Festival com 8 bandas será produzido pelo Forrest Gump da música potiguar

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Imagine a trabalheira para produção de um festival de música. Conseguir reunir bandas e artistas legais em um mesmo palco, alinhar todas as agendas num mesmo dia, passagem de som para cada atração, entre outras dezenas de imbróglios e dores de cabeça.

Foto: Mylena Souza

Mas há como simplificar tudo isso. Precisa ter bons anos de estrada, muita camaradagem no meio musical e participar de praticamente todas as bandas que irão tocar no mesmo festival. Achou que seria fácil? Não, compadre, precisa ser um Zé Caxangá da vida.

Fábio Rocha, vulgo Zé Caxangá, é uma espécie de Forrest Gump da música potiguar. Desde 1999 integra bandas promissoras, seja como tecladista, guitarrista ou “químico” de sons e discotecagens, com arranjos diferenciados e sons-tendência.

E nessa toada atingiu a maioridade de 18 anos de carreira. Para celebrar a data, o cara promoverá no próximo sábado o Caxangá Festival. Será no Ateliê Bar (Ribeira), a partir das 20h. São nada menos que oito atrações confirmadas. E todas elas com o Zé envolvido, seja como músico ou arranjador.

Vamos à escalação. Da esquerda pra direita, sem qualquer conotação política, teremos: Luísa & os Alquimistas, Ângela Castro, Orquestra Boca Seca, Simona Talma, Clara Pinheiro cantando Caetano Veloso, MC Priguissa, Banda Cafonaite e, mesmo esse Forrest Gump presente em cada uma delas, ainda terá a banda Zé Caxangá e seu Conjunto – um trabalho mais exclusivo.

A concentração é na formatação desse primeiro festival. Mas com a divulgação da festa, bandas que Zé Caxangá já tocou se interessaram em participar e há planos possíveis para uma segunda edição.

Trajetória Caxangá

Pensar em todas as bandas de som alternativo, puxadas ao reggae, ao dub e alquimias de sons, nem se desconfia da formação musical clássica do então Fábio Rocha, aluno de piano no Conservatório Frederico Chopin ou da Escola de Música da UFRN. Coisas de mãe…

E coisas de adolescente revoltado, também. Fábio chutou o balde da música clássica e migrou aos instrumentos populares. Teclado, guitarra… E daí às bandinhas de colégio no CIC, em apresentações nas famigeradas Feiras de Ciência e etc.

Só mesmo em 1999 a coisa virou profissional. E com o espólio da lendária banda regueira Cantos do Mangue foi formada o Filho da Terra e Fábio foi convidado para integrar o time, para um mergulho no reggae e na cena underground de Natal. Portanto, do clássico ao reggae sinistro, e do reggae para um sem número de bandas.

Moonganjah

Na sequência veio o Moonganjah, e mesmo ainda na seara do reggae, o lance era mais profissional, com Disco demo produzido no estúdio do icônico Vlamir (rs), e presença em festivais como o MADA, estúdio próprio e shows em locais badalados como o Estação Ribeira, abertura para nomes nacionais e internacionais, como o Gladiators.

No fim dos shows do Moonganjah, Fábio largava o teclado, assumia a guitarra e tocava sozinho uns sambarock pra galera. Virou costume e partiu daí a ideia de fundar a Orquestra Boca Seca, pelo ano de 2003.

Hoje, após 14 anos de palco, a Orquestra é uma banda numerosa, com músicos renomados, como Chico Beethoven e Gilberto Cabral nos metais – tudo fruto de uma brincadeira informal de Zé Caxangá ao fim dos shows do Moonganjah.

Por essa banda e época passaram alguns nomes promissores que Zé logou percebeu o talento e ajudou a lançar no mercado. Um deles, o hoje rapper MC Priguissa.

Clarita

Zé e Clarita Pinheiro

Clara Pinheiro veio depois. Ingressou como backing vocal na Orquestra Boca Seca, por volta de 2007. “Logo percebi o talento vocal e de composição incrível dela”, contou.

E daí surgiu o Clara e a Noite, outra banda marcante da cena. Mas Zé percebeu também outros atributos na moça e daí surgiu também uma babyfofura que a todo instante se manifestava nesse papo via áudio no face, que travei com ele Zé.

Já com algumas bandas na sua rotina, Zé Caxangá idealizou o Coletivo Records, uma produtora focada também na produção publicitária dos artistas, quando poucos atentavam para isso na época.

Ajuntando a galera

Zé também foi responsável por aglutinar músicos para alguns dos melhores álbuns já lançados por aqui. Um exemplo foi o disco ‘E o pior qu’isso tudo não é ficção’, de Maguinho DaSilva.

“Tenho facilidade de juntar as pessoas. E a carreira de Maguinho tava meio morgada com o fim da banda dele, Casa de Orates. Então, chamei outra galera, montamos o DaSilva e a Síncope, vi potencial no som e nos instigamos para produzir os arranjos do primeiro disco dele” (na opinião deste blogueiro, uns dos cinco melhores gravados neste século por aqui).

Foi com esse “poder” aglutinador que Zé também reuniu outros alquimistas da música, como Gabriel Souto e Pedras Leão para produzir um som latino-reggae-dub de fundo para a voz de Luisa Guedes e formar uma das bandas mais legais do atual cenário musical potiguar, a Luisa & os Alquimistas.

Só greiando

Talvez o trabalho mais recente de Zé Caxangá seja a Orquestra Greiosa, com muitos dos músicos mais destacados da cena para um som alinhado por metais, efeitos e muita animação.

Mas o cara não para por aí. Integra também como produtor e arranjador freelancer, várias outras bandas e shows, como o recente Pássaros Proibidos, com Simona Talma e Clara Pinheiro…. Ou mesmo como roodie de outros grupos-irmãos, como o Ezquizophunque e Igapó das Almas.  Tanta coisa que o post vai parar por aqui para não se estender.

Os próximos passos de Zé Caxangá, para além do festival, é a conclusão do seu Home Studio e dar de comer para a babyfofura, que já deve estar com raiva deste blogueiro tomando tempo do papai.

Então, próximo sábado todos no Ateliê Bar. “Segura a tanguinha, confirma a presença e corre pro baile que a fervição é essa”.

SERVIÇO

Quando: 27 de Maio
Horário: 20h
Local: Ateliê Bar & Petiscaria, Ribeira
Ingresso: R$ 10 (primeiro lote)

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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