Coluna Okê Umbanda! #04
Depois de apresentarmos as principais vertentes da Umbanda, chegamos à linha que norteará todas as nossas discussões a cerca de temas onde se mostre a visão umbandista inserida no contexto.
Umbanda Sagrada ou Umbanda Natural, é uma das várias vertentes existentes na Umbanda. Foi fundamentada pelos guias espirituais Pai Benedito de Aruanda e pelo Ogum Sete Espadas da Lei e da Vida, Mestre Seiman Hamser Yê, e difundida a partir de 1996 pelo médium e escritor Rubens Saraceni (1951 – 2015) em São Paulo / SP com a criação do curso de teologia de Umbanda.
Essa linha umbandista procura ser independente das doutrinas africanistas, espíritas, católicas e esotéricas, pois considera que a Umbanda possui fundamentos próprios e independentes dessas tradições, embora reconheça as influências de tais doutrinas na religião.
Essa vertente é pautada pelo estudo e acredita em uma cosmogonia e teogonia próprias que supririam a Umbanda e fariam que a mesma não dependa de outras religiões para se fundamentar.
Principais focos de divulgação dessa vertente:
- Colégio de Umbanda Sagrada Pai Benedito de Aruanda (1999);
- Instituto Cultural Colégio Tradição de Magia Divina (2001);
- AUEESP – Associação Umbandista e Espiritualista do Estado de São Paulo (2004);
- Livros escritos por Rubens Saraceni;
- JUS – Jornal de Umbanda Sagrada editado por Alexandre Cumino e Rodrigo Queiroz;
- Programa radiofônico Magia da Vida;
- Colégios e templos criados por seus discípulos.
Além disso, Rubens Saraceni é considerado o maior escritor da Umbanda (em número de publicações). São mais de 50 títulos publicados divididos em romances, doutrinários e de magias.
Na Umbanda Sagrada se cultua um Deus único (Olorum), o Divino Criador e seus adeptos podem realizar o culto aos santos católicos de maneira sincrética com os Orixás que são entendidos como qualidades e manifestações de Olorum na natureza, sendo reinterpretadas de maneira totalmente distinta das tradições africanas, não havendo nenhuma vinculação dos mesmos com elas.
Saraceni preconiza a existência de 14 Orixás agrupados em pares (energia masculina e energia feminina) em 7 tronos divinos que compõem as 7 linhas de Umbanda. Esses tronos são qualidades divinas essenciais para o processo referente à evolução nos diversos planos da vida.
- Trono da Fé (Cristalino) – Oxalá e Logunan / Oya – Tempo;
- Trono do Amor (Mineral) – Oxum e Oxumaré;
- Trono do Conhecimento (Vegetal) – Oxóssi e Obá;
- Trono da Justiça (Ígneo) – Xangô e Egunitá / Oroiná;
- Trono da Lei (Eólico) – Ogum e Iansã;
- Trono da Evolução (Telúrico) – Obaluaiê e Nanã Buruquê;
- Trono da Geração (Aquático) – Iemanjá e Omulu.
Os 7 primeiros de cada par são chamados Orixás Universais (polaridade positiva), responsáveis pela sustentação das ações retas e harmônicas, e os outros 7, são chamados de Orixás Cósmicos (polaridade negativa), responsáveis pela atuação corretiva sobre as ações desarmônicas e invertidas, com o objetivo de reequilibrar os seres.
Além dos 14 Orixás, a Umbanda Sagrada também cultua e manifesta o Orixá Exú, Orixá Pombagira e Orixá Exu Mirim.
As linhas de trabalho de guias espirituais atuantes à direita são: Caboclo(a)s, Crianças, Preto(a)s Velho(a)s, Boiadero(a)s, Marinheiro(a)s, Povos do Mar, Baiano(a)s, Malandro(a)s, Cigano(a)s e Povos do Oriente. Enquanto as linhas à esquerda contam com Exus, Pombagiras, Exus-Mirins e Pombagira-Mirins.
Quanto à vestimenta, a roupa branca é utilizada pelos médiuns durante as giras, acompanhada de filá (chapéu masculino) e torço (lenço feminino). Também se usa elementos magísticos das entidades, guias, fumo, defumadores, velas, bebidas, atabaques, pedras, ervas, imagens, pontos riscados e cantados nos trabalhos.
Base doutrinária
A Umbanda Sagrada usa como base doutrinária e de fundamentação religiosa todos os livros escritos e publicados por Rubens Saraceni, não pratica o sacro ofício animal, se utiliza da magia divina e de oferendas na natureza que são os legítimos pontos de força dos sagrados Orixás.
A vertente difundida por Saraceni chega há 25 anos respeitada por muitos, por vezes mal interpretada por outros, porém sua abertura inclusiva a outras vertentes, culturas e formas de práticas religiosas, além da aceitação de práticas holísticas faz da Umbanda Sagrada um caldeirão de diversidade cultural religiosa.
Saravá Umbanda Sagrada, salve o Mago do Arco-Íris Sagrado!
Saravá, Axé e Mojubá!
Fonte.: Registro de Umbanda, Renato Guimarães.