Artista usa descartáveis para fazer arte por colagens; exposição está aberta ao público

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A exposição SOBRE-COLAGEM, do artista plástico Isaías Ribeiro, está em cartaz até o próximo dia 30 de junho, na Galeria ConvivArt, do Núcleo de Arte e Cultura da UFRN, Centro de Convivência do Campus Universitário. O horário de visitação é das 9h às 17h, de segunda à sexta-feira.

A exposição é formada por 19 trabalhos onde Isaías Ribeiro utiliza a técnica da colagem para compor um painel de linguagens diversas, memórias, provocações, sensações, compondo um universo próprio e instigante de imagens fragmentadas.

Abaixo, texto do curador da exposição Jaime Biela sobre a obra de Isaías Ribeiro. Mas antes, uma curiosidade sobre Jaime Biela. Este blogueiro, aos 19 anos, aprovado no vestibular para o curso de Filosofia e já na primeira aula o professor aplica uma questão valendo ponto. Era Jaime Biela.

Não bastasse a surpresa, olhem a pergunta: “O que é, quando é, já não é?”. O que vocês responderiam? (rs). Pane geral aos jovens aprendizes. Já no fim do curso, a prova também veio com uma única questão, desta vez mais simples: “O que é filosofia?”, no que Jaime Biela explica ter o mesmo significado da pergunta do primeiro dia de aula.

SOBRE-COLAGEM

Ad Parnassum. Rádica. Rostos. Censura. Círculos. Respekt. (M)Ar. Cúpulas em Berlin. Cópulas no Marais. (Águas do)Céu. Smiths. Da Vinci. Cabeça Dinossauro. Regenbogen. Seduction Machine. Exposed. Exhibition. Freedom of choice. Dream. Planos.

Para onde?

A arte de Isaias Ribeiro, como a arte contemporânea, é múltipla, diversa, polissêmica. Em seu arquivo pessoal cabem memórias, registros, sensações, passagens, ações, tickets, textos, imagens, música, arte, sumários, desejos, dejetos, inúteis não-descartáveis. Fragmentos de crônicas futuras.

SOBRE-COLAGEM combina citacionismo, processo de criação de imagens novas a partir de imagens preexistentes, e upcycling, arte de produzir movimentos/deslocamentos. Em cada uma das dezenove crônicas expostas, tudo é o que é e nada é o que parece ser.

Num primeiro momento, o artista recolhe, rasga, combina, mistura e separa a matéria prima do arquivo. Aqui tudo é COLLAGE. Mas a tela pede mais, pede pintura, veladura, transparência. Construção através da desconstrução. Ocultar para exibir. Desvelar. Tudo aqui é sedução.

A mostra contém dezesseis trabalhos inéditos. #02, #03, #04 foram produzidos há alguns anos. As obras que abrem a exposição (Ad Parnassum I e II) registram a continuidade de temas, técnicas e ideias que formam a trajetória de Isaias. Ideias que o artista resgata e desenvolve. Permanência e transformação.

A opção por apresentar um conjunto formado apenas de COLAGENS permitiu a descoberta de novas possibilidades a explorar. Nas telas #09, #10, #11 é possível reconhecer a estética Merz de Kurt Schwitters, mas também a pop art, o rock, a Renascença. E #09 também invoca as fotocolagens de David Hockney.

Os poemas visuais de Jiří Kolář estão presentes em #12, #13, #01, #06, mas as rádicas destas duas últimas também nos remetem às pinturas recentes de Daniel Senise. A exposição se encerra (#19) com a indicação de que não há um plano, um caminho, mas setas, sentidos, vetores a explorar. Crônicas expostas. Crônicas…

Para onde?

Em meio a tantas variáveis, optou-se por uma expografia que registrasse o traço de racionalidade que se faz presente na longa jornada de recolher, guardar, criar e mostrar que marca o conjunto da obra do artista, daí a opção por um conjunto de trabalhos no mesmo formato, visando à construção de um discurso fluído.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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