Nova Zelândia (o lúpulo de Mordor deve ser o melhor).
Aí você pesquisa mais um pouco, e tem cervejaria local vendendo NEIPA mais caro que (Pastry) Russian Imperial Stout. Enfim, a hipocrisia (já que sai exorbitantemente mais caro fazer uma RIS meia boca que uma NEIPA ótima). Então qualidade não é um critério.
Os filhotes do livre-mercado costumam dizer que cada um é livre para escolher a cervejaria que quiser, e que se tal cervejaria é cara e hypada, que se escolha outra. Adoro o elitismo de quem lucra com isso, mas, deixando a ironia de lado, não é uma simples questão de escolher uma outra mais barata e sim promover um verdadeiro cancelamento das hypadas.
Em síntese, não basta simplesmente não comprar tal cerveja de tal cervejaria hypada, e aqui, vamos dar nome aos bois: Koala San Brew e Spartacus Brewing, duas cervejarias hypadas, caríssimas, e que pouco estão ligando para acessibilidade de seu produto.
Engraçado que ambas são de Minas Gerais e se orgulham de ter técnicas inovadoras, usar lúpulos super frescos, etc etc. Todo aquele discurso marqueteiro que todos conhecem e que não justifica o preço excruciante que elas praticam. Talvez MG tenha sido anexada aos EUA e ainda não nos comunicaram, já que os valores praticados por elas são destoantes com o restante do mercado. Inclusive sua concorrente direta pelo posto de melhor cervejaria nacional, a Dogma, pratica valores bem mais abaixo, algo entre 10 a 15% (há um tempo atrás chegava a ser até 25% mais barata). Mas, como sempre, o hype justifica tudo (para quem acredita nele).
Poderia citar outras cervejas do mesmo talante das mineiras, como a Salvador, que dá frete grátis e tem um produto similar a R$ 34,75 a lata, com envio refrigerado (às vezes a lata ainda chega gelada, e olhe que eles mandam lá do Rio Grande do Sul).
Enfim, alternativas existem, o que é necessário fazer é cancelar cervejarias como a KSB e a Spartacus que praticam preços absurdos e até mesmo incentivam o hype para se locupletar, e já tiveram o despautério de ir às redes sociais de alguns consumidores questionar certos reviews que não lhe conferiam o valor que elas achavam devido. Em outras palavras, consumidores que não embarcaram no hype.
Não vou embarcar na modinha neoliberal de alguns beer influencers que souberam Von Mises, Hayek ou Hoppe ontem indicados por algum vídeo de Youtube do “Olavo de Cavalo” e querem justificar tudo pela escassez. Aliás, algumas cervejas hypadas chegam até a encalhar, o exemplo mais recente é a “No Brainer” da KSB, que entrou em “promoção” em alguns e-commerce, ou seja, a limitação e a escassez não são o elemento prevalente no psicologismo do hype. Talvez a falsa sensação de que o produto é limitado contribua para isso, mas é apenas mais um joguinho mental de quem quer te cobrar mais caro pelo produto vendido.
De outra banda, temos o Untappd, um aplicativo que serve para avaliar cervejas, e os usuários podem deixar suas notas, impressões gerais e até foto da breja consumida.
Eu, particularmente, sou um entusiasta da ferramenta, até costumo pesquisar nela antes de adquirir alguma cerveja, mas a nota em abstrato não me representa muita coisa. Procuro me guiar mais por comentários e avaliações que tendam a ser mais técnicas, sejam de amigos ou dos demais usuários.
O hype se arvora nas notas dadas no Untappd, isso é algo facilmente perceptível, haja vista que o próprio site do Bros, mencionado no início, já fez propaganda da Spartacus (olha, mas que coincidência), dizendo: “Spartacus FWIW | Lançamento em 1ª mão | Limitado 4un por pessoa | rating 4,65 [de um máximo de 5]. Olha só o nível dos feedbacks:” e após isso colava alguns check-ins do Untappd.
No entanto, até aquele momento, a cerveja sequer contava com 60 check-ins, um número estatisticamente irrelevante para se traçar qualquer julgamento com base apenas na nota. Então, podemos concluir que essa publicidade era mero hype ancorado no Untappd.
Sim, o hype é real, precisamos conhecê-lo e até mesmo fugir dele. Todas as cervejarias em maior ou menor escala tentam hypar seus produtos, sejam elas nacionais ou locais. Sejam de MG ou do RN. O hype é onipresente. A saída é o cancelamento (foi assim que procedi com a Spartacus e a KSB a preços “normais”).
Para finalizar, deixo como sugestão musical para degustação de uma cerveja não-hypada o clássico do System of a Down, “Fuck the System”. O hype é o sistema, não olvidem.
FOTO: facebook da KSB
Vamos inaugurar hoje uma nova seção temática nessa coluna, denominada Conhecendo Estilos. Na coluna inaugural falaremos da Yam Beer, também conhecida como “Pumpkin Spice Beer” (no Brewers Association Guide) ou “(Pumkpin) Autumn Seasonal Beer” (No BJCP), ou simplesmente, Pumpkin Ale.
A Pumpkin Ale, ainda que não muito difundida no Brasil, é mais apreciada nos EUA, onde o Halloween é um “feriado” (data festiva eu diria) mais popular, com sua decoração, seus folguedos populares (Trick or Treat? Doce ou Travessura?), e também, sua cerveja.
FOTO: Ethan Calabrese
O Halloween, a corruptela de All Hallows Eve, ao pé da letra, a “noite de todos os santos”, popularmente conhecida por nós como “Dia das Bruxas”, comemorado no dia 31 de outubro, uma reminiscência do antigo Samhain (sendo que sua data é em 30 de abril), que também é um rito de passagem.
Para os “não-pagãos”, como eu, um existencialista cristão, a data de 31 de outubro, também simboliza a Reforma Protestante advinda das 95 teses de Lutero (os “protestantes raiz” também são adeptos de uma boa cerveja para suas comemorações festivas, ainda que mais relacionadas aos estilos alemães).
Mas, se você é terrivelmente evangélico (como diria o mentecapto do Poder Executivo), esse texto não é para você, já que nem uma Yam Beer (do Halloween), nem qualquer outra cerveja (Ein Prosit der Wiederherstellung – Um viva à Reforma) lhes será adequada, retroceda.
A Pumpkin Ale não tem como regra necessariamente conter abóbora (Cucurbita pepo) em sua composição. Por mais que seja um ícone do Halloween (eternizada nos Jack-o’-lantern – abóbora iluminada feita como enfeite para o Dia das Bruxas), esse ingrediente pode ou não estar presente na composição das cervejas desse estilo.
Na verdade, a obrigatoriedade do estilo é outra: a cerveja deve ser necessariamente condimentada. Os condimentos também não seguem nenhuma regra muito rígida de receita, e tendem a incluir, geralmente, canela, gengibre, noz-moscada, cravo.
Dadas as infinidades de condimentos possíveis de serem utilizados, não raramente são encontrados alguns exemplares de Pumpkin Ale com coentro, cardamomo, sálvia, pimenta-do-reino e até casca de laranja para dar um toque diferenciado na cerveja.
Seu aspecto tende a ter uma coloração mais alarajanda, variando em tonalidades, desde as mais claras até algumas bem escuras. No geral, são cervejas bem equilibradas, sem nenhum destaque maior ao maltado ou ao lupulado, usualmente tendente ao terroso ou ao resinoso em alguns casos, mas sempre tentando manter uma tendência mais neutra, para que os condimentos possam ter seu lugar de brilho.
No Brasil, abóbora é conhecida como jerimum em alguns estados, inclusive no Rio Grande do Norte. Em virtude dessa particularidade, e para comemorar o Halloween com uma cerveja no estilo apropriado, a Jerimoon, da cervejaria Bier Hoff, foi a escolhida para tal evento.
Ela é uma cerveja bastante condimentada, como o próprio estilo pede em suas credenciais. Na receita, ela leva abóbora e aroma de canela, cravo, gengibre, noz moscada e pimenta da Jamaica.
É uma cerveja de fácil acesso, encontrada em grandes redes de supermercado, a qual já tive a oportunidade de degustar por seis vezes. Tem um valor relativamente acessível, na casa dos 10/15 reais.
Apesar de uma quase infinidade de condimentos utilizados, ela consegue ser bem equilibrada, fazendo com que nenhum deles ressalte tanto (talvez a noz-moscada ganhe algum destaque a mais, mas nada que interfira nos demais elementos). Isso faz com que todos os adjuntos possam ser percebidos e apreciados com o seu devido valor. Inclusive, até o jerimum, ou melhor, algo parecido com doce de abóbora pode ser percebido no sabor, dando um leve dulçor agradável ao conjunto, complementado por uma finalização levemente terrosa da lupulagem.
Derradeiramente, podemos concluir que Yam Beer não é algo muito usual, já que culturalmente não estamos tão ligados assim ao Halloween, nem aos costumes que a ele são remetidos historicamente. Todavia, é um estilo bastante interessante, pouco usual, equilibrado, e não tão difícil de ser encontrado até mesmo em uma gôndola de supermercado.
Assim, não posso deixar de recomendar que, caso encontre uma Pumpkin Ale, por um preço acessível, não deixe de se aventurar por essa bebida “típica” do Halloween, ao menos para os cervejeiros que a degustam.
Como recomendação musical para esse dia de Halloween e para degustar uma cerveja apropriada para esse dia, não poderia deixar de indicar uma banda que o próprio nome faz jus à festa: a banda alemã Helloween. E a música indicada não poderia ser outra: Halloween do segundo álbum lançado pela banda alemã de power metal, em 1987, nomeado: Keeper of the Seven Keys Part 1.
“Ah! It’s Halloween
Ah! It’s Halloween… tonight!”
Saúde, e bom Halloween a todos!
Boo!!!
Gostaria de começar o texto de hoje com uma pergunta recorrente, entre amigos, seguidores, e do público que consome cerveja em geral: clubes de cerveja valem a pena? A resposta curta e simples é: não. Mas, vamos chegar até o porquê desse não.
Existem clubes de cerveja de todas as envergaduras e para todos os gostos. Existem clubes nacionais e clubes locais.
A ideia básica de todos eles é fazer uma seleção mista de cervejas, tentar baratear o frete para o assinante e também conceder alguma benesse, seja desconto no portfólio do site, brinde, ou copos e outros colecionáveis ao assinante.
As opções variam em função da quantidade de cervejas, se elas se repetem ou não dentro da assinatura mensal e se o frete concedido realmente é grátis. Essas são as premissas básicas de todos os clubes
Eu já fui sócio do antigo Clubeer, que depois virou Wbeer e por fim foi incorporado ao Clube do Malte, que também já tinha seu próprio clube (e eu fui assinante também), concomitantemente aos outros citados.
O Wbeer/Clubeer era relativamente bom, tinha frete grátis, a seleção das cervejas não era espetacular, mas no período da copa do mundo de 2018, os assinantes do clube tiveram acessos à ótimas cervejas por um preço muito baixo (na época compensou demais pagar 9 reais numa Perigosa da Bodebrown), cancelei pouco antes de o Clube do Malte o adquirir.
Já o Clube do Malte, por alguns apelidado jocosamente de Clube da Fraude, sempre foi bem ruim, péssima seleção de cervejas do mês, muito caro, frete alto, e ainda vinha com uns copos de imitação de cervejas gringas, ou seja, uma lástima. Cancelei há tempos.
Ultimamente, estava assinando apenas o clube da Wäls, chamado de MadLab, o clube local da HopMundi, chamado de HopMundi Experience, e o Barrel Club da Trilha, que até esse ano era exclusivíssimo, pois eles sequer enviavam para fora de São Paulo.
O MadLab sempre foi bom (cervejas realmente exclusivas), mas foi abruptamente encerrado unilateralmente pela Wäls no início da pandemia, sem qualquer aviso prévio ao assinante, algo que não surpreende, já que a lida com o cliente por parte da Wäls é horrenda.
Ainda permaneço como assinante do HopMundi Experience e com o da Trilha. Para além desses citados, em âmbito nacional, existe também o do Boxer Beers, que segue a mesma fórmula, mas eu nunca assinei, posso apenas opinar abstratamente.
Em regra, os clubes de cerveja não dão a possibilidade de escolher as cervejas do mês. Dentro dos planos oferecidos, o assinante pode opinar pela quantidade total de cervejas, e, por vezes, pode optar se são cervejas mais “básicas” ou mais “premium”, dentre algumas nuances.
Mas, a regra é não se optar o que se está adquirindo, ou seja, isso acaba sendo por terceirizar a escolha do consumidor. O problema nessa terceirização (e em qualquer forma de terceirização eu diria) é que se perde o controle do que está sendo feito. Você não sabe exatamente o valor que se está pagando por cada cerveja, ou quanto pagaria se a adquirisse por fora do clube, delegando a escolha a outrem e pagando um valor bem alto por esse tipo de serviço.
O valor pago acaba não compensando, principalmente, se, unitariamente, o próprio consumidor fosse atrás das cervejas, por estilo que mais lhe apeteçam, ainda que pagando frete.
Um dos clubes que ainda mantenho é o da HopMundi Experience, na modalidade anual (12x iguais, ganhei uma taça ISSO da marca), com 4 cervejas iguais, saindo por R$ 18,75 cada.
Ainda o mantenho por comodidade, porque certamente não há mais a exclusividade de outrora, nem quanto ao recebimento (parte da produção é em São Paulo), nem quanto às próprias cervejas, já que a maioria delas é vendida nos PDVs locais (Clube da Gela, Minha Cantina, Premium Express) por preços muito semelhantes (por vezes, mais barata até).
Quando os lançamentos não são prioritários para os membros do clube e as vantagens financeiras não são expressivas, o consumidor se sente preterido e o clube passa a ter pouco sentido.
Algo semelhante pode ser dito sobre o Barrel Club da Trilha, mas ainda não tomei a decisão de cancelar ou não, já que a oferta deles ainda é bem limitada.
Por hoje, não haverá análise sensorial de nenhuma cerveja, mas há de se encerrar que a melhor opinião é sempre a sua própria. Em certo sentido, esse é o conceito primordial de autonomia.
Então, ao invés de delegar a escolha a um clube de cerveja, adquirindo cervejas de não tão boa qualidade por um preço não tão atrativo, melhor você mesmo pesquisar e montar a sua carta do que beber durante o mês.
Recomendação musical para a análise dos clubes, um trecho profundo dessa letra, que serve para muitas outras coisas na vida: “So, is knowledge a friend or a foe? ‘Cause you don’t suffer from what you don’t know”: Vintersorg – The Essence.
Saúde!
Foto: Luís C. Kriewall Filho/Especial
Seria um lugar comum dizer que cerveja artesanal é um produto caro. Mas é desse lugar comum que eu gostaria de partir hoje. É uma obviedade ululante: cerveja artesanal não é barata. Nunca foi, não é, e nunca será. Se há um não ser cervejeiro, é não ser barata.
Isso contribui para um certo elitismo, algo que é dado mesmo entre as cervejas mais comuns, ditas de massa. Ou quem nunca participou de uma discussão de mesa de bar para provar que Skol (ou Heineken ou insira o nome de sua cerveja de massa favorita aqui) é superior/melhor que Schin, Itaipava ou Glacial (para citar três odiosos exemplares). Mais um lugar comum nessa análise.
Mas, gostaria de trazer o exemplo inverso, de quando uma cerveja artesanal não sai (tão) cara assim. E sem fazer propaganda diretamente, mas já fazendo de modo involuntário, temos no dia de hoje, sendo vendida em uma grande rede de supermercados da cidade do Natal, o nordeste no aumentativo, a “Sofie”.
A Sofie é uma Farmhouse Ale (ou Saison – pronuncia-se “cêzôn” –, como queiram) da Goose Island, cervejaria que integra o portfólio da AmBev, por singelos R$ 7,99, menos que uma nota de arara.
Tudo bem, é o segundo ensaio e pela segunda vez eu menciono a AmBev, e mais uma vez tenho que dizer que a Goose Island também não perdeu qualidade ao ser adquirida pela megacorporação, e não se enquadra no conceito de Det Som Engang Var (se você não conhece esse conceito, volte duas casas e leia o meu ensaio anterior).
Mais que isso, pelo preço pelo qual ela está sendo vendida, ela é uma verdadeira barganha. E a Sofie está sendo vendida por esse valor porque está próxima ao vencimento, que a rigor, no rótulo é 03/12/2020, já que essa é a versão de 2015.
Todavia, vencimento no Brasil é algo meramente legalista e formal, não reflete o potencial de guarda ou duração de uma cerveja (uma NEIPA pode ficar ruim antes do prazo de vencimento, ao passo que uma cerveja como a Sofie pode durar vários anos “após vencer”, ou seja, depende do estilo, do armazenamento, transporte, etc.).
Uma cerveja como a Sofie é um verdadeiro investimento de longo prazo porque certamente ela aguenta sem grandes percalços de aroma e sabor pelo menos mais 5 anos, quiçá mais tempo.
Levando-se em conta o enquadramento econômico de crise global pela pandemia do Covid-19, e que o dólar está custando exatamente 5,65 notas de beija-flor dentro da cueca de um senador na cotação do dia, a Sofie está custando $ 1,41 unidades de Trump perdendo a eleição. Um preço que talvez nem seja encontrado caso se tente comprar em um supermercado norte-americano. Em Chicago, IL, onde ela é produzida, a unidade deve custar em torno de $ 1,60 dólares no 6 pack.
O contexto dado revela que, nem sempre, uma cerveja artesanal de uma qualidade altíssima como a Sofie vai custar um valor inacessível. Pelo contrário, eu recomendo que, quem puder, estoque essas cervejas, pois, daqui a 5 anos, $ 1,41 dólares certamente não valerá menos que 20 reais (que é o preço regular, pelo qual ela era vendida no supermercado em questão).
Ou seja, esse é o verdadeiro hedge cervejeiro como forma de proteção diante da desvalorização cambial.
Para finalizar, gostaria de fazer uma breve análise sensorial da Sofie. Acho sempre válido ter em mente o que as cervejas podem oferecer em termos gustativos.
Então, no aroma, percebe-se claramente tons cítricos, alaranjados, complementados por uma condimentação característica do estilo (notas de cardamomo e coentro), levemente apimentada.
No sabor, destaca-se seu corpo frisante, lembrando vagamente a aparência gustativa de um espumante, leves notas amanteigadas e de baunilha, fechadas por uma leve salinidade na finalização, acompanhada de mais tons cítricos.
A nota final é um espetacular 9, levando-se em conta o custo-benefício imbatível dessa cerveja, bem como toda a carga representativa de um estilo não tão difundido e também a sua acessibilidade, tanto em termos de valor nominal de venda, como de local para ser adquirida.
Recomendação musical para a degustação: Jessie J – Price Tag.
Diz a letra “Money can’t buy us happiness”, mas se você buscar bem, compra boas cervejas, sem precisar ser elitista!
Saúde!
Ps. Certamente, R$ 7,99, não é exatamente barato, mas, é o equivalente a quase 2 Heinekens, é só fazer a troca. Beba menos, mas beba melhor!
[1] Hedge é um instrumento que visa a proteção dos riscos oferecidos pelas oscilações do mercado financeiro.
Falar de cervejas, em específico, das artesanais, ou especiais, como preferirem, é sempre um desafio, e também um prazer. Falar de modo livre e abrangente, até certo ponto, é algo mais fácil, por possibilitar que as ideias fluam de uma maneira mais natural, por assim, dizer.
No entanto, em todas as degustações que eu faço sempre tento ter algum foco na análise. Algo que faça com que as cervejas e/ou a comida que as acompanham (que “harmoniza” com elas) tenha alguma combinação em especial.
Portanto, tendo esse norte, apresento-lhes uma das duas cervejas degustadas no último final de semana. Na verdade, trata-se da mesma cerveja, a “Niobium”, uma West Coast IPA da cervejaria Wäls do mega grupo da AmBev.
Os mais puristas dirão que a Wäls não é nem sombra daquilo que um dia ela foi (eu também gosto de usar esse termo, o qual sempre me lembra a música icônica do grupo de Black Metal Norueguês Burzum, chamada “Det Som Engang Var”, que, traduzida ao pé da letra, quer dizer: “aquilo que um dia foi”).
Todavia, a Niobium, em especial ela e a sua variante barricada degustada em paralelo, não entram no meu conceito de cervejas ou cervejarias “Det Som Engang Var”, pelo contrário, possuem as mesmas características que um dia a tornaram especial (tomando-se por base que nos meus alfarrábios do Untappd, aplicativo que eu uso para registrar minhas degustações, a primeira vez que degustei a versão “regular” e não barricada da Niobium foi em 8 de agosto de 2015).
Pois bem, indo direto ao que interessa, a degustação em apreço foi pensada para que se pudesse observar a variação que o barril foi capaz de conferir à versão envelhecida da Niobium, exemplar exclusivo do clube de assinatura da própria Wäls, chamado “MadLab”, nomeada de “Niobiumdemissouri”, degustada pela primeira vez em 8 de fevereiro de 2019, dois meses após seu lançamento.
A princípio, ela estava com o barril muito acentuado, ou seja, notas de madeira muito fortes, o que me levou a deixá-la guardada por pelo menos mais um ano e meio, ainda que seu “vencimento” tenha se dado em janeiro de 2020, um mero requisito legal, já que uma cerveja dessa não “vence” no sentido comum do termo. E não ficou imprópria para consumo, por mais que já estejamos em outubro.
O intento, portanto, metodologicamente, era ter um exemplar da versão barricada mais amaciado, em contraposição a uma Niobium regular ainda sem que tenha se vencido, para que uma demonstrasse a versão mais crua e mais lupulada da cerveja (a versão regular ainda no vencimento) e a outra fosse a versão barricada amaciada, um pouco mais envelhecida, e menos agressiva em seu amadeirado.
A hipótese de fato se concretizou, ainda que não por inteiro. A Niobiumdemissouri ainda apresentou notas amadeiradas muito evidenciadas. Se eu esperasse mais dois anos para abri-la não seria nenhum exagero, tenho plena certeza.
No entanto, ela realmente deu uma amaciada com o tempo, o barril, ainda que intenso, não estava agressivo, ainda que notas comuns de barris ex-Bourbon, não estivessem tão sobressaltadas, tais como coco, baunilha e notas assemelhadas.
O que se viu, foram notas herbais bem definidas e evidenciadas, notas de boldo, erva-mate, anis e erva-cidreira foram o tom mais preponderante, após o amadeirado evidente, é claro. E a contraposição feita à Niobium regular, com seus leves tons cítricos, maltado caramelado destacado e seu herbal presente, ainda que sem notas fortes de ervas que remetam a chá, foi de grande valia.
A Niobium regular tendia mais ao pinho e ao resinoso, enquanto que a sua versão envelhecida trazia essas notas de ervas mais evidenciadas, principalmente o boldo, algo não tão comum em IPA’s. Aliás, não tão comum em cervejas no geral, sendo uma experiência bastante singular conseguir encontrá-las nesse exemplar envelhecido.
Certamente, pode-se dizer que a diferença entre as duas é gritante, e isso era algo sabido desde o início da degustação. A nota a elas atribuídas não pode ser dada em um comparativo direito, e sim em uma analogia evolutiva de uma mesma cerveja, que recebeu um tratamento diferenciado para se tornar o que ela é após o processo de envelhecimento.
Assim, sendo, certamente que a versão regular da Niobium é bem “simplória” em um comparativo direito, mas, para os fins por ora perseguidos, ela serviu perfeitamente, sendo o ponto de partida essencial para a comparação.
É sempre uma ótima experiência essas impressões comparativas entre versões diferentes de uma mesma cerveja. Mesmo sem pertencer ao mesmo lote (e exigir isso realmente seria de um rigor científico infactível para um degustador profissional, quiçá para o mero mortal que vos escreve), são capazes de mostrar nuances que aproximam e que também se distanciam de um mesmo ideal de uma WC IPA bem executada, ainda que com propósitos diferentes.
A nota final é 7,5 para a versão regular da Niobium e 8,5 para a versão envelhecida, a Niobiumdemissouri. Caso alguém ainda tenha a versão barricada, recomendo a degustação pareada, embora ela seja algo difícil de se conseguir, já que sua produção foi limitada ao clube do MadLab.
Recomendação musical para a degustação: Buzum – Det Som Engang Var, para mostrar que a Niobium nem a Wäls se enquadram no conceito proposto.
Saúde!
Para marcar a chegada do verão, a badalada Praia da Pipa receberá, de 6 a 15 de dezembro, o Sabores da Pipa – Festival Gastronômico. Reunindo vários atrativos da culinária regional e contemporânea, o festival vai acontecer em hotéis, bares e restaurantes da Pipa, trazendo o conceito da gastronomia Km0 (quilômetro zero).
A convite do Convention Bureau e da Associação Hoteleira de Pipa e Tibau do Sul, Juçara Figueiredo Produções e “Lá na Casinha – Iguarias e Confrarias”, será realizada a primeira edição do Sabores da Pipa – Festival Gastronômico. O evento vai mostrar que na Pipa tem cozinhas que remetem a sabores do mundo todo, desde a regional passando pela italiana, francesa, tailandesa, japonesa, de fusão e contemporânea. Na ocasião serão instalados pórticos nas principais ruas gastronômicas da praia.
Os pratos, entradas, sobremesas e drinks criados serão apresentados por valores abaixo do preço médio dos restaurantes. O festival irá proporcionar ao visitante, um tour gastronômico no qual ele poderá degustar, do lado externo dos restaurantes parceiros, finger foods ou shots (no caso dos drinks), dando possibilidade do cliente conhecer as mais variadas criações antes de escolher onde fazer a refeição completa.
Com capacidade para atender centenas de pessoas diariamente, o evento conta com um circuito envolvendo restaurantes, bares e hotéis. Entre os restaurantes já confirmados: Aprecie, do chef Ricardo Rudney; UBistro do chef Altemar; Chez Marília da chef Marília Mendonça; Trio Restô & Grill do chef Assis Chaves; Golde’s na Vila Mangueira dos chefs Vitória e Cláudio; Kausai Cevicheria da chef Luciana; Aventureiro, dos amigos Pedrita Martins e João, e muitos mais.
Com ótima aceitação por parte dos empresários, o formato do Sabores da Pipa não tem cunho competitivo, mas sim de união e fortalecimento de toda a cadeia que abarca a gastronomia. Valorizar o que é local, de pessoas a insumos.
O Sabores da Pipa – Festival Gastronômico é uma realização do Convention Bureau, Juçara Figueiredo Produções e Lá na Casinha, e conta com apoio do Governo do Rio Grande do Norte, por meio da Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte – SETUR, com recursos oriundos do projeto Governo Cidadão, além do apoio também da Prefeitura de Tibau do Sul e Movimento Preserve Pipa.
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Se muitos apostam que o futuro das salas de cinema será feito de experiências que vão além do ato de sentar em uma poltrona comum e assistir a um filme, o Festival Cinegastroarte Comgás é um excelente exemplo, que fará com quem ainda seja descrente diante dessa previsão possa entender que, na verdade, o futuro já é presente.
Apresentado pelo Ministério da Cidadania, Secretaria Especial da Cultura e Comgás e com realização da NTICS Projetos, o Festival Cinegrastroarte Comgás chega à capital potiguar unindo três vertentes que têm em comum o poder de despertar no ser humano sentidos que muitas vezes não conseguimos colocar em palavras: cinema, gastronomia e arte. São sensações capazes de nos levar para além dos sentidos!
O Festival, que também é realizado em São Paulo (SP), Barueri (SP) e Campinas (SP), em Natal será aberto ao público pela primeira vez, proporcionando aos participantes uma experiência sensorial única. Na cidade, acontece no Natal Shopping no dia 21 de novembro, com sessões às 19h e às 21h30. A venda de ingressos já está disponível através dos sites evenbrite e Cinegastroarte ao valor de R$ 80 e R$ 40 (meia entrada).
Durante as sessões de cinema, que acontecem nas Salas VIP do Cinépolis Natal Shopping, o público terá a oportunidade de assistir a uma seleção de filmes com temas que têm a culinária como assunto principal ou como pano de fundo, e saborear menus especiais elaborados pelo chef Roberto Ravioli, da Casa Ravioli (São Paulo). Essa experiência, que mistura cinema e gastronomia no conforto de uma sala VIP, é chamada de Sensações Emocionantes.
Os destaques da programação ficam por conta do longa “Uma doce disputa” (2016), que marca a primeira sessão, às 19h, quando serão servidas preparações como minipolenta cremosa com Ragu de Fungi como entrada; sanduíche de Porchettana focaccia no prato principal e, como sobremesa, suflê de chocolate. Já a segunda sessão traz o filme “A 100 passos de um sonho” (2014), estrelado por Helen Mirren. Para acompanhar a exibição, Roberto Ravioli servirá Bacalhau Cremoso (Baccalá Mantecato) como entrada, seguido de Raviolo D´Oro, com recheio de ricota e gema de ovo. Para fechar, o Tiramissu, famosa sobremesa italiana.
Em Natal, o Festival Cinegastroarte Comgás traz ainda uma sessão especial para convidados no dia 22 de novembro. Nessa sessão especial, Roberto Ravioli repete o menu de “Uma Doce Disputa”, longa que será reexibido na ocasião.
FESTIVAL CINEGASTROARTE
Data: Dias 21 (aberto ao público) e 22 (para convidados) de Novembro.
Local: Natal Shopping (Av. Sen. Salgado Filho, 2234, Candelária, Natal, Rio Grande do Norte)
Sessões: 19h00 e às 21h30.
A 13ª edição do Festival Gastronômico e Cultural de Martins acontecerá nesta sexta, sábado e domingo e contará mais uma vez com atrações culturais e musicais de renome regional e nacional, destacando-se o nome do Pernambucano Geraldinho Lins, do ex The Voice Brasil Kevin Ndjana e do poeta Antônio Francisco.
As apresentações na sexta-feira iniciarão às 20 horas seguindo até às 3 horas, e no sábado e domingo os shows começam a partir do meio dia.
O festival disporá ainda de restaurantes renomados de todo o Estado, vinícola, food trucks, lanchonetes, docerias, cervejaria, cachaçaria, apresentações artísticas e culturais, lojinhas de artesanato, pinacoteca e livraria, além do clima que só a Serra de Martins tem.
O evento é uma realização da prefeitura de Martins e conta com o patrocínio do SEBRAE, Café Santa Clara, Gnet, Minha Vida FM e TV Oeste Cidade e com o apoio da Cerveja Stela Artois, Gondim e García e Técnico Plantas.
A segunda edição do Som-Livro ocorrerá neste sábado e repete a fórmula livros-música-gastronomia em sua ambiência de papo e arte nas dependências do Seburubu, agora localizado na avenida Deodoro da Fonseca (quase em frente ao 294).
O convidado especial é o compositor, arranjador e violonista mossoroense Marcio Rangel (20h), transcendendo estilos da música brasileira com flamenco, jazz e sons globais, há anos com o pé na estrada e várias turnês internacionais – destaque do Sienaguitarfest.
O cardápio da noite será servido a partir das 19h por conta do chef Alexandre Gurgel – uma salada fresca de entrada, una tradizionale lasagna à moda italiana com opção vegetariana, e torta de limão para o ataque final.
Os parceiros da Cerveja Perversa, capitaneado pelo mestre cervejeiro Fábio DeSilva, estarão com opção de chopp para regar o paladar dos convivas com cerveja artesanal única, boa e com preço justo.
O espaço também estará aberto para o escambo de livros, então não perca a oportunidade de dar uma renovada na biblioteca, apoiar e se beneficiar com a cultura de livros de segunda mão.
O jantar é limitado para 30 cabeças, mediante reserva, que pode ser feita até esta quinta-feira (30) pelo instagram @seburubu ou através do whats 9864-9269, no valor promocional de R$ 20 (entrada + jantar).
O sebo estará aberto para todo o público, entrada a R$ 5.
Choveu bem nesta semana no meu sertão, para começar em beleza o mês de Abril. Confirmando as expectativas da Emparn, as precipitações do mês de Março foram na média em toda a região e o volume da barragem ARG cresceu sensivelmente. Por isso, o vazão na comporta foi aumentado de 3.500 para 4.000 litros por segundo, sendo 700 direcionados no canal Pataxó e o resto na várzea do rio Assu.
No Sítio Araras, onde eu moro, num dia de chuva a tendência é chover à tarde, ou à noitinha. Isso significa, então, que geralmente temos a parte da manhã para realizar atividades ao ar livre, ou ir pro comércio, na rua, e devemos destinar a parte da tarde para atividades em casa.
Assim, entre outros ofícios, nesta quinta-feira, de manhã cedo eu catei um bocadinho de umbu-cajá da árvore e, à tarde, prepararei uns potinhos de geleia; já na segunda, durante a chuva, preparei três potes de geleia de mamão com rapadura.
Sim, com rapadura. Eu já não compro nem utilizo mais açúcar branco há muitos anos; quando comecei a pensar em produzir um doce caseiro, a primeira ideia foi logo a de usar a rapadura, tão tradicional na alimentação nordestina e relativamente muito mais natural que qualquer açúcar refinado.
Ao invés de comprar produtos industrializados, uns dois anos atrás me decidi a preparar eu mesmo uns lanches energéticos, feitos com ingredientes naturais e orgânicos, para consumir no dia a dia, ou nas aventuras em canoa e bicicleta na Natureza.
Faço geleias com fruta da época, ou melhor, do meu jardim, com rapadura e um pouco de castanhas de caju, ou amendoins, às vezes.
Produzido seguindo as regras de higiene, um pote fechado se conserva por um bom tempo fora da geladeira (até 45 dias) e, quando aberto, evitando a contaminação direta, o doce dura tranquilamente dois, ou três, dias.
Os potes de vidro e suas tampas devem ser bem lavados e fervidos. A fruta, descascada e cortada em pedaços não muito grandes, deve cozinhar por cerca de quinze minutos, a fogo médio, numa panela sem tampa, remexendo sempre com uma colher de pau. Acrescentar a rapadura derretida, misturar bem e juntar algumas colheres cheias de castanhas, ou amendoins, quebradinhos.
Pôr a geleia ainda quente nos potes, até a borda, e fecha-los bem.
A variedade de sabores das geleias que produzi até agora inclui, entre outros:
– umbu-cajá com rapadura
– manga com rapadura e castanha de caju
– acerola com rapadura
– manga com rapadura e amendoim
– mamão com rapadura e castanha de caju
– manga com rapadura e nozes (no Natal kkkkk)
Umbu-cajá e acerola são do meu quintal. As mangas são da mangueira do vizinho e os mamões de um pequeno produtor local. Estou esperando crescer as goiabas do pé que nasceu espontaneamente há uns anos no quintal e, finalmente, começou a frutificar neste verão.
A quantidade de rapadura, ou algum açúcar integral orgânico, deve ser considerada para cada tipo de fruta. Minhas geleias são feitas com a quantidade mínima necessária de rapadura, para ressaltar o sabor da fruta. Contudo, é bom lembrar que é o açúcar que conserva a geleia no tempo e assim não deixar de colocar a quantidade necessária. Aproximadamente, em minhas geleias, para cada quilo de fruta, considero a quantidade de rapadura entre os 300 e os 500 gramas.
A mescla entre romance e realismo vivida pelo pescador Santiago consagrou O Velho e o Mar, de Hernest Hemingway. E se a arte imita a vida, aqueles mesmos mares literários do velho Santiago, que também já viram o capitão Ahab contra a grande baleia branca de Melville, deságuam em cada beirada de praia, onde pescadores da vida real lutam contra os dissabores do cotidiano. No caso de Edson Ferreira Machado, o mar sempre foi berço, herança e sustento. O apelido Pernambuco chegou depois, quando se acomodou ao Canto do Mangue. E nisso se vai mais de meio século de um velho e seu mar.
Pernambuco – o Estado – ficou na lembrança e no nome, incorporado ao dia-a-dia na Praça do Sol. Também ficou para trás a infância, no município de Goiana; o tresmalho usado na pesca desde os sete anos; o sol a pino como teto da jangada do pai; a família de oito irmãos mais novos e a vida dura de menino-homem, de filho e neto de pescador. “Naquela época, em Goiana, a gente trocava peixe por café, farinha e açúcar porque não tinha a quem vender. Era uma ou duas casas de taipa e outras poucas mais adiante”, lembra. Hoje, Pernambuco passa o dia de costas para o mar. É assim há 63 anos, desde quando chegou a Natal.
Se todos esses fatos permanecem na lembrança de 92 anos de vida, um elemento esteve sempre presente: o peixe. Pernambuco cresceu comendo e pescando peixe. Era elemento de troca, sustento da família e foco final da atividade diária. Pescava, tratava, vendia, salgava, estocava, comia. “Desde aquela época eu sonho com peixe; desde menino-moleque nunca tive o lazer de comer em uma mesa, sossegado. Era sempre comendo peixe em pé por conta do trabalho”, acrescenta. Mas o tresmalho, a vida no mar ou mesmo a família ficaram para trás. Também os três anos no exército, até a pesca lhe recrutar de volta à jangada do pai, que morreu aos 50 anos.
“Há uns 60 e poucos anos vim de ônibus a Natal visitar um amigo. Nos três dias que passei aqui construí uma barraquinha com tábua de madeira na beira da praia, fiz peixe frito e tapioca pra vender e não parei mais”. À época era ele e mais uns três, apenas. A areia era alva e contrastava com as águas escuras do Rio Potengi. Nas Rocas da década de 60, extensos manguezais dominavam a área. Iam até as imediações de onde hoje está fincada a Feira das Rocas. Tinham poucas casas e famílias residentes. Pernambuco alugou morada na Avenida 10, no Alecrim, aproximou-se mais do trabalho quando veio à Cidade Alta, até adquirir residência na Rua Santo Amaro, nas Rocas.
Seu Pernambuco, aos 90 anos
Daquela época todos morreram, diz Pernambuco: os amigos das barracas vizinhas, os patriarcas daquelas poucas famílias das Rocas ou os pescadores mais antigos. Mas Pernambuco se mantém firme aos 92 anos e mantém a rotina de mais de seis décadas: acorda às quatro horas da madrugada, toma café e espera o sol raiar perto das 6h para caminhar dois quarteirões até seu box, no Canto do Mangue. É quando olha o rio e renasce para o dia. Das 6h às 20h, de domingo a domingo, atende clientes com peixe fresco, lagosta e ginga com tapioca – os pratos mais pedidos. “Isso é minha vida. Já durmo pensando em voltar pra cá”, diz o velho pescador, nos poucos momentos de relaxamento.
Pernambuco almoça por ali mesmo. Ele é quem prepara o arroz, o feijão e o peixe para ele e o único funcionário. Quem faz quase tudo aqui sou eu. Pago a esse menino, mas ele vem quando quer; tem os dias de preguiça. Pernambuco estima uma média de 30 peixes fritos ao dia, com picos em fins de semana e baixa entre segunda e quarta-feira. A rotina é pesada mesmo para um jovem. “Volto pra casa cansado. Tem vez de eu parar no hospital com pressão alta. Mas chego lá sou logo atendido porque todos me conhecem”, se orgulha. A boa forma, ele acredita, se deve ao peixe. Há mais de 60 anos Pernambuco só come peixe.
De peixe em peixe Pernambuco enche o papo e vê o tempo passar no ritmo lânguido do Canto do Mangue. Parece preso à rotina – um cárcere no qual encontra a liberdade desejada, sem sobressaltos. O estresse diário vinha no trato com os peixes. Pernambuco possuía oito dos cerca de 100 barcos ancorados no Canto do Mangue. Um afundou, outro pegou fogo e ele vendeu cinco. O único barco restante traz os peixes servidos no Bar de Pernambuco. “É tudo peixe fresco. O barco sai sexta e volta segunda com o peixe, que dura até quarta ou quinta. Aí sexta eu compro aqui pertinho, também fresquinho”.
Pernambuco paga as despesas de óleo e manutenção do barco e divide ao meio, entre ele e os pescadores, o resultado da pesca em alto mar. “Eles entram só com a coragem”. A outra despesa é com o box e as taxas de luz e de água. O resto é com a mulher e a filha de apenas 15 anos. “A energia do corpo vem do peixe”, brinca. E haja energia. Pernambuco tem 22 filhos e 70 netos “espalhados em tudo que é Estado: ‘Sunpaulo, Pernambuco, Campina Grande, pras bandas do Amazonas…”. Nenhum seguiu a lida do pai junto ao mar. “Nunca quis isso pra eles. Nunca vi pescador morrer no mar, mas já vi muito vindo morto no barco. Essa semana mesmo morreu um por aqui”.
A Prefeitura do Natal construiu o Bar de Pernambuco de costas para o Rio Potengi, na urbanização do local, em 2008. O pescador acredita ter encontrado a tranquilidade, mas esperou quase um ano para a reforma, sobrevivendo de uma aposentadoria da qual prefere não comentar. E mesmo um dos pores do sol mais bonitos do país, reconhecido por turistas estupefatos com a beleza, Pernambuco sente falta mesmo é de um banheiro. Tinha só no antigo ponto, construído por ele mesmo décadas atrás. Hoje precisa deslocar seus 92 anos ao banheiro do Mercado do Peixe, cerca de 200 metros do seu ponto. E fora do horário entre 8h e 18h, só no leito do rio. E é pra lá onde Pernambuco encaminha clientes. “Vou fazer o quê?”.
De seu recanto, Pernambuco nunca viu sequer discussão. Se deixa perder em olhares ausentes quando descansa na cadeira ao lado do box, por alguns instantes, até o próximo pedido do cliente. É o seu trono momentâneo. Depois é o preparo de um peixe saborosíssimo e sem segredo guardado. Diz que nunca compra peixe congelado porque fica sem gosto, aguado. O peixe fresco ele deixa mergulhado em molho feito com um quilo de tomate, um quilo de cebola, vinagre e coentro triturado no liquidificador. A posta inteira pode ser cioba, arabaiana, cavala, serra e outros da região. Sob o pedido da clientela, o peixe, já apurado no molho é fritado no óleo. O toque final é o dendê e uma salada de tomate e cebola frescos, seguido da recomendação de acompanhamento com a tapioca feita no côco.
Essa fórmula de preparo atravessou um tempo que parece estancado no cotidiano arrastado do Canto do Mangue. Mas já foi mais parado, tal qual os idos da Belle Epoque natalense. Tempos líricos, desapressados, de uma boemia ritmada à boemia da intelectualidade local. Época também da Peixada da Comadre. Em ambos os recintos o peixe carregava o sabor da simplicidade e atraía os intelectuais da província. Pernambuco não lembra ou sabe citar os nomes. Na recordação descompromissada de quem se importa com o cliente independentemente de quem seja. Mas Cascudo, Newton Navarro e Celso da Silveira eram clientes assíduos do velho bar, ainda na beirada do rio. Perguntado a respeito, Pernambuco desconversa, meio envergonhado pelo desconhecimento dos nomes.
Na mente descansada de Pernambuco moram os peixes do dia, a rotina consolidada de horários fixos e a lida pesada. Para ele pouco importa o que Cascudo discutiu, Navarro pintou ou Celso da Silveira bebeu e poetizou. Pernambuco valoriza o acordar e o encontro com o peixe, com seu bar/doce lar. O trajeto percorrido é quase uma liberdade condicional que o velho pescador cumpre como pena de um dia ter matado seus sonhos de criança para viver a mesma vida demasiado realista de Santiago, o herói de Hemingway, sem aquele espaço para a arte que ainda ameniza a dureza dos dias.
* Matéria originalmente publicada na Revista Palumbo e atualizada neste blog
FOTOS: Sergio Vilar
As novidades da gastronomia potiguar e os temas em pauta entre os chefs e pesquisadores natalenses terão um espaço especial no II Natal Fest Gourmet. A oportunidade será no Seminário Técnico Gastronômico, que integra a programação do festival nos dias 22, 23 e 24 de novembro, no Terminal Marítimo de Passageiros do Porto de Natal, acesso pela rua Chile, Ribeira. O seminário, assim como o festival, terá acesso gratuito para todos os públicos.
Inserido no calendário do Natal em Natal, o Natal Fest Gourmet contará com patrocínio da Prefeitura de Natal e Unimed Natal através da Lei Djalma Maranhão de Incentivos Culturais. Também contará com ações de entidades parceiras de grande atuação na formação do mercado profissional do Rio Grande do Norte. O SENAC-RN participa com as oficinas da Arena Senac de Gastronomia. O SENAI terá espaço para mostrar ao público seu setor de panificação, o SESI aborda o reaproveitamento alimentar (Cozinha Brasil). O SESC-RN será responsável pela ativação musical e o SEBRAE-RN com exposição de produtos de terroir potiguar.
No segmento de restaurantes, o público poderá conferir pratos a preços módicos elaborados pelos restaurantes Totoia Restaurante, Paçoca de Pilão, Cozinha Ecológica Debora Sá, Cordeiro Chique, Chopp e Camarão, Johnny e Joey, Massa Fina, Caroli Doces e CrooksCookie. Para a criançada, o Natal Fest Gourmet reservou um lugar especial com o espaço kids coordenado pela empresa Divirta Kids, que oferece atividades criativas e monitores experientes. O espaço será instalado no primeiro andar do Terminal, oferecendo comodidade e segurança para pais e crianças. A programação contará ainda com feirinha de produtos gastronômicos.
Os palestrantes convidados para o Seminário Técnico de Gastronomia são pessoas ativas em seu segmentos gastronômicos e abordarão as boas novas do segmento queijeiro potiguar aos experimentos de azeites e temperos, passando pela cozinha vegana e a importância de se trabalhar a identidade cultural na gastronomia.
A abertura será com o tema “Gastronomia e Identidade Cultural” pela pesquisadora de cozinha potiguar Adriana Lucena. A chef e proprietária do sítio Aroeira e uma ativista do movimento mundial Terra Madre, que luta por uma gastronomia que valorize toda a cadeia produtiva. A chef participa de eventos pelo Brasil sobre temas como queijos artesanais, mel de Jandaíra e pimentas nativas. Em seguida, o mestre cervejeiro Fábio DeSilva, criador da cerveja artesanal Perversa, falará na sequência (às 20h) sobre “Cervejaria Artesanal e Mercado Cervejeiro no RN”.
O Seminário será aberto às 19h pelo laticinista Raoni Cabogim, que falará sobre “Tendências dos queijos artesanais potiguares”. Logo após, às 20h, a especialista em comida vegana e empreendedora do restaurante Cozinha Ecológica, chef Deborah Sá, fará uma abordagem sobre o tema pelo viés da cozinha contemporânea.
No sábado, o seminário será reaberto pela chef e pesquisadora Gabriela Sales, representando a Funcarte. Ela fará uma leitura atual sobre diversidade alimentar — “PANCs: a revolução alimentar brota nas hortas comunitárias”. No encerramento, a partir das 20h, os participantes vão contar com a fala do mago dos temperos Sérgio Motta, proprietário da Korin. Seu tema será “A Alquimia dos temperos e azeites”.
Durante os três dias, haverá ainda uma feira de produtos gastronômicos com novidades no setor, entre alimentos, bebidas e equipamentos, além de espaço para ingredientes locais. A boa música completa a programação com duas atrações por noite.
O Natal Fest Gourmet também irá homenagear ainda uma personalidade da gastronomia potiguar, com o Prêmio Le Magnifique Chef, entregue no encerramento das oficinas. No ano passado, o homenageado foi o chef francês radicado no RN, François Schmmit. Este ano, o convidado para receber a homenagem é Tadeu Lubambo, criador do Camamo, que tem uma contribuição significativa no fomento da gastronomia potiguar.
“O festival será a oportunidade dos natalenses e turistas aproveitarem um ambiente único, que junta gastronomia, cultura e turismo, neste novo espaço de frente para o Potengi, tal como nas grandes cidades turísticas que tem atividades culturais e gastronômicas à margem de seus rios. É um dos recantos mais bonitos de Natal”, avaliou o diretor do Natal Fest Gourmet, Habib Chalita. O produtor destaca o acesso livre para o público, sem cobrança de ingresso.
De acordo com Habib Chalita, a escolha tem relação direta com o objetivo do festival, que é dar o pontapé para colocar Natal na capital gastronômica do Nordeste durante o período. O projeto está inserido na programação do Natal em Natal, promovido pela Prefeitura do Natal.
O Terminal Marítimo de Passageiros foi construído com recursos do Governo Federal e é administrado pela Codern. Foi entregue à cidade há alguns meses. Sua estrutura ampla e moderna começa a ser utilizada tanto de desembarque de turistas que viajam de navio, como para eventos culturais do calendário da cidade. A estrutura conta com dois pavimentos internos, salões de eventos, um mirante e a faixa que margeia o cais. Também possui banheiros e elevadores. O local acomoda mais de 2 mil pessoas, de acordo com dados da Codern. No século passado, no prédio de acesso ao terminal funcionou um frigorífico.
I Natal Fest Gourmet
Dias 22, 23 e 24 de novembro, nas novas instalações
Do Terminal Marítimo de Passageiros de Natal, rua Chile, Ribeira.
Acesso gratuito.
Fotos do Natal FestGourmet: Rogério Vital
Foto do Terminal: Codern/Cedida
Seminário Técnico de Gastronomia
DIA 22.11
19hs – Adriana Lucena: “Gastronomia e identidade cultural”
20hs – Fábio DeSilva: “Cervejaria artesanal e mercado cervejeiro potiguar”
DIA 23.11
19h Raoni Cabogim: “Tendências dos queijos artesanais do RN”
20h – Deborah Sá: “O vegano na gastronomia contemporânea”
DIA 24.11
19h Gabriela Sales: “As Pancs: A revolução alimentar brota das hortas comunitárias”
20h – Sérgio Motta: “A alquimia dos Azeites e Temperos”
Macaxeira, jerimum, goiaba, pimenta e até mel de Jandaíra. Esses e muitos outros ingredientes típicos do Brasil dão sabor todo especial à bebida mais consumida do país. Neste sábado, dia 21 de julho, Natal recebe mais uma edição da Festa da Cerveja Brasileira da ACervA Potiguar. Esta edição de 2018 terá open bar com mais de 1.500 litros de cervejas artesanais com insumos especiais. Início do evento às 14h e shows das bandas Funkaholic e Qvatre.
Este ano, o evento será realizado no Biergarten Natal Saint Arnulf, em Capim Macio, e contará com infraestrutura para toda família, espaço KIDS com recredadora (criança não paga) e cardápio especial produzido pelo local.
Promovida pela Associação de Cervejeiros Artesanais do Rio Grande do Norte (ACervA), a Festa é um momento de celebração da cultura cervejeira, que vem crescendo e ganhando novos admiradores em todo Estado. Quem quiser conhecer ainda mais sobre a produção potiguar, poderá visitar estandes das novas cervejarias potiguares Raffe, Petrus e Hopmundi.
Com patrocínio da Somos Cervejeiros e Ekko Copos, a Festa da Cerveja Brasileira está com ingressos à venda em valor promocional de R$ 100 no Wesley´s Bar, Paddy’s (Natal Shopping e Romualdo), Mestre Cervejeiro e Biergarten Natal.
Festa da Cerveja Brasileira da ACervA Potiguar
Data: 21/07 (sábado)
Hora: 14h
Shows: Funkaholic e Qvatre
Local: Biergarten Natal Saint Arnulf (R. Alexandre Câmara – 773, Capim Macio)
Ingressos: R$ 100 (antecipado) no Wesley’s Bar, Paddy’s (Natal Shopping e Romualdo), Mestre Cervejeiro e Biergarten Natal. // R$ 120 no local.
E-mail: Sergiovilarjor@gmail.com
Celular / Zap: (84) 9 9929.6595 Fale Conosco Assessoria Papo Cultura