#CaminhosdeNatal: O ilustre professor que deu nome à Praça João Tibúrcio

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O primeiro registro encontrado de terras concedidas pelo Senado da Câmara do Natal, na área hoje correspondente à Praça João Tibúrcio, na Cidade Alta, data de 3 de julho de 1706, cujo beneficiário foi João do Rosário. Em 4 de agosto de 1731, foram doadas a Francisco Álvares Bastos e Tereza Lopes de Jesus, cinco braças de terra, na atual praça João Tibúrcio, “com todo o fundo que se achasse até o caminho que vai por detrás, pelo mato, para o rio desta Cidade”.

Pelo registro da referida doação, observa-se que, pela traseira da terra concedida, existia um caminho, por dentro do mato, que conduzia ao rio Potengi.

Com a expansão urbana de Natal, foram surgindo novos arruamentos, que para uma melhor identificação, passaram a receber denominação própria. A Casa da Câmara e Cadeia deu origem à rua da Cadeia; a presença da Matriz, à rua da Matriz; a Igreja de Santo Antônio, à rua do mesmo nome, o mesmo acontecendo com a Igreja do Rosário.

De Praça Pedro II à Praça João Tibúrcio

Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança nasceu a 2 de dezembro de 1825, no Paço de São Cristóvão, Quinta da Boa Vista/RJ. Filho de D. Pedro I, o primeiro Imperador do Brasil, e da imperatriz Leopoldina. Pedro II teve como mãe de criação, a Condessa de Belmont, em virtude de ter falecido a imperatriz, quando o príncipe contava apenas com um ano de idade.

Em 9 de abril de 1831, dois dias após a abdicação de D. Pedro I, o menino Pedro foi proclamado Imperador do Brasil, quando tinha apenas cinco anos de idade. José Bonifácio de Andrada e Silva foi então nomeado seu tutor, encarregando-se da educação do imperador infante, até que o mesmo atingisse a maioridade e pudesse exercer sua função.

Após a reforma constitucional, o Imperador assumiu o poder efetivo, quando contava com apenas quinze anos, no dia 23 de julho de 1840. D. Pedro II governou o Brasil durante 49 anos, ficando conhecido como o “Moderador”. Dedicou-se à tarefa de pacificação do país, consolidando e unificando o Império. Casou-se em 30 de maio de 1843, com Tereza Cristina Maria, tendo-lhes nascido 4 filhos.

No dia seguinte à Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, D. Pedro II recebeu uma carta do então Presidente da República, o Marechal Deodoro da Fonseca, pedindo-lhe que saísse do país. No dia 17 do mesmo mês, a Família Imperial partiu para Portugal. D. Pedro II faleceu em Paris, a 5 de dezembro de 1891, vitimado por uma pneumonia. Em 1920, seus restos mortais foram transladados para o Brasil, hoje repousando na Catedral da Cidade de Petrópolis, RJ.

Em 2 de dezembro de 1925, dia do Centenário de D. Pedro II, foi inaugurado, na atual praça João Tibúrcio, em Natal, um busto daquele que foi o segundo imperador do Brasil. Não foi possível precisar a data da substituição do nome da praça D. Pedro II para João Tibúrcio. Segundo Câmara Cascudo, em 1940 ainda perdurava aquela segunda denominação da praça.

O professor João Tibúrcio

João Tibúrcio da Cunha Pinheiro, nasceu em 13 de maio de 1845, no sítio Suspiro, em Goianinha. Estudou com o padre Joaquim Severiano Ribeiro Dantas. Aos 24 anos, João Tibúrcio foi aprovado em concurso público e nomeado professor de latim em Assu. No mesmo ano, a 15 de junho, veio transferido para Natal, a fim de lecionar no Atheneu Norte-Rio-Grandense. A 1 º de março de 1905, passou a ensinar também a língua portuguesa. Foi ainda professor na Escola Normal e de vários colégios particulares de Natal. Diretor Interino da Instrução Pública, nos anos de 1892/93. No período de 1878/79 exerceu atividades como deputado provincial.

O professor João Tibúrcio morava na então Praça das Laranjeiras, “a última casa à direita descendo para o Passo da Pátria”. Ensinava latim também em sua residência. Um dos seus mais ilustres alunos, Luís da Câmara Cascudo, assim o definiu: lá o conheci velho, mas robusto e sólido como um tronco de aroeira, andando devagar, rolando olhares lentos, com o charuto infalivelmente dura fogo, na ponta do lábio”.

Em 1919 foi comemorado o Jubileu de Ouro do professor João Tibúrcio, na ocasião sendo consagrado como um modelo de mestre. Aposentou-se em 13 de maio de 1927, com 58 anos de magistério. Não suportou o vazio, falecendo um mês depois, a 24 de junho, em Macaíba. Seus restos mortais foram trasladados para Natal, em 15 de outubro de 1928, Dia do Professor. Na mesma data foi inaugurado o seu busto de bronze, na pracinha por detrás do Atheneu.


ILUSTRAÇÃO: Mônica Rosário Alves


tos da Santa Cruz.


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Jeanne Nesi

Jeanne Nesi

Superintendente do IPHAN-RN, Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do RN, e Sócia correspondente do Instituto Histórico Geográfico e Arqueológico de PE. Fundou a Folha da Memória, com periodicidade mensal. Publicou cinco livros, sendo dois como co-autora. Publicou folhetos, folders e cordéis e mais de 300 artigos sobre o assunto em uma coluna semanal no jornal Poti, na Folha da Memória e em revistas do IHGRN.
Atualmente aposentada, mas sempre em defesa do patrimônio histórico.

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