Dando continuidade a nossos esclarecimentos sobre a Umbanda e suas vertentes, veremos aqui algumas das práticas mais conhecidas dessa religião e suas principais características.
Esperamos que esse despretensioso texto possa auxiliar no starter para pesquisas mais aprofundadas sobre o tema, criando assim um encontro de afinidade com a vertente que mais se adequa às mais variadas buscas em torno dessa apaixonante religião.
Seguimos com outras tantas várias variáveis de uma religião plural e genuinamente brasileira, a Umbanda.
Vertente fundamentada por Oceano de Sá (23/02/1911 – 21/04/1985), conhecido como mestre Yokaanam. Surgiu no Rio de Janeiro em 1946.
Se caracteriza por ter um forte sincretismo entre os Orixás e os santos católicos, porém reinterpretados de forma totalmente distinta das tradições africanas.
Faz uso doutrinário dos seguintes livros: Evangelho de Umbanda, Manual do instrutor eclético universal, Yokaanam fala a posteridade e Princípios fundamentais da doutrina eclética.
Foi fundamentada por Pai Guiné de Angola a partir do seu médium Woodrow Wilson da Matta e Silva, também conhecido como mestre Yapacani ou Matta e Silva (28/06/1917 – 17/04/1988).
Vertente surgida no Rio de Janeiro em 1956, com a publicação do livro: A Umbanda de todos nós.
Existe uma grande influencia da Teosofia, Astrologia, Cabala e por outras escolas ocultistas mundiais.
Essa linha é baseada no Arqueômetro, instrumento esotérico criado por Joseph Alexandre Saint-Yves D´Alveydre (26/03/1846 – 05/02/1909) e que acredita existir uma linguagem oculta universal relacionando a Astrologia, Numerologia, Cabala e o uso das cores.
Surgida em São Paulo em 1973 com a fundação do Templo Guaracy do Brasil pelo Caboclo Guaracy através do médium Sebastião Gomes de Souza (1950), conhecido como Carlos Buby.
A divulgação é através dos diversos templos Guaracys do Brasil e do Exterior. Não existe culto a santos católicos e os Orixás são reinterpretados em relação as tradições africanas.
Foi fundamentada por Ney Nery dos Reis (1929), conhecido como Omolubá e Israel Cysneiros no Rio de Janeiro em 1978 com a publicação do livro: Fundamentos de Umbanda – Revelação Religiosa.
Os principais focos de divulgação são os livros escritos por Omolubá e as tendas criadas por seus discípulos. Nessa vertente 12 Orixás são divididos e agrupados em sete raios.
Foi fundamentada por Pai Tomé, Babajiananda, através do médium Roger Feraudy (1923 – 2006) no Rio de Janeiro em 1986 com o livro: Umbanda, essa desconhecida.
Essa vertente é uma derivação da Aumbandã que se distanciou dela por adotar a prática da apometria e por desenvolver a teoria da origem da Umbanda, na qual a mesma surgiu a 700.000 anos em dois continentes míticos perdidos, Lemúria e Atlântida.
Nestes continentes os terráqueos teriam convivido com extraterrestres, que teriam ensinado sobre o Aumpram, a verdadeira lei divina.
Vertente fundamentada por Rivas Neto (1950), também conhecido como Arhapiagha em São Paulo (1989) com a publicação do livro, Umbanda: a proto-síntese cósmica.
Esta vertente é uma derivação da Umbanda Esotérica, porém foi se distanciando da sua matriz por desenvolver em sua doutrina um movimento chamado de convergência, pois busca um ponto convergente entre as várias vertentes da Umbanda.
Existe também grande influência oriental, com termos de mantras indianos e utilização do sânscrito e assim como a Aumpram, há a crença que a origem da Umbanda se encontra nos míticos continentes perdidos: Lemúria e Atlântida.
A Umbanda é uma religião nova e dinâmica. Além das vertentes descritas anteriormente, existem outras tantas mais novas como: UmbanDaime, Umbandamastê e et caetera.
Não podemos deixar de falar a respeito da Umbanda Sagrada ou Natural. Porém, referida linha será assunto para todo um texto, pois a vertente difundida pelo Mago do Arco-íris Sagrado, Rubens Saraceni nos servirá como guia e suporte para todas as nossas discussões acerca da Umbanda.
Salve a Umbanda e todas as suas bandas!
Saravá, Axé e Mojubá!
Fonte.: Registro de Umbanda, Renato Guimarães.
FOTO: Henrique Esteves
Desde sua revelação neste plano em 15 de novembro de 1908, a Umbanda ganhou novos adeptos, assim como diversas religiões, cresceu e se diversificou desdobrando em muitas vertentes. Porém, mantendo a mesma essência em seu alicerce como tão bem falou o Sr. Caboclo das Sete Encruzilhadas no seu anúncio:
“A Umbanda é a manifestação dos espíritos, para a prática da caridade. Somando isso aos seus mais dois fundamentos, amor incondicional e respeito ao livre arbítrio, está tudo certo, é Umbanda.”
O processo de desdobramento de uma religião em vertentes é tão antigo quanto a humanidade. Comumente esse fenômeno acontece devido a vários fatores como: a busca do homem por adaptação religiosa, influência de religiões anteriores e até mesmo um movimento natural da própria religião agregando práticas religiosas de outras, assumindo assim uma característica sincrética comum a todas.
Vale salientar que as vertentes da Umbanda aqui apresentadas não representam um consenso entre os próprios umbandistas e sim uma compilação de meus estudos e pesquisa acerca desse fenômeno. Segue as principais vertentes por mim pesquisadas e que aparecem com maior frequência nas práticas da nossa sagrada Umbanda.
É a vertente fundamentada pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, Pai Antônio e Orixá Malê, através do médium Zélio Fernandino de Morais (1891 – 1975). É considerada a primeira e mais tradicional Umbanda, pois através dela, a religião começou a ser fundamentada com a criação da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade em São Gonçalo/RJ (16/11/1908).
Essa vertente tem uma forte influência do Espiritismo (Kardecismo) e é praticada em centros espíritas que passaram a desenvolver giras de Umbanda junto com as tradicionais sessões Espíritas.
É fundamentada pelo Caboclo Mirim com o seu médium Benjamin Figueiredo (26/12/1902 – 03/12/1986), surgida em 1924 com a fundação da Tenda Espírita Mirim, no Rio de Janeiro e responsável pela criação do Primado de Umbanda em 1952.
É uma das mais antigas vertentes, resultado do processo de transformação em Umbanda (umbandização) de antigas casas de Macumba dos morros cariocas. Como o próprio nome já diz, é uma das formas mais abertas a novidades e praticadas no Brasil, pois é possível adotar práticas místico / religiosas que mais convêm associando a duas ou mais religiões.
Essa vertente vem com o processo de “umbandização” das casas de Omolocô e começou a ser fundamentada em 1950 no Rio de Janeiro pelo médium Tancredo da Silva Pinto, Tátá Tancredo (10/08/1904 – 01/09/1979).
É também o resultado de transformação (umbandização) de antigas casas de Almas e Angola. Existe um forte sincretismo entre os Orixás e os santos católicos vinculados às tradições africanas, principalmente as do Almas e Angolas.
Casas de Candomblé que se identificaram com o movimento da Umbanda, mais especificamente Candomblé de Caboclo, começaram a adotar em suas práticas, também as giras de Umbanda alternando com o culto do Candomblé em sessões diferentes (dias e horários).
Por aqui encerramos essa primeira parte, esperando ter contribuído acerca desse fantástico universo de várias “bandas” em uma única banda. No próximo texto daremos prosseguimento a outras vertentes da nossa Umbanda.
Saravá, Axé e Mojubá!
Fonte.: Registro de Umbanda, Renato Guimarães.
FOTO: Blog Cantinho de Francisco de Assis
A Umbanda não é “macumba”!
A Umbanda não é trabalho de feitiçaria e nem amarração!
A Umbanda não é uma religião de matriz africana, como o Candomblé!
A Umbanda é a união de várias bandas em uma única banda. Umbanda é simplesmente, Umbanda!
A Umbanda é uma religião brasileira de pouco mais de 110 anos. Foi revelada no plano material em 15 de novembro de 1908 no Rio de Janeiro pelo seu médium Zélio Fernandino de Moraes (1891 – 1975), através do espírito denominado Caboclo das Sete Encruzilhadas.
Em 1908, o Jovem Zélio de Moraes com 17 anos de idade, filho de família tradicional e católica de Neves (São Gonçalo/RJ), estava prestes a ingressar na escola naval quando começou a ter estranhas manifestações.
Zélio foi levado, então, a um tio psiquiatra e nem um sinal de loucura foi detectado, encaminhado a um parente padre, após vários rituais de exorcismo e as manifestações persistiam. Até que, encaminhado à recém criada Federação de Kardecismo de Niterói/RJ, manifestou o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que falou que para ele não haveriam caminhos fechados, anunciando assim o início dessa nova religião.
A Umbanda é um mix de manifestações religiosas e seus pilares se alicerçam através da espiritualidade superior no Cristianismo, no Kardecismo, no Xamanismo dos ameríndios, na magia europeia e no panteão africano com os Orixás, que são emanações de Deus e as representações da natureza em suas várias formas.
Dito isso, é impossível afirmar que a Umbanda é uma religião de matriz africana e sim que utiliza de elementos das mais diversas expressões, entre elas, a africana.
É correto afirmar que a Umbanda é uma religião naturalista e espiritualista, magística, com várias influências religiosas, que cultua um Deus único (Olorum) e suas emanações ou Deidades (Orixás), aonde todos os espíritos podem se manifestar para a prática da caridade e por ser uma religião, em seus fundamentos só pode fazer o bem.
Essa contextualização se faz necessária afim de desmistificar muito do que se é falado sobre o tema, devido a ignorância e o preconceito gerado por parcelas da nossa sociedade.
A Umbanda por sua condição plural, acomoda várias vertentes da mesma religião aonde existem diferentes formas litúrgicas e de olhares sobre a doutrina.
Mas, existem pontos em comum que as une: amor incondicional, prática da caridade e respeito ao livre arbítrio. Esses três pontos em especial em conjunto com a manifestação dos espíritos une todas as “bandas” em “uma” e forma a Umbanda com suas diversidades e respeitando todas as formas de manifestações religiosas.
“A Umbanda tem fundamento e é preciso preparar”!
Saravá, Axé e Mojubá!
IMAGEM: Arquivo ICA
A população da zona norte de Natal volta a contar com mais um equipamento urbano destinado a apresentações artísticas e grupos de cultura popular. A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (Semsur) entregou essa semana, a obra de reforma e revitalização do Espaço Cultural Jesiel Figueiredo.
O Espaço Cultural Jesiel Figueiredo é um complexo de cultura e lazer localizado entre os bairros de Lagoa Azul e Pajuçara, situado no lado esquerdo da Rua Guararapes (sentido Santarém/Gramoré).
O Espaço teve seus dois anfiteatros totalmente recuperados e ficarão disponíveis para as apresentações culturais que têm sido um ponto forte de produção principalmente nas áreas de Hip-Hop, repentistas e bandas musicais.
Uma nova atração do espaço são os painéis de grafite de autoria de artistas potiguares. Os técnicos do setor de Operações da Semsur já concluíram a recuperação e pintura dos dois anfiteatros e trabalham agora nos últimos retoques do passeio público de pedra. O busto de Jesiel também está revitalizado e o parque infantil está recebendo novos brinquedos.
A obra de recuperação contemplou a estrutura física do espaço com todos os seus equipamentos. Foram feitas recuperação das muretas e pintura do gradil no entorno do perímetro, substituição de esquadrias, lixeiras, louças sanitárias e torneiras dos banheiros.
Também foi realizada a revitalização total do caramanchão e do complexo paisagístico. Os anfiteatros ganharam nova iluminação de 12 postes com lâmpadas e refletores de LED.
As inscrições para o 3º Concurso Público do Registro do Patrimônio Vivo (RPV-RN), dirigido a mestres e mestras com significativa importância à cultura tradicional e popular do Rio Grande do Norte, estarão abertas a partir de 6 de abril. Os contemplados ganharão benefício de bolsas de incentivo financeiro pelo Governo do Estado. O regulamento do Concurso poderá ser obtido no portal eletrônico da Fundação José Augusto (FJA): /Editais /Editais Culturais/ Editais abertos.
O RPV-RN tem por finalidade o apoio financeiro à preservação dos processos de criação, técnicas, modos de fazer e saberes da Cultura Tradicional e Popular do RN, mediante o desenvolvimento de ações, atividades e/ou projetos realizados por pessoas naturais ou jurídicas residentes ou domiciliadas no Rio Grande do Norte, com atuação comprovada no Estado há mais de 20 anos.
O edital irá contemplar quatro candidaturas, sendo duas pessoas naturais e duas pessoas jurídicas – na forma do Decreto Estadual nº 20.666, de 19 de agosto de 2008, modificado pelo Decreto Estadual n.º 21.193, de 16 de junho de 2009.
As bolsas de incentivo financeiro serão pagas mensalmente pela Fundação José Augusto aos inscritos com base nos seguintes valores: Pessoa física: R$ 1.518,66 e; Pessoa Jurídica, sem fins lucrativos, de natureza cultural disposta em Estatuto: R$ 3.037,89. Os valores são provenientes do orçamento geral da FJA.
As inscrições para o Concurso serão realizadas no período de 6 de abril a 8 de maio de 2020, das 8h às 14h na sede da Fundação (Rua Jundiaí, 641, Tirol, Natal/RN). Para se inscrever os candidatos devem ser indicados pelas seguintes entidades: Conselho Estadual de Cultura; Assembleia Legislativa; municípios potiguares; Comissão de Folclore do RN; e entidades sem fins lucrativos, sediadas no estado, que se dediquem à proteção ao patrimônio cultural ou artístico do RN.
Uma comissão especial, designada pelo Diretor Geral FJA, será constituída por cinco membros de idônea reputação e com notório saber nos campos da Cultura Popular e Tradicional, do RN, responsáveis pela análise das propostas de candidaturas objetivando o julgamento e resolução final do Conselho Estadual de Cultura, acerca da concessão do título de Patrimônio Vivo do Estado do Rio Grande do Norte.
O dia 2 de fevereiro, no calendário das religiões de matriz africana, é o dia dedicado ao orixá Iemanjá, divindade das águas, mãe de todas as orís (cabeças) e um dos orixás mais populares no Brasil.
Desde de 2012, a Nação Zambêracatu realiza anualmente cortejos em homenagem a Yemanjá. A cada ano, o número de participantes que prestigiam as apresentações e reverenciam a Rainha do Mar tem crescido substancialmente e se tornado ponto de encontro de religiosos, simpatizantes, filhos e devotos da Grande Mãe e da cultura e musicalidade negra.
Por isso, no ano de 2020, a Nação Zambêracatu decidiu construir um grande evento em sua 8ª edição “Batuque para a Rainha do Mar”. Além disso, na ocasião, será reinaugurada a estátua de Yemanjá na Praia do Meio, reconstruída a partir da articulação dos povos de terreiro do Rio Grande do Norte.
Além dos festejos para Yemanjá, a Nação realizará seu primeiro seminário, intitulado “Orun Aiyê”, que contará com quatro dias de atividades, incluindo momentos de estudo, debates, cerimônias religiosas e finalizando com o evento na estátua de Yemanjá na Praia do Meio. Na ocasião também estarão homenageando a Rainha Iracema Albuquerque (in memorian), filha de Iemanjá, matriarca e uma das fundadoras da Nação.
Com o intuito de tornar o 2 de fevereiro um grande dia de celebração à cultura e à religião afro-brasileira e realizar um evento maior, com estrutura de palco, som, iluminação, além de apresentações culturais e shows, a Nação Zambêracatu está realizando uma campanha de financiamento coletivo, onde você pode colaborar para a realização da festa e para o fortalecimento da cultura popular negra de Natal.
Para ficar por dentro das informações, acesse a fanpage AQUI
Na Semana da Consciência Negra eu quero trazer aos leitores a forma como era apresentado o negro dentro do cordel brasileiro. O racismo era forte! A imagem do negro estava sempre negativa e nunca positiva, tudo quanto era ruim se atribuía à cor negra. Escolhi algumas estrofes e versos de vários títulos de cordéis só para que possamos ter uma amostra do quanto o negro era desvalorizado no seio artístico cultural.
“Peleja de Manoel do Riachão com o Diabo”, narrativa poética de Leandro Gomes de Barros, que data de 15 de abril de 1955 (64 anos).
“Riachão estava cantando
Na cidade do Açu,
Quando apareceu um negro
Da espécie de urubu
tinha a camisa de sola
e as calças de couro cru”
“A Malassombrada Peleja de Francisco Sales com o Negro Visão”, algumas edições trazem o título: A Mal Assombrada Peleja de Francisco Sales com o Negro Visão”, eu mantenho o título da Coleção da Casa Rui Barbosa (RJ).
Francisco Sales Arêda
É comum no cordel brasileiro a figura do diabo ser personalizada sempre como um homem negro.
…
“Nisso alguém falou na porta
Pediu licença e entrou
Era um negro estranho e feio
Que a todo mundo assombrou
Com uma viola velha
Junto de mim se sentou”.
Num dos clássicos de José Pacheco, “A chegada de Lampião no Inferno”, o quadro não é diferente no tocante a ter “cão” na cor preta.
…
“Morreram 10 negros velhos
Que não trabalhavam mais…”
…
“leve 3 dúzias de negro
Entre homem e mulher …”
…
“E reuniu-se a negrada
Primeiro chegou Fuxico
Com um bacamarte velho
Gritando por Cão de Bico
Que trouxe o pau da prensa
E fosse chamar Trangença
Na casa de Maçarico”
…
“Satanás com esse incêndio
Tocou um búzio chamando
Correram todos os negros
Os que estavam brigando
Lampião pegou olhar
Não viu mais com quem brigar
Também foi se retirando”
José Soares
Isso era tão comum, que é difícil encontrar nos textos poéticos da época algum cordel que não apresentasse o mal desta maneira. Vejam também o cordel “A mulher que deu a luz a um satanás”, da autoria de José Soares, o poeta repórter.
…
“Os médicos apavorados
Naquela situação
Diante de um fenômeno
Que não tinha explicação
Não sabia distinguir
Se era um bebê ou um cão”
….
Dizem que o satanás
Era preto e muito forte
Mais não tinha experiência
Foi sequestrado pro norte
Não chegou aqui ainda
Porque não tinha transporte”.
Quem desejar ter uma leitura bem mais profunda sobre esse assunto, recomendo o livro: “O Preconceito de Cor na Literatura de Cordel”, de Clovis Moura. Uma excelente pesquisa que aborda de forma sociológica o racismo na poesia do cordel brasileiro.
José Bernardo da Silva
Até mesmo em romances, como é o caso da história de “Mariana e o Capitão do Navio”, de José Bernardo da Silva, publicado em 7 de abril de 1951 (68 anos passados) quando o texto se portava a um negro rico, ainda assim era vítima do racismo.
No cordel abaixo temos Jorge, negro, rico, presidente de uma ilha no Japão, que se apaixona por Mariana e dela não recebe nenhuma esperança.
…
“A moça disse senhor
Quem lhe deu tal liberdade,
Olhe sua posição
E a sua qualidade
Pois em casar-me com negro
Eu nunca tive vontade”
Mais adiante, Mariana também vai falar:
“…Mesmo eu não caso com negro
Nem que S. Antonio me peça”
E é dela também a expressão:
“Sai-te cururu fardado
Cor de noite de escuro”
As fotos dos autores nos mostram que todos eles eram negros, exceto Leandro Gomes de Barros, que era branco e tinha olhos azuis. Isso prova o quanto ficou forte a ideia do racismo no coletivo e foi preciso muitos anos para que se construísse uma nova forma de pensar sobre o negro.
No tocante à figura da mulher negra, há poucos folhetos que a enaltecem (Estou fazendo referência ao período anterior ao ano 2000). Podemos citar: “História e Martírio da Escrava Anástácia”, de Apolonio Alves dos Santos, “O Amor e Martírio de uma escrava”, de João Firmino Cabral, “O terror da escravidão”, de João José Silva são alguns que se encaixam no mérito do comportamento heroico da mulher negra.
A situação é bem pior quando os poetas começam a versejar sobre a mulher no campo da religião, principalmente ao misticismo religioso, quando são discriminadas e apresentadas em imagens que ferem o aspecto físico e moral.
Aqui, convido também o leitor a conhecer a Tese: “A Mulher Negra Mapeada …”, de Francinete Fernandes de Souza.
Felizmente este quadro está mudando, graça à nova leva de poetas que têm com uma consciência sóciopolítica, formada por homens e mulheres. Isso é tema para outra conversa.
Papo Cultura informa:
Ler faz bem ao seu espírito,
Apareça sempre aqui
Queremos ser o seu grito
A bandeira da cultura
Flerta com o infinito.
DUARTE, Manuel Florentino e outros. Literatura de Cordel – Volume I – Antologia. São Paulo(SP): Global Editora.
LITERATURA Popular em verso: Antologia Tomo I. Rio de Janeiro(RJ): Ministério da Educação e Cultura – Casa de Rui Barbosa, 1964.
MOURA, Clovis. O Preconceito de Cor na Literatura de Cordel. São Paulo(SP): Editora Resenha Universitária, 1976.
SOUZA, Francinete Fernandes de. A Mulher Negra Mapeada: trajeto do imaginário popular no folhetos de cordel. João Pessoa(PB): UFPB, 2009.
VIANNA, Arievaldo. Leandro Gomes de Barros – o mestre da literatura de cordel – vida e obra. Fortaleza(CE): Edições Fundação Sintaf. Mossoró(RN): Queima Bucha, 2014.
Um dos mais importantes grupos folclóricos da história do RN ganha local próprio para atividades culturais oficialmente a partir desta quinta-feira (14/11). A Chegança de Barra de Cunhaú terá sua sede oficial inaugurada em solenidade que contará com a presença do diretor-geral da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, além de autoridades e convidados.
O evento ocorre a partir das 16h, na Rua do Sapo, Barra de Cunhaú, em Canguaretama.
A Chegança foi o segundo grupo folclórico do RN selecionado pela Lei do Patrimônio Vivo (RPV), do Governo Estadual. Seu auto dramatizado simula as lutas entre mouros e cristãos pela posse da Península Ibérica. O enredo é ordenado em uma sequência de cantigas náuticas em que dançam, declamam e encenam as lutas. O grupo se apresenta ao lado de uma barca, tendo como acompanhamento instrumentos de percussão.
“A criação dessa sede, que agora temos a satisfação de inaugurar, demonstra o compromisso correto dos seus integrantes no uso dos recursos do RPV. Além da responsabilidade, o Chegança oferece exemplo de como manter a tradição viva com amor e desejo de transmissão do saber popular às novas gerações”, declarou o diretor-geral, Crispiniano Neto.
O tradicional grupo folclórico de São Gonçalo do Amarante/RN, Os Congos de Combate realiza a 2ª edição da Congada a São Benedito, em homenagem ao santo patrono do município. Com o tema “Fogo, guerra e revolução”, a manifestação acontecerá durante abertura da festa de São Benedito, no dia 26 de outubro, às 16h, na Praça Senador Dinarte Mariz, Centro.
A programação inclui musicais, exposição fotográfica, brechó, teatro e manifestações religiosas relacionadas à cultura afro-brasileira. “Queremos destacar São Gonçalo como uma das cidades referências na valorização da cultura dos nossos ancestrais. É nosso desejo que os potiguares se reconheçam e celebrem nossa história”, observa Gláucio Teixeira, mestre dos Congos.
Ainda de acordo com Gláucio, a tradicional festa de São Benedito é comemorada há mais 300 anos na Igreja Matriz de São Gonçalo, construída por portugueses no século 18. A 2ª Congada é realizada através da Fundação Cultural Dona Militana, por meio do Fundo Municipal de Cultura, da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante.
O Ministério da Cidadania promove, nesta sexta-feira (9), oficina para orientar candidatos a se inscreverem no Prêmio Culturas Populares – Edição Teixeirinha. O encontro, gratuito e aberto ao público, será em Natal, das 14h às 16h, no Teatro de Cultura popular Chico Daniel. Também serão realizados encontros em Juazeiro do Norte e Fortaleza (CE) e em Santo Amaro (BA).
O Prêmio Culturas Populares Teixeirinha irá premiar 250 iniciativas em todo o País que fortaleçam as expressões culturais populares brasileiras, retomando práticas em processo de esquecimento e que difundam as expressões populares para além dos limites de suas comunidades de origem. Exemplos dessas iniciativas são o Cordel, a Quadrilha, o Maracatu, o Jongo, o Cortejo de Afoxé, o Bumba-Meu-Boi e o Boi de Mamão, entre outros.
Os candidatos poderão se inscrever para participar do edital até 16 de agosto, on-line ou por via postal. Entre os critérios avaliados para obter a premiação estão: contribuição sociocultural que o projeto proporcionou às comunidades; melhoria da qualidade de vida das comunidades a partir de suas práticas culturais; e impacto social e contribuição para a preservação da memória e para a manutenção das atividades dos grupos, entre outros.
Inscrições e mais informações sobre o Prêmio, clique AQUI.
Oficina sobre o Prêmio Culturas Populares – Edição Teixeirinha Data: 09 de agosto de 2019
Horário: das 14h às 16h
Local: Teatro de Cultura Popular Chico Daniel
Endereço: Rua Jundiaí, 641 – Tirou, Natal (RN)
Tem grupo folclórico sob as lentes atentas do projeto Som Sem Plugs – SSP, em especial ao São João e, desta vez, vai além de um clipe. Na segunda-feira, 24 de junho, o SSP apresenta ao público o lindo trabalho realizado com um dos grupos mais tradicionais do Rio Grande do Norte, o Boi Calemba Pintadinho, do município de São Gonçalo do Amarante, que mantém viva a tradição do Boi de Reis há 114 anos. O material estará disponível nas redes sociais e você pode ajudar a divulgar a musicalidade norte-rio-grandense para os quatro cantos do país.
O grupo, atualmente liderado pelo mestre José Veríssimo (Dedé), conserva a expressão folclórica que trata da morte e ressurreição de um boi e, já esteve perante o olhar de importantes personalidades, como é o caso do escritor e pesquisador Mário de Andrade que fez estudos com o grupo tendo o auxílio de Luís da Câmara Cascudo, um dos maiores pesquisadores do folclore e da etnografia do Brasil.
O Boi Calemba Pintadinho também contabiliza em sua trajetória apresentações em eventos dentro e fora do RN, como a participação na posse do presidente João Figueiredo, em 1979, a convite do Ministério da Cultura na época. Em todos esses anos, superando as mais diversas dificuldades, o grupo continua a realizar um trabalho de valorização e resgate da cultura popular no município, no qual crianças e jovens recebem ensinamentos culturais da cidade e os transformam em conhecimento para toda a vida.
Portanto, com o foco na divulgação cultural e musical do estado, por meio das redes sociais e canal no Youtube, o Som Sem Plugs reuniu em um só trabalho, esses dois fatores. A produção – tipo um documentário – com o Boi Calemba Pintadinho foi realizada no Memorial dos Mártires, em São Gonçalo do Amarante. Entre os participantes, estão: os músicos Eliezer do Triângulo – triângulo; Aldair Miranda – zabumba; Germano Luiz – violão e Damião Rabequeiro – rabeca; os galantes Alexandro, Adson, Kleberson, Lucas, Eduardo, Lelinho, Iago, João, Geovani e Anderson e os mascarados Kleber e Wescley Teixeira e Josiel Gomes.
Esse material preparado com todo o carinho da equipe do SSP promete um passeio histórico regido por muitas cores e movimentos. Prestigie as produções norte-rio-grandenses. A temporada 2019 tem o patrocínio da Cosern e Instituto Neoenergia, através da Fundação José Augusto – FJA e a Lei Câmara Cascudo de Incentivo à Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Norte.
O Boi Calemba Pintadinho precisa da sua ajuda. O grupo foi o único escolhido para representar o estado do RN no 55º Festival de Folclore de Olímpia – SP, que acontece em agosto deste ano. O evento é de grande importância para a história do Boi Calemba Pintadinho e à continuidade desse ícone folclórico.
O grupo, formado por 30 pessoas, pega a estrada no dia 31 de julho rumo a Olímpia, para tanto, precisam da sua atenção para custear as despesas com a alimentação dos integrantes.
Ajude! Basta destinar qualquer quantia para a seguinte conta:
Banco do Brasil
Katyene Rafaely Lima Oliveira
Agência. 4486_5
Conta. 14.590_4
Conta poupança
A Divisão do Memorial da Cultura e do Legislativo Potiguar promove, nesta quinta-feira, a palestra ‘Poti or not Tupy? Existe índio no RN?’. Contextualizando saberes através do projeto “Memória Itinerante”, a palestra busca revelar a realidade indígena que nos deu a identidade “Potiguar”. Sumiram do mapa? Onde e como estão (sobre)vivendo os nossos remanescentes?
A palestra será uma introdução à proto-história do RN, objetivando entender os processos de etnocídio, aculturação e genocídio dos silvícolas na Terra de Poti. O palestrante será o antropólogo Plínio Sanderson e será aberta ao público geral. Acontecerá no Auditório Cortez Pereira, da Assembleia Legislativa do RN, a partir das 10h.
Plínio Sanderson é antropólogo, geógrafo, especialista em Gestão Pública, professor na área de humanidades (filosofia, sociologia, geografia, meio ambiente) com foco em estudos do Rio Grande do Norte – território e identidade. Funcionário efetivo da Assembleia Legislativa do RN, desde 1981.
O Rio Grande do Norte terá este ano um representante no Troféu “Berimbau de Ouro”, evento que será realizado nesta sexta-feira (22), em Salvador/BA. O Mestre Marcos (Capoeira Angola de Natal), 64 anos, receberá a premiação por 50 anos dedicados à Capoeira em escolas de todo o RN e através de jogos escolares por 32 anos seguidos, inclusive no Projeto Conexão Felipe Camarão, sendo um dos seus fundadores.
Dos meus oito anos de capoeira, o primeiro foi com mestre Marcos. Sei do seu empenho em não só ensinar, mas organizar e disseminar a capoeira no Estado. E se o toque do berimbau avisa que é capoeira angola, o homem é sinistro na roda! (rs). Merece todo o respeito, muito também pelo trabalho realizado no projeto Conexão Felipe Camarão, o qual é um dos fundadores.
O Troféu Berimbau de Ouro, criado por Máximo Pereira de Brito Filho (Mestre Máximo), brasileiro natural de Santo Amaro/BA, representa a força da Capoeira. A noite de Gala homenageará também outras personalidades por serem destaques do ano em suas áreas profissionais. Nomes de grande peso da Cultura, Política, Jornalismo, Literatura, e obviamente da Capoeira marcarão presença numa noite de valorização e reconhecimento.
Para o Mestre Marcos, a premiação é um grande reconhecimento de ter colaborado com o sistema educacional potiguar ao longo de 50 anos, ensinando centenas de jovens a história da cultura da África/ Brasil e os ensinamentos do Mestre Pastinha, ícone da Capoeira Angola, e de tantos outros mestres de Capoeira brasileiros.
A Casa do Cordel lançará, neste sábado, a partir das 9h, a coleção Dez Mulheres Potiguares. Uma coleção com o perfil biográfico, em cordel, de dez mulheres que fizeram história em diferentes áreas na sociedade potiguar. O lançamento contará com apresentações culturais variadas. Na coleção estão representadas mulheres que atuaram em diversas áreas da cena Norte-rio-grandense.
Ana Maria Cascudo, Zila Mamede e Glorinha Oliveira são biografadas por Rosa Regis; Noilde Ramalho e Nísia Floresta, por Sírlia Lima; Clotilde Tavares teve o seu perfil biográfico escrito por Emília Carla; Auta de Souza vem nos versos de Rita Cruz; Leilane Assunção tem suas ideias em versos da estreante no cordel Vani Fragosa; Júlia Augusta de Medeiros (A Rocas-Quintas) é versejada por Jussiara Soares e, Palmyra Wanderley tem sua vida narrada em cordel por Járdia Maia.
Lançamento da coleção Dez Mulheres Potiguares
Onde? Casa do Cordel (Rua Vigário Bartolomeu 605, Cidade Alta).
Quando? Dia 9 de março (sábado)
Das 9h às 12h.
A coleção estará disponível para venda na Casa do cordel e com as autoras ao preço de R$ 20 reais.
O diretor geral da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto se reuniu com integrantes do grupo Chegança de Barra do Cunhaú, em Canguaretama neste último domingo.
Durante o encontro, que contou com a presença do pesquisador Severino Vicente, o gestor levantou as principais necessidades do grupo, beneficiado pelo Registro do Patrimônio Vivo (RPV), como transporte, incentivos, materiais, cursos de artes e inscrições em editais, além da situação da sede.
Esse grupo de Chegança, assim como o Fandango também de Canguaretama e ainda o Caboclinhos de Ceará-Mirim, sempre foram muito enaltecidos pelo folclorista Deífilo Gurgel como os mais originais do Brasil.
Faz uma década escrevi esse texto abaixo para o Diário de Natal. Visitei o grupo, acompanhado de Deífilo e também de Severino Vicente. E já naquela época a Chegança carecia de incentivos. Confiram:
Batalhas navais entre mouros e cristãos travadas no início do milênio passado ainda são encenadas no Rio Grande do Norte. A época das Cruzadas originadas na Península Ibérica é revivida em canto e enredo. E não provém da recriação pontual baseada em pesquisas históricas de algum grupo teatral ou mesmo da voz aguda da maior romanceira do Brasil, a potiguar Dona Militana Salustino. Vem da Chegança – auto natalino; manifestação espontânea repassada entre gerações durante mais de mil anos até estes dias contemporâneos. O grupo reside hoje em Barra do Cunhaú, município de Canguaretama.
A Chegança resiste ao tempo e ao descaso como o mais genuíno do Brasil e o segundo grupo contemplado pelo benefício da bolsa vitalícia concedida pela Lei do Patrimônio Vivo. A Chegança de Barra de Cunhaú é liderada há 30 anos pelo pescador Waldemir Marques dos Santos, 73 anos.
Ao contrário do Fandango de Canguaretama, a Chegança foi originada fora do município. Foi o tio de mestre Waldemir, João Marques quem trouxe de Natal. João também era pescador. Por coincidência morava na Rua da Chegança, no bairro das Rocas. Foi lá onde recebeu visita ilustre de um tal folclorista e um dos expoentes da arte moderna brasileira.
A visita de Mário de Andrade ao Rio Grande do Norte, nos idos de 1928, foi muito além do famoso encontro com o coquista Chico Antônio. O paulista também visitou grupos folclóricos do Estado. E um deles foi a Chegança comandada por João Marques, nas Rocas.
Foi Mário de Andrade quem afirmou: a Chegança nada tem, a rigor, de caráter nacional. Como afirma o presidente da Comissão Estadual de Folclore, Severino Vicente, o auto chegou em formas portuguesas e incorporaram características particulares que a diferenciaram de outros autos marítimos. A Chegança simula lutas entre mouros e cristãos pela posse da Península Ibérica. É uma versão brasileira, em especial, nordestina, originada das mouriscadas da Península Ibérica e Danças Mouriscas da Europa.
“É quase todo cantado e bailado. Em rápidos intervalos de uma jornada para outra declamam e encenam uma luta entre as partes: uma representando os cristãos e outra os mouros infiéis. O acompanhamento é feito com instrumentos de percussão. Tarol, Caixa e bombo”, completa Severino Vicente.
A Chegança já foi das manifestações indispensáveis às comemorações do ciclo natalino. Usam uma barca e vestem fardas da Marinha Mercante brasileira. É um auto dramatizado. O enredo é ordenado em seqüência de cantigas náuticas de diversas épocas e origens. Algumas, de origem portuguesa. Retratam duelos de espada obrigando os infiéis a se renderem e invocarem o nome da Virgem Maria. Os figurantes recebem patentes e postos, entre os quais se destaca o Ração ou Despenseiro, dois Gajeiros, o Embaixador e o Rei Mouro. Iniciam o espetáculo entoando várias marchas, sendo esta uma das mais tradicionais.
A Chegança carece de incentivos. Falta indumentária e, principalmente, interesse dos membros na continuidade do folguedo. Dos 40 componentes necessários à formação do auto, restam 25. “Faz mais de seis meses estamos parados. Tem quem queira brincar, outros desistiram”, lamentou mestre Waldermir durante visita de Severino Vicente e do folclorista Deífilo Gurgel, acompanhados pelo Diário de Natal, semana passada.
Deífilo Gurgel sugeriu ao mestre encurtar as três horas de apresentação para tornar a encenação mais atrativa aos turistas e mais viável em eventos. “Quem quiser escutar eu tenho tudo gravado, devidamente registrado”, argumenta o folclorista.
A Prefeitura Municipal São Gonçalo do Amarante/RN, através da Fundação Cultural Dona Militana, vai contar a história do padroeiro da cidade em um espetáculo musical. O Auto do Santo Gonçalo será encenado hoje no patamar da Igreja Matriz, Centro, às 20h.
Com duração de 1h e 10 minutos, ao ar livre, a vida e peregrinação do pároco Gonçalo, o beato que pregava gratidão, bondade e misericórdia, serão abordados no palco. “São justamente esses temas que queremos abordar no espetáculo para provocar uma reflexão nos espectadores. Será que estamos, verdadeiramente, sendo cristãos?”, observa Flávio Henrique, presidente da Fundação Cultural.
A direção do espetáculo é de Gleydson Almeida, com texto e trilha sonora de Danilo Guanais. Estão envolvidos 42 artistas são-gonçalenses. O Investimento é de R$ 120 mil oriundos do Fundo Municipal de Cultura.
Neste domingo acontece uma apresentação que tem virado tradição no município de São Gonçalo do Amarante para celebrar o Dia de Reis. A Associação República das Artes Ponto de Cultura Boivivo, pelo quinto ano consecutivo, promove a queima do boi, o ritual que mais simboliza a cultura popular do município.
Segundo membros da Associação, esse festejo tinha inicio no dia 24 de dezembro, véspera de Natal e se estendia até o dia 06 de janeiro. A queima do boi é promovida sem apoio da política cultural. O objetivo da entidade é que essa data importante não caia no esquecimento dos gonçalenses.
A festa de Reis ainda é uma tradição cultural que permanece viva na memória dos norte-rio-grandenses e até o momento se desconhece a existência que outro mestre realize o ritual da queima do boi, senão mestre Elias Baraúnas, do município potiguar de Lagoa Salgada, o único a manter a tradição.
A queima do boi se iniciará logo após a missa, às 20h. Mas o ritual, por ser demasiado longo, começa já às 18h. Na missa, o padre Valberto irá ler um resumo da historia e a importância dessa tradição para a cultura potiguar.
O Natal em Natal apresenta sua última atração da temporada: a tradicional festa de Santos Reis, com programação musical de hoje (2) até sábado (5), com palco montado na lateral da igreja do bairro de Santos Reis, feira de artesanato, gastronomia, economia solidária e jogos.
A festa de Santos Reis reúne artistas potiguares sempre a partir das 21h. Começa hoje (quarta, dia 2), com show de Wilson Silva e Banda Pretta. Na quinta (3) sobem ao palco Panka de Bakana (21h) e Igor Dantas. O Grupo Batuque Resistência e Leão de Judá Samba Reggae Potiguar abrem a noitada para Luizinho Nobre na sexta-feira (4), e no sábado (5) é a vez de As Nordestinas e Isaque Galvão.
A festa de Santos Reis é uma tradição cultural do calendário do Natal em Natal e conta com ação das secretarias de Trânsito, Comunicação, Limpeza e Serviços Urbanos.
No dia 6 (Dia de Santos Reis) acontece a missa no santuário de Santos Reis e na parte da tarde, a procissão.
Wilson Silva 02/01 21h
Pretta 02/01 22h30
Panka de Bakana 03/01 21h
Igor Dantas 03/01 22h30
Grupo Batuque Resistência 04/01 21h
Leão de Judá Samba Reggae Potiguar 04/01 21h30
Luizinho Nobre 04/01 22h30
As Nordestinas 05/01 21h
Isaque Galvão 05/01 22h30
A tradição dos violeiros e repentistas invade a programação do Natal em Natal 2018. Nesta quarta-feira (19), a partir das 19h, a Árvore de Mirassol recebe os principais nomes do gênero na região Nordeste em duelos e apresentações individuais abertas ao público. A realização é da Prefeitura do Natal, através da Funcarte.
O VI Encontro de Violeiros vai reunir o “Time dos Sonhos” de diversas modalidades. Nomes da nova geração: Felipe Pereira, Zé Viola, Helânio Moreira se encontram com veteranos do repente e da viola, entre os quais Severino Feitosa, Evaldo Filho, Oliveira de Panelas, Djair Olímpio, Antônio Lisboa, Amâncio Sobrinho, Iponax Vila Nova, Ismael Pereira, André Santos, Valdir Teles e João Lídio para um passeio pela tradição medieval ibérica dos trovadores que deu origem aos cantadores que vão de região em região com a viola nas costas para cantar os seus versos.
Não importa a beleza da voz ou a afinação – o que vale é o ritmo e a agilidade mental que permita encurralar o oponente apenas com a força do discurso.
A métrica do repente varia, bem como a organização dos versos: há a sextilha (estrofes de seis versos, em que o primeiro rima com o terceiro e o quinto, o segundo rima com o quarto e o sexto), a sextilha (sete versos, em que o primeiro e o terceiro são livres, o segundo rima com o quarto e o sétimo e o quinto rimam com o sexto) e variações mais complexas como o martelo, o martelo alagoano, o galope beira-mar e tantas outras. Todos se baseiam em métrica, rima e oração poética.
O extremo rigor quanto à métrica e a rima perfeita são característicos na cantoria dos repentistas violeiros. O instrumental desses improvisos cantados também varia: daí que o gênero pode ser subdividido em embolada (na qual o cantador toca pandeiro ou ganzá), o aboio (apenas com a voz) e a cantoria de viola.
Um programa imperdível para toda a família. Com muito bom humor, picardia, rapidez de raciocínio e o improviso com causos do dia do dia que imortalizaram o gênero.
Natal em Natal 2018
VI Encontro de Violeiros e Repentistas
Quarta, dia 19
A partir das 19h
Local: Árvore de Mirassol
Realização: Prefeitura do Natal
O conselho da Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo escolheu, nesta quarta-feira, 28, os agraciados da 1ª edição do prêmio, que ocorrerá no próximo dia 10 de dezembro, às 11h, no Senado Federal.
Foram escolhidas seis personalidades entre as dez indicadas, que podem ser não só pessoas, mas grupos e instituições que, por meio do seu ofício, de sua arte e ações, contribuem para manter viva as tradições, as culturas populares e a história do país.
Antônio Francisco Teixeira de Melo, Nelson da Rabeca, Nilson Rodrigues da Fonseca e Pedro Baião, além da Câmara Brasileira do Livro e do Museu da Gente Sergipana foram os escolhidos para receber essa primeira premiação.
Também serão homenageados, em memória, Romualdo Rosário da Costa (Mô do Katendê), João Carlos D’ Ávila Paixão Côrtes e Deífilo Gurgel.
A comenda foi instituída a partir de um projeto de resolução (PRS 14/2017) de iniciativa da senadora Fátima Bezerra, aprovado em maio deste ano.
“Essa comenda, para mim e para o povo potiguar, tem um significado muito especial porque vai incentivar a cultura em nosso País, eternizando a memória de Luís da Câmara Cascudo, um dos maiores estudiosos da cultura popular brasileira”, disse a senadora e governadora eleita pelo Rio Grande do Norte.
“O Senado tem comenda nas áreas de Direitos Humanos (Comenda Dom Hélder Câmara), de empoderamento das mulheres (Prêmio Bertha Lutz) e, agora, nada mais oportuno do que criar essa premiação na área cultural”, completou.
O nome da comenda é uma homenagem ao escritor, historiador, professor e jornalista do Rio Grande do Norte, Luís da Câmara Cascudo (1898-1986). Cascudo é um dos mais respeitados pesquisadores do folclore e da etnografia do país. Ele foi autor do dicionário do folclore brasileiro e deixou sua marca em vários outros campos da literatura, como gastronomia, história e cultura da infância, o que denota a riqueza de sua pesquisa.
Cordelista. É reconhecido publicamente pela musicalidade de seus poemas.
Proponente: senadora Fátima Bezerra
Fundada em 1946, é uma instituição que congrega editores, distribuidores, livreiros e porta a porta, reunidos em torno de uma causa fundamental: a construção de um país com melhor educação através de livros.
Proponente: senadora Fátima Bezerra
Inaugurado em 26 de novembro de 2011, o Museu da Gente Sergipana é o primeiro museu de multimídia interativo do norte e nordeste. É totalmente tecnológico voltado para expor o acervo do patrimônio cultural material e imaterial do estado de Sergipe.
Proponente: senadora Maria do Carmo Alves
Patrimônio vivo de Alagoas. Até seus 54 anos era cortador de cana, quando viu pela primeira vez um violino pela
televisão, apaixonou-se pelo instrumento e decidiu fazer o seu próprio. Produziu cerca de seis mil instrumentos no fundo de sua casa.
Proponente: senador Fernando Collor de Melo
É autor, produtor e roteirista na área de TV e cinema. Venceu a categoria de melhor filme no Festival de Gramado.
Proponente: senador Hélio José
Ator de teatro e televisão, é uma prova viva de que as pessoas com Síndrome de Down são eficientes e podem demonstrar talentos na área de cultura.
Proponente: senador Romário
Folclorista que dedicou grande parte da sua vida a preservar e tornar conhecida, por meio dos estudos, as tradições culturais do Rio Grande do Norte. Faleceu em 2012, aos 84 anos.
Proponente: senadora Fátima Bezerra
Radialista e pesquisador da cultura gaúcha. Considerado referência na promoção e na preservação dos costumes gaúchos. Faleceu em 2018, aos 91 anos.
Proponente: senador Lasier Martins
Capoeirista brutalmente assassinado após uma discussão política no primeiro turno das eleições de 2018.
Proponente: Lídice da Mata
E-mail: Sergiovilarjor@gmail.com
Celular / Zap: (84) 9 9929.6595 Fale Conosco Assessoria Papo Cultura