Lendas cervejeiras e seus mitos folclóricos

lendas cervejeiras

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Salve, cervejeiros lendários!

De vez em quando, eu gosto de trazer alguns textos menos focados na técnica e mais dedicados a elementos culturais. O texto de hoje vai mais nessa esteira descompromissada.

Faz parte do imaginário cervejeiro algumas lendas e o que elas escondem em seus mitos folclóricos. São estórias, não necessariamente verdadeiras, ou, por vezes, parcialmente, que povoam a cultura cervejeira.

No texto em andamento, vamos tratar de 3 lendas que permeiam esse imaginário.

A primeira delas é a lenda da “Brahma de Agudos”.

A segunda é “A Lenda da cerveja choca”.

A última é a lenda “Da Superioridade da cerveja de garrafa (sobre a lata)”, e/ou, vice-versa, a depender de quem conta a conta.

Portanto, viajemos entre mitos (não vamos falar da “Noivinha de Aristides”, não se preocupem) e lendas, para conhecer um pouco do “folclore cervejeiro” (estou me sentindo um pouco “Câmara Cascudo” hoje, só que “menos integralista”).

Abra sua cerveja e vamos às lendas!

Brahma de Agudos: A melhor cerveja do mundo

Uma das lendas mais perpetuadas no meio cervejeiro (de boteco) talvez seja a da “Brahma de Agudos”. Ouço essa lenda desde quando eu era criança e nem sequer cogitava bebericar uma “loura gelada”.

Não se trata de uma Brahma qualquer, ela é a Brahma feita com as águas cristalinas e mais puras da cidade de Agudos, interior do Estado de São Paulo.

Tal como todas as lendas (não apenas as cervejeiras), existem variantes para essa estória. Exemplificativamente, tem-se notícia também da “Antárctica da Paraíba”, a qual os sommeliers botequeiros reconheciam apenas por causa da água utilizada.

Derradeiramente, é uma falácia dizer que se reconhece uma cerveja apenas pela água usada. Já que é mais fácil distinguir Sivuca de Hermeto Pascoal durante uma nevasca no Alasca que conseguir acertar uma cerveja apenas pela água usada na sua produção…

A base da Lenda: A água puríssima usada na cerveja

Todas as lendas cervejeiras que seguem o script da “Brahma de Agudos” se baseiam no mesmo pressuposto: a pureza da água usada. É uma espécie de Reinheitsgebot tupiniquim…

Ou seja, a cerveja não é a melhor do mundo por causa dos maltes de alta qualidade ou por causa dos lúpulos nobres utilizados… Não! A Brahma de Agudos é uma cerveja estupenda simplesmente porque sua água é pura e cristalina.

Claro que a maior parte da composição da cerveja é água (aproximadamente 99%)!

No entanto, o resultado final é muito menos impactado pela água (caso ela não tenha nenhum defeito, como, por exemplo, ter sido clorada – o que pode causar clorofenol), que pelos seus outros componentes.

Assim, uma água de boa qualidade impacta o resultado final, todavia, ele não é um elemento diferencial, quando comparado com os outros componentes da cerveja.

Maltes e lúpulos de alta qualidade são muito mais relevantes para uma boa cerveja, do que usar uma água puríssima e ainda assim colocar muitos adjuntos (de má qualidade, como xarope de milho) e até mesmo estabilizantes e conservantes.

Portanto, mais um “mito desfeito”. A Brahma de Agudos (SP) não é diferente da Brahma que era feita lá em São Gonçalo do Amarante (RN), apenas pela água usada. E nenhum sommelier de copo sujo sabe diferenciar uma da outra apenas por esse elemento hidrófilo…

A Lenda da cerveja choca

A lenda da cerveja “choca” também é uma “barbada” do folclore cervejeiro: mais comum que copo americano em “boteco de litrão”.

Na verdade, o habitat natural dessa lenda é justamente os estabelecimentos de ilibada reputação, que servem cervejas no grau conhecido como “canela de pedreiro”, ou a velha cerveja “mofada”. Apesar de isso não ser, necessariamente, um pecado…

Tal como todas as lendas, ela possui sempre uma “meia-verdade” embutida em sua formulação. Ou como diria Heidegger, uma verdade em sua “não-verdade”… então vamos desvelar o ente para compreender melhor a lenda.

Por que a cerveja fica “choca”?

A meia-verdade contida na lenda da cerveja choca se chama “choque térmico”. De fato, o choque térmico pode ocasionar a desestruturação molecular. Ele ocorre quando há uma repentina adição térmica no meio, ocasionando a movimentação das moléculas e, a posterior, formação de cristais de gelo.

Certamente, quando ocorre o choque térmico, a cerveja tem toda a sua estrutura alterada, mudando, para pior, o seu aroma e o seu sabor. Todavia, é provável que quando há o choque térmico, por causa da expansão do volume do líquido (agora, congelado), que a garrafa ou a lata estoure. Por isso que a cerveja congela quando se toca com os dedos (quentes) no meio de uma cerveja prestes a congelar.

Diferentemente do choque térmico, no imaginário popular, a cerveja fica choca quando ela é resfriada, retirada do resfriamento, e novamente posta para ficar gelada. Esse movimento de mudança de temperatura pode ser mais sensível em cervejas não-pasteurizadas, que precisam de uma refrigeração contínua para conter a proliferação de organismos que fermentam, todavia, é inócuo nas pasteurizadas.

Contudo, nas cervejas de massa, pasteurizadas, e mais comuns a serem servidas nos botecos da vida, tal movimento tende a afetar minimamente a cerveja. Algo que passa despercebido diante da quantidade ingerida. Sendo irrelevante na experiência gustativa final dos sommeliers de boteco.

Assim, a não ser que você tenha a rara ocasião de beber uma cerveja que foi congelada (e não estourou) e depois foi servida em uma temperatura menor, certamente ela não será atingida pela lenda da cerveja choca.

lata ou garrafa
Foto: www.bavihaus.com.br

Da superioridade da cerveja em garrafa (sobre a lata) – e vice-versa

Talvez, essa seja a “lenda” de hoje que seja mais “inexata”. Na verdade, sobre o dissenso sobre o envase em garrafa ou em lata ser melhor paira a dúvida, e, de fato, inexiste uma resposta única sobre esse embate.

Todavia, existe a lenda (ou as lendas) que tentam justificar porque um é melhor do que o outro. Existem também os fatos (que não são lendas, por conseguinte) que pendem para um ou para o outro lado do debate.

A origem dessa lenda se baseia na premissa que a lata seria inferior porque, por ser de metal, afetaria o sabor da cerveja com notas dessa natureza (metálica).

Tal elemento poderia até ter algum fundamento de verdade muito tempo atrás, mas, hoje em dia, as latas já possuem um revestimento oculto de epóxi de plástico que impede o contato do líquido direto com o alumínio.

As diferenças no envasamento em garrafa e no enlatamento existem

Ainda que não se possa dizer que a garrafa é superior à lata, como se perpetuou na lenda, tampouco se pode afirmar taxativamente que enlatar a cerveja é melhor, no contexto geral.

As latas são melhores para prevenir do fenômeno do lightstruck (ou skunk). Ele é a degradação da molécula que dá amargor ao lúpulo, o iso-alfa-ácido. Na presença da luz ele se quebra e dá origem a um aroma e sabor semelhante ao cheiro (nada agradável de gambá).

Tal fenômeno (lightstruck) é mais recorrente em garrafas de cor mais clara (verde ou transparente), já que as mais escuras (cor de âmbar) protegem melhor contra o impacto luminoso na cerveja.

Todavia, o envase em garrafas de vidro pode ser melhor para as cervejas de guarda, já que o envelhecimento requer uma certa dose de oxidação positiva, algo inviável nas latas.

As latas, por seu turno, são melhores protetoras para as cervejas, o que faz com que sejam capazes de entregar um líquido mais fresco. Além disso, são facilmente recicláveis e agridem menos o meio-ambiente.

O ponto negativo em enlatar a cerveja ainda são os altos custos, fazendo com que apenas cervejarias de médio e grande porte. O que faz com que poucos acessem essa tecnologia de acondicionamento do líquido sagrado.

No final das contas, engarrafar ou enlatar possui finalidades e objetivos diferentes, e consequentemente, pontos negativos e positivos intrínsecos. Não sendo possível falar que um modelo de acondicionamento é melhor ou pior que o outro.

Mais uma lenda que se esfacela.

Saideira

O folclore cervejeiro é cheio de mitos e de lendas, apenas três foram selecionados para ilustrar um pouco da cultura popular que orbita com crendices o líquido das multidões.

Inexistem, portanto, a lenda de que a pureza da água seja o segredo da Brahma de Agudos (haja Brahmosidade!).

Tampouco, as cervejas de massa ficam chocas caso sejam resfriadas e depois voltem à temperatura ambiente para que sejam mais uma vez resfriadas (não confundir com o choque térmico!).

E, por fim, não persiste a lenda antiga de que cerveja de garrafa é melhor que a enlatada. Pelas novas tecnologias empregadas, a lata consegue até proteger a cerveja melhor que a garrafa! Ainda que cada uma delas tenha objetivos diversos entre si, não havendo um consenso de qual método de envase é melhor.

Certamente, as lendas descritas vão continuar a povoar o imaginário cervejeiro por muitos e muitos anos. O que vale é ter uma noção de como elas persistem e o porquê de elas se perpetuarem. Há sempre uma explicação racional para tais lendas da cerveja.

Recomendação musical para degustação

O texto de hoje certamente não é sobre uma lenda de amor, e sim de lendas cervejeiras. Mas, ao se falar de música e pensar na palavra “lenda”, obviamente, a primeira música que vem à mente, é a música A Lenda da (ex) dupla pop (infantil?) Sandy & Júnior.

Não julguemos a qualidade musical da recomendação, tampouco a (não) veracidade das lendas… mas eu sei que você já cantarolou o refrão meloso dessa música em algum momento da sua vida, anos atrás…

Só não sei se as lendas cervejeiras fazem sorrir ou chorar… a degustação é quem sabe!

Saúde!!

Lauro Ericksen

Lauro Ericksen

Um cervejeiro fiel, opositor ferrenho de Mammon (מָמוֹן) - o "deus mercado" -, e que só gosta de beber cerveja boa, a preços justos, sempre fazendo análise sensorial do que degusta.
Ministro honorário do STC: Supremo Tribunal da Cerveja.
Doutor (com doutorado) pela UFRN, mas, que, para pagar as contas das cervejas, a divisão social do trabalho obriga a ser: Oficial de Justiça Avaliador Federal e Professor Universitário. Flamenguista por opção do coração (ou seja, campeão sempre!).

Sigam-me no Untappd (https://untappd.com/user/Ericksen) para mais avaliações cervejeiras sinceras, sem jabá (todavia, se for dado, eu só não bebo veneno).

A verdade doa a quem doer... E aí, doeu?

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48 Comments

  • George Farias

    Boa tarde Lauro,

    Gostaria de saber o que poderia ter ocorrido com a cerveja quando ao colocar no copo não ha formação nenhuma de espuma e para confirmar derramo um pouco no chão para ter a certeza de que não esta espumando. Esse fato é que denomino de “cerveja choca”

    • Lauro Ericksen

      Olá, George, perdão pela demora.
      Sem uma análise de uma amostra fica difícil determinar com certeza qual a causa. Todavia, o problema relatado parece ser culpa da carbonatação (ou falta dela), ou seja, ausência de gás carbônico na cerveja, falta de gás, de modo mais genérico.
      Quando falta gás, diz-se que a cerveja está flat (ou seja, plana, sem borbulhas).
      O difícil é identificar o que está causando isso. Pode ser problema de envase, pode ser problema de atenuação das leveduras (fermento), pode ser problema da temperatura em que ela está sendo servida (o gás é mais solúvel em temperaturas mais baixas, ou seja, a cerveja faz mais espuma quando está mais quente).
      No entanto, são apenas suposições sobre o problema, todavia, podemos afirmar que ela não fica assim (ou seja, choca), porque foi resfriada e depois voltou à temperatura ambiente. Tem a ver com algum dos possíveis fatores levantados.
      Um abraço e boas cervejas!

  • Carlos Eduardo Mamutty

    Lauro Ericksen …

    Seu nome parece de alguma cerveja que já provei , vc usa muitos termos técnicos para confundir a maioria dos bebedores de cerveja , mas na verdade está confuso , Não sei se te pagaram para dizer que as cervejas fabricadas em Agudos são iguais as outras , mas não são mesmo, eu bebo bem pouco , e te garanto a diferença é grande, acredito ser a água que como vc mesmo diz é 99% da cerveja, mas pode ser outra coisa , que eu ainda não percebi… Mas que são diferentes, isso são !

    Forte abraço.

    • Lauro Ericksen

      Olá, Carlos!

      Certamente meu nome não é comum. Se você o viu por aí, ou você provavelmente teve algum processo trabalhista no Rio Grande do Norte, ou pesquisou sobre filosofia contemporânea e leu algum dos meus artigos acadêmicos (ou viu algum outro texto sobre cerveja nesse blog mesmo. Aliás, recomendo a leitura dos demais textos encontrados na seção: https://papocultura.com.br/category/gastronomia/).

      Diferentemente de outros textos meus, que eu uso uma linguagem mais técnica, acredito que o texto em referência, é um dos mais simples. Mais direto e objetivo, sem muitos pormenores técnicos (apenas algumas noções básicas de estados físicos da matéria para explicar a “cerveja choca”, mas nada complexo).

      De toda maneira, gostaria que você dissesse em qual parte você achou o texto “confuso”. Só então, poderei tentar te esclarecer, e servirá para que eu escreva textos mais claros.

      Você realmente acredita que eu recebi dinheiro para escrever esse texto?

      Ou melhor dizendo, qual o impacto que você acha que meu singelo texto teria contra a toda-poderosa AmBev?

      Não sei onde exatamente você viu o link para esse texto, mas tenho quase certeza que não foi por meio de um pop-up em algum grande conglomerado de comunicação, tipo UOL ou Globo.com… de toda maneira, se algum executivo estiver lendo, aceito propostas!

      Se você mesmo, ao final do comentário, diz que não sabe o porquê de a Brahma de Agudos ser melhor… Bem provável que ela não seja… Aliás, ela pode até ser, mas isso não tem relação com a água do local. Por ela ser mais pura nem nada disso… Por mais que ela seja 99% da composição da cerveja, aquele 1% é mais relevante para determinar aromas e sabores.

      Espero que você tenha gostado do texto! Recomendo-te boas cervejas e boas leituras!

      Um abraço!

      🍺🍺🍺🍺🍺🍺

  • Leonardo Rocha

    As pessoas se sentem atraída pelo título.

    Pensando encontrar uma resposta para aquilo que desejam.

    E de repente enconta uma matéria de um cara que teve e oportunidade de falar algo de bom e a perdeu.

    • Lauro Ericksen

      Olá, Leonardo!

      Pelo título: Lendas Cervejeiras e seus mitos folclóricos

      O que você esperava achar?

      Uma foto do Saci Pererê bebendo uma cerveja escura?

      A mula sem cabeça de porre com o padre?

      Ou quem sabe o Boto na farra bebendo Brahma de Agudos?

      Diga-me, qual sua lenda favorita?

      🍺🍺🍺🍺🍺

  • Leonardo Rocha

    Muito fraco.
    Parece matéria comprada por algum fabricante de cerveja.

    Você só falou de Ambev. Seria esse o patrocinador?

    Falou de cerveja choca. Se não existe, não sei o que pode ser então. Mas a resposta não foi convincente, agirá dizer que não existe…

    A opinião do bebedor de litrão em como americano que fica na porta do boteco, pelo menos pra mim. Tem mais valor.

  • Lucas Prestes

    Lauro, gostaria de elogiar seu texto pela forma expositiva. Fostes muito claro na exposição dos argumentos sem,contudo, carregar o texto com informações técnicas que dificutassem a compreensão de leigos (como eu). Me admiro com arte de redigir muitas informações, condensando-as de modo a não tornar o texto longo e ao mesmo tempo de leitura escorreita, e, a meu ver, você parece dominá-la. Parabéns.
    Quanto ao conteúdo, por se tratar de ciência que não domino, eu só poderia opinar com o empirismo. Por este se basear em experiências/percepções viciadas, inclusive pelas citas lendas, não o vejo como adequado pra argumentar. Então me resta refletir e degustar umas latas sem preconceito das lendas.

    • Lauro Ericksen

      Olá, Lucas!!!

      Agradeço enormemente as palavras gentis! Igualmente agradeço pelos elogios!

      Meu grande objetivo é sempre a divulgação da cultura Cervejeira! Com esclarecimentos, curiosidades e informações sobre o assunto!

      Fico feliz quando as pessoas gostam e lêem os textos com entusiasmo!

      Muito obrigado!!

      Um abraço! E boas cervejas!!

      🍺🍺🍺🍺

  • Ronaldo Viana Leite

    Ericsson, vc ganhou um admirador. Apesar de não ser conhecedor da fabricação de cervejas industrializadas, conheço bem pouco de cervejas artesanais, hoje em dia.
    Tudo que vc explicou está baseado em princípios da técnica milenar de produzir cerveja. Aliás, o Brasil poderia ser considerado considerado bebê na fabricação de cerveja.
    De resto, a baboseira que li de opiniões de bebedores de cerveja, chego a pensar seriamente que tem gente bebendo mijo de vaca acreditando que é cerveja ou eles têm sérios problemas de cognição.
    Muitos não diferenciam chiclete com banana de chiclete com melão.
    Quero crer que eles, talvez, um dia quem sabe, vão ter uma vaga percepção sobre cerveja. Por enquanto, não passaram de tomar cerveja de mijo de égua jurando ser cerveja de mijo de vaca.

    • Lauro Ericksen

      Olá, Ronaldo!!

      Agradeço por ter gostado do conteúdo do texto!

      Realmente, é cada sommelier de boteco que a gente encontra comentando por aí…

      As pessoas preferem o apego psicológico àquilo que julgam conhecer, por mais que você mostre evidências robustas na direção contrária ao que elas estão acostumadas.

      Mas, não tem outra forma de desmistificar o que já foi mistificado, se não com informação e esclarecimento!

      Abraços!! Boas degustações!!

      🍺🍺🍺🍺

  • Marcus Vinicius

    Caro Lauro, concordo em parte com seu artigo, porém quem vai concordar com tudo e sempre né? Sobre a questão da Água, sendo lenda ou não, abalo psicológico ou não, a realidade é que quem bebe sabe, que bebe conhece. Certa feita cheguei em Friburgo-RJ, e pedi uma Bohemia, e o dono do bar me disse para beber a Kaiser, que era diferente da que tinha no Rio, e olha que eu nunca gostei do sabor da Kaiser. Topei o desafio, mesmo com o psicológico voltado para a ruindade da oferecida e me surpreendi, valeu a pena. E não há grande diferença de distância entre Friburgo e Rio de Janeiro, sendo assim o fator transporte pouco se aplica, e sim, a água faz 99% da diferença. Forte abraço!

  • Alfredo

    Na verdade seria ao contrário meu amigo, a Antartica possuía uma fábrica no centro de RP, aliás existia uma estória* que o Chopp do Pinguim era o melhor por que os dutos vinham direto da fábrica.

    Abraço

  • Alfredo

    Pelo visto cerveja não deve ser seu forte, serei direto e objetivo.
    Vc tem duas situações com relação á agua:

    Água de poços artesianos necessitam menos adição de produtos químicos para corrigir PH, etc…
    Água de rios, decantação, filtração, cloração, passagens por filtros de carvão ativado, etc…

    Vc acha que após tudo isso, não há diferença no sabor da cerveja????

    • Lauro Ericksen

      Prezado, Alfredo.

      A um custo baixo, qualquer indústria consegue purificar água de sarjeta e dotá-la das características ideais para cada tipo de cerveja.

      Não importa de onde ela veio, já que qualquer um com conhecimento básico de química consegue corrigir os eventuais defeitos existentes. É barato e rápido.

      O impacto no resultado vem do transporte, armazenamento, etc…

      A questão da água é só lenda.

      Abraço!

      Boas cervejas!

  • Eduardo

    Não entende nada de cerveja…

    • Mszx

      Cervejas de hoje em dia são um lixo.
      Mesmo as consideradas Premium são ruim.
      Heineken, budlixo, amsbosta, Stela Aikeruim.
      Mas tem umas piores que são as mais tradicionais do povão. Quer coisa boa faça você mesmo.

    • Lauro Ericksen

      Olá, Eduardo.

      Eu entendo mesmo é de filosofia contemporânea continental (existencialismo e fenomenologia), já que meu doutorado é nessa área.

      Cerveja mesmo eu só bebo, brinco e escrevo uns textos. O pessoal tem gostado, já teve mais de 50 mil leituras esse texto de agora… Parece algo bem relevante.

      Espero que você também tenha gostado.

      Mas, conte-me, o que é entender de cerveja?

      Um abraço! Boas cervejas. 🍺🍺🍺🍺

  • Clarisvaldo Assali

    Precisamos sentar e beber junto, do que você postou metade não concordo, e o que você deve ter de idade eu tenho de cerveja, e se você colocar uma brahma, sem ver eu te falo qual é a de agudos

  • Cleber

    Cara vc não entende nada de cerveja pelo amor de Deus!!!

    • Lauro Ericksen

      Boa noite, Cleber.

      O que é entender de cerveja? Poderia me explicar?

      Você é sommelier de estilos cervejeiros?

      Fico no aguardo.

      😉

  • Joao Renam de Souza

    Durante muito tempo, ouvi falar que a Antártica de Ribeirão Preto era horrível, e o motivo era a água. Meu irmão tinha um bar em uma cidade próxima, e quando vinha o distribuidor, ele já perguntava de onde vinha. O distribuidor até já sabia que não ia fazer negócio.

    • Lauro Ericksen

      Olá, João Renam!

      Então, faz até sentido perguntar de onde vem, porque a questão aí é de logística (talvez a logística de Ribeirão Preto seja melhor que a de Agudos, não sei, não sou paulista…).

      No entanto, geograficamente, ambas as cidades (a Brahma de Agudos e a Antárctica de Ribeirão Preto) são servidas pela mesma bacia hidrográfica do Tietê, oriundas do aquífero Guarani. De modo abstrato, não há muitas diferenças, apesar de não se saber a fonte exata da água, qualquer eventual problema pode ser facilmente resolvido quimicamente, qualquer engenheiro de produção sabe como acertar esses detalhes.

      A questão da logística, por outro lado, é bem mais complicada, o transporte e o armazenamento dessas cervejas pode ter impactado, e talvez o próprio produtor soubesse desses detalhes. Aí já prevenia de uma compra ruim!

      Recomendo-te boas cervejas, e que todas sejam melhores que a Antárctica de Ribeirão Preto!!

      Um abraço!

      • Nelson KA

        Bom dia,
        Sem criar nenhuma polêmica com outras marcas e fabricantes, mas o que chama de lenda na verdade tem um fundamento técnico. Trabalhei alguns anos na CCB (Cia Cervejaria Brahma) SPI (Interior de São Paulo) e depois Amvev, entre os anos 90 e 2000. Toda fábrica Brahma era avaliada num ranking com dezenas de critérios. E a fábrica de Agudos ficava muitas vezes no topo desse ranking. O bônus/premiação desses funcionários de cada fábrica era inclusive afetado por esse ranking. A qualidade da água é sim, fundamental e critério para definição de localização da fábrica. Afeta o gosto final, é claro! Tem reações químicas diferentes com base na sua composição. Vide cervejas estrangeiras que usam água de geleiras e fazem questão de destacar no anúncio.
        A qualidade da água e suas características ideais, ingredientes selecionados de 1a, combinada com a excelência de produção da unidade Agudos e seus mestres cervejeiros ajudaram a criar a fama da cerveja vinda de lá. Não sei se isso se manteve, mas é fato no passado que explica. E funcionários, distribuidores e parceiros ajudaram a difundir.
        Cerveja choca já comentaram muito e concordo. A questão de lata e vidro, a minha preferência é vidro e escuro pelos motivos já falados. Vidro, usando os cuidados de preservação adequados, longe do sol e variações bruscas de temperatura é melhor.

        • Lauro Ericksen

          Olá, Nelson!

          Eu realmente não conheço o programa de RH da AmBev (apesar de algumas pessoas acharem que este texto foi pago por ela… Não foi, não recebi um centavo de ninguém para escrever o texto).

          Todavia, suponho que o fato de a unidade de Agudos ser premiada não tenha muito a ver com critérios técnicos da produção da cerveja. Entenda, uma unidade é avaliada em muitos critérios e metas, então, ao cumprir todos, o que inclui questões de logística (armazenamento, transporte, aferição de qualidade, etc.), Faz com que a unidade seja bem avaliada e ganhe prêmios.

          O fato de a unidade de Agudos ser uma das mais bem avaliadas pode justificar que a sua cerveja seja mais fresca, tenha melhor transporte, e assim chegue em melhores condições ao consumidor. Não existe, contudo, uma ligação lógica e direta entre a qualidade da água e a eficiência dos empregados da unidade e/ou no resultado da produção.

          Acho que devemos parabenizar os empregados da unidade de Agudos, devem se esforçar bastante para ter bons resultados. Ao invés de dar o crédito (inexiste) à água do local. Pois, como já disse, água é fácil de corrigir. Já questões logísticas são muito mais sensíveis e complexas de serem ajustadas.

          De toda forma, agradeço o comentário! Boas cervejas para ti!!

          🍺🍺🍺🍺🍺🍺

  • Paulo Venturini

    Não é sério isso né ?
    Vc quer provocar, no mínimo.
    Ou tem jabá ?
    Brahma de agudos ou Brahma da fábrica do RJ , vem com código NR , são as melhores sem dúvida.
    A de Jaguariúna também é boa.
    Brahma de Jacareí é um lixo, igualmente a de Minas , vem com código NM.
    Essa de Minas supera a de Jacareí.
    Na garrafa é melhor?
    Claro que sim, muitas vezes melhor, o vidro âmbar , o espaço da garrafa , todas são melhores.
    A latinha de 269 ml não é cerveja, pode ser outra coisa, igualmente a de 473 ml. , Muito ruim.
    Cerveja gelar, depois gelar novamente….
    Affffff.
    Cerveja choca sim, até apodrece, da entrada de ar na embalagem, ou fica em lugar quente, estraga
    Acredito que vc não é brahmeiro….

    • Lauro Ericksen

      Acho que você matou a charada… Eu não sou Brahmeiro! Falta-me brahmosidade

  • Fabrício

    Cada lugar que morei falavam que uma antártica de determinada região era melhor que a outra. Onde nasci era a Antártica de Pirapora, não havia outra igual… Ou seja, o melhor e o pior está no imaginário de cada um, inclusive achar que cerveja sem milho é melhor de sabor que a com milho.

    • Lauro Ericksen

      Olá, Fabrício!

      Exatamente, uma das características básicas das lendas é a sua repetição. Repete-se o seu conteúdo central, mudando apenas alguns elementos locais, para que ela seja mais crível.

      Então, cada Estado ou região tende a ter um local onde “a água é mais pura” que os demais. E em torno desse mito a lenda se espalha. O que não deixa de ser uma boa ferramenta de divulgação e marketing para as cervejarias.

      As pessoas se acostumam a acreditar nisso e são muito resistentes a mudar a mentalidade. Como se pode ver em alguns comentários aqui. Pessoas defendendo com unhas e dentes suas lendas favoritas.

      A lenda do “puro malte” também é boa, mas ela é muito mais direcionada pelo marketing, do que pela cultura popular, como é o caso das que tratei no texto acima. Caso te interesse ler sobre a questão do “puro malte”, recomendo um texto meu: https://papocultura.com.br/puro-malte-sinonimo-de-qualidade/

      Um abraço! Boas cervejas! 🍺🍺🍺🍺🍺

  • Miro Callai

    Referente a Lenda da água discordo, trabalhei por vários anos em uma Revendedora da AmBev e quando a cerveja vinha de fábricas diferentes dava para notar a diferença no sabor, então se todos os ingredientes são os mesmos, exceto a água….
    A lenda da cerveja choca concordo plenamente, infelizmente muitos donos de Bar tem o costume de desligar os refrigeradores para economizar energia e detonam com as cervejas.
    Em relação a vidro x lata, a melhor é a do vidro e principalmente as long necks

    • Lauro Ericksen

      Olá, Miro!
      Acredito que você mesmo respondeu ao seu questionamento, as cervejas vinham de vários locais, logo, transportadas e armazenadas de maneiras diferentes, nem sempre, com o mesmo padrão de logística. A produção em termos de uso da água é bem padronizado, é fácil corrigir algum erro (cloração, água dura, salinidade, etc.).

      Todavia, ter um mesmo padrão de logística é muito mais difícil, armazenamento e transporte impactam de sobremaneira a qualidade do produto final. E, geralmente, a parte da logística é terceirizada, e sabemos que a terceirização sempre tende a piorar a qualidade do serviço, seja por displicência ou por falta de mecanismos de verificação da execução dos serviços.

      Boas cervejas, um abraço!

  • Jean Patrick da Silva

    Parabéns pela matéria, eu como um ex colaborador da CCB, depois AMBEV, e também da antiga VONPAR/SC, vivênciei o meio cervejeiro, e lembro bem da lenda da melhor cerveja do Brasil, a Antártica de Joinville, lento que quando estava atendendo os mercados grandes contas, via os entendidos procurando nos rótulos da antártica, qual era fabricada em Joinville hehehe, assim também como era dito nas reuniões da distribuidora Brahma da minha cidade, antes de virar AMBEV, ainda quando era conhecida como a número 1, que nos maior concorrente era a cerveja de segunda linha, a famosa água de bateria, feita com o mosto da cerveja, a hoje famosa cerveja Sara Kubitschek de Oliveira, ou seja SKOL kkkkk

    • Joel

      Bom dia! Jean, a única coisa que a produção industrial não derrubou qualidade foi o do Cadilac, o resto bagunçou no passar do tempo, inclusive as cervejas. Abs!

      • Lauro Ericksen

        😅😅😅😅😅

        Concordo plenamente, Joel!!

        Um abraço!

        🍺🍺🍺🍺🍺

    • Lauro Ericksen

      Olá, Jean!

      Agradeço pelas palavras gentis e por ter gostado da matéria.

      A lenda da água pura é uma das mais difundidas de norte a sul no Brasil! Cada lugar tem a sua própria lenda, seja Brahma de Agudos ou Antarctica de Joinville… a lenda sempre existe!

      Agradeço a leitura, e fique ligado que toda quarta-feira tem texto novo no Blog!

      Boas cervejas, um abraço!!!

  • Gerson Costa

    Olá bom dia, poderia fazer uma emenda no conteúdo e explicar outro mito (ou não), de que a cerveja tomada no recipiente original tem sabor diferente de quando a servimos no copo?

  • Toma uma cerveja AmBev da fábrica CE e depois toma de qualquer outra fábrica da AmBev, ai me fala se existe essa tal padronização que você falou!! CE é quase intragável, não é que você não esteja bom para beber determinado dia, é a cerveja que pode não estar com o sabor que você conhece..

    • Lauro Ericksen

      Olá, Weliton! Boa noite!

      Compreendo demais a subjetividade humana. Temos uma capacidade incrível de psicologicamente moldar nosso gosto e nosso entendimento àquilo que nos parece mais crível! O que é o caso.

      No entanto, justificar que as cervejas da AmBev feitas no Ceará são ruins só porque são feitas lá, pode ter algum fundamento diverso do que se diz que a “água de lá é ruim”. Pode ser o transporte, o armazenamento, vários fatores externos à produção, e sim, de logística.

      Não sei exatamente de qual cerveja você se referia, e não conheço todas as plantas de produção da AmBev. Mas em termos de tratamento de água, produção e envase, há uma padronização, como em todas as grandes empresas. Não há muito como fugir do padrão, nesse sentido.

      De toda forma, te recomendo boas cerveja!! 🍺🍺🍺🍺

  • Jony

    Legal, então a cerveja ruim, e digo com gosto alterado para pior, seria devido ao congelamento e descongelamento? Ou devido ao fato de ter passado seu período de vencimento? A diferença entre congelar e descongelar cerveja boa é mínima se comparado ao horror de certas cervejas que já experimentei que tinham gosto de coisa estragada.

    A diferença do gosto da cerveja entre regiões acontece, significa que as empresas (Ambev, na maioria) não empregam padrão em sua produção? O açúcar, por exemplo, realmente é diferente em cada região.

    Da lata para a garrafa existe uma diferença na retenção do gás também, isso é notável também na coca cola, poderia ter efeito no sabor da cerveja?

    • Evaristo Dias da Silva Neto

      Vcs deviam tomar uma Brahma de Cuiabá. Isso dá aborto em égua. Eita água ruim essa.

    • Lauro Ericksen

      Olá, Jony.
      O sabor alterado pode ter muitas causas diversas. Uma delas pode ser caso tenha havido o choque térmico (congelamento e descongelamento), embora isso seja pouco provável. Quando há o congelamento o volume da cerveja se expande, pois ela solidifica, então a garrafa ou a lata tendem a estourar. Todavia, caso tenha havido o congelamento sem estourar, e depois o descongelamento, e você beber, certamente o aroma e o sabor estarão alterados.

      A questão da padronização da produção é algo tido como norma técnica. Então toda a água é corrigida e todos os insumos são os mais parecidos, mesmo variando de região para região. O que impacta o resultado da cerveja é seu processo de armazenamento, transporte, etc. Isso é muito mais importante que a origem da água utilizada.

      Em termos de carbonatação (ou retenção do gás), também há uma padronização da pressão utilizada, e os equipamentos devem ser calibrados levando em conta o tipo de envase (se lata ou garrafa). Todavia, a variação existente é quanto a vedação após o envase. Nesse caso, as latas conseguem vedar muito melhor, por isso que elas não são recomendadas para cervejas de guarda (cervejas que melhoram com o tempo, e se beneficiam da oxidação em certos graus de incidência. Para saber mais sobre esse tema, clique aqui: https://papocultura.com.br/cervejas-de-guarda-quando-tomar-cerveja/).

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