#CaminhosdeNatal: Rua de Santo Antônio e a principal arquitetura barroca da cidade

rua santo antônio

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O primitivo Caminho do Rio de Beber Água, em Natal, foi posteriormente transformado em Rua de Santo Antônio. Os registros de doações de terras, concedidas pelo antigo Senado da Câmara do Natal, informam que os terrenos localizados ao longo daquele caminho eram muito requisitados pelos moradores da Cidade.

Tal preferência justifica-se pela proximidade geográfica da fonte de água que abastecia a Cidade. Segundo Câmara Cascudo, as primeiras casas ali construídas eram voltadas para o nascente, ocupando assim apenas um dos lados da rua.

O registro da primeira doação de terreno no Caminho do Rio de Beber Água, data de 31 de julho de 1678, cujo beneficiário foi o sargento-mor Francisco Lopes. Todavia, através da leitura da referida doação, percebe-se que o capitão Manuel de Abreu Soares já residia na referida ‘’rua que vai para o rio desta Cidade’’.

Em 15 de julho de 1763 aparece, pela primeira vez, o topônimo rua de Santo Antônio, constante da carta de doação feita ao alferes José Barbosa Gouveia. Era a Rua Nova de Santo Antônio. Pretendia o beneficiário “fazer moradas de casas, com frontaria de pedra e cal”.

Igreja de Santo Antônio

Tal registro indica que naquele ano já se achava em construção a Igreja de Santo Antônio. As obras de edificação do templo somente foram concluídas em 1766, data que se encontra registrada no alto da porta principal.

A Igreja de Santo Antônio, que denominou a rua, tem um destaque especial na Cidade, pela sua beleza e imponência. Trata-se do melhor exemplar da arquitetura barroca em Natal. O templo é também conhecido como a Igreja do Galo, devido à existência de um galo de bronze encimando a cúpula da torre da igreja.

O galo foi presenteado pelo capitão-mor Caetano da Silva Sanches, devoto de Santo Antônio, e que governou a Capitania no período de agosto de 1791 a março de 1800.

Atualmente a referida igreja abriga, na sua galeria lateral esquerda, o Museu de Arte Sacra de Natal, constituído por um rico acervo de peças sacras, datadas dos últimos quatro séculos.

Santo Antônio

A Igreja de Santo Antônio em Natal, com a colaboração de pessoas generosas mantém a tradição, até os dias atuais, de distribuir alimentos aos pobres, continuado assim o exemplo deixado por Santo Antônio.

Este nasceu em 1195, em Lisboa, capital do Reino de Portugual, sendo filho de pais nobres. Aos 16 anos ingressou na Ordem Religiosa dos Agostinianos. Ordenou-se padre em 1220, tendo viajado a Marrocos, na África, com o objetivo de catequese. Retornou à Europa um ano mais tarde, tornando-se um grande pregador. Aos 26 anos transferiu-se para a Ordem dos Franciscanos.

Faleceu em Pádua, Itália, no ano de 1232, tendo sido canonizado pelo papa Gregório IX. Sobre o seu túmulo foi erguida uma basílica.

No Brasil, Santo Antônio é considerado um dos santos de maior devoção, e venerado como o “Santo Casamenteiro”. No folclore brasileiro, há registro de muitas canções, parábolas e histórias sobre os poderes de Santo Antônio de Pádua.

Uma outra edificação de destaque, naquela rua, é a conhecida Casa do Bispo, o antigo Paço Episcopal, construída no final do século passado, defronte à Igreja de Santo Antônio.

Coronel Bonifácio

Em 1888, um decreto municipal mudou a denominação da rua para Coronel Bonifácio. Este nasceu em Natal a 14 de maio de 1813. Em 1852 foi eleito deputado provincial, reeleito para cinco legislaturas. Foi chefe do Partido Conservador (chamado Nortista), Coronel da Guarda Nacional, cavaleiro da Imperial Ordem de Cristo, Oficial da Imperial Ordem de Cristo, Oficial da Imperial Ordem da Rosa, Comandante-Superior da Guarda Nacional, Inspetor da Tesouraria de Fazenda, Administrador da Repartição dos Correios, e várias vezes Presidente da Câmara Municipal do Natal.

Como 2º vice-presidente, assumiu o governo do Rio Grande do Norte, no período de 19 de janeiro a 17 de junho de 1873. Câmara Cascudo o definia como um homem honesto e respeitável, “gordo, afável, impassível, rosto escanhoado, feições graves, composto e circunspecto’’.

Faleceu a 2 de novembro de 1883, em Natal. Foi sepultado no mesmo túmulo do Padre Pinto, seu tio e padrinho, a quem devotava uma grande veneração. A rua Coronel Bonifácio reverteu à sua antiga denominação de rua de Santo Antônio, em 1941.


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Jeanne Nesi

Jeanne Nesi

Superintendente do IPHAN-RN, Sócia efetiva do Instituto Histórico e Geográfico do RN, e Sócia correspondente do Instituto Histórico Geográfico e Arqueológico de PE. Fundou a Folha da Memória, com periodicidade mensal. Publicou cinco livros, sendo dois como co-autora. Publicou folhetos, folders e cordéis e mais de 300 artigos sobre o assunto em uma coluna semanal no jornal Poti, na Folha da Memória e em revistas do IHGRN.
Atualmente aposentada, mas sempre em defesa do patrimônio histórico.

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