Francisco das Chagas da Costa nasceu em 1951 na cidade de Areia Branca. Adotando o nome artístico de Tico da Costa, era um músico e compositor extraordinário. Já atuando como profissional, conseguiu algo que só um verdadeiro gênio da música é capaz de realizar: compôs, em apenas uma noite, nada menos do que 21 canções para quadros de um pintor que faria uma exposição em Recife. O pintor ficou tão impressionado com sua genialidade, que o convidou para fazer shows-exposições na Itália. Assim, começaria na Europa a carreira internacional do potiguar areia-branquense…
Ao longos dos anos Tico da Costa se firmou no cenário musical da Europa e, pouco a pouco, tornou-se o mais internacional dos artistas potiguares. Fez turnês não só na Europa, mas também nos Estados Unidos, na África, na América Central e na América do Sul.
Tico da Costa estudou Música e Letras e antes de se mudar para a Itália percorreu o Nordeste brasileiro fazendo shows em teatros, universidades e escolas, impressionando as plateias com seu talento. De maneira inteligente e criativa, Tico – que era um verdadeiro showman -, se inspirava no cotidiano para compor suas músicas. Nas suas canções misturava com genialidade elementos dos ritmos nordestinos, do chorinho e da Bossa Nova. Graças ao seu estilo inconfundível, construiu um trabalho consistente e exuberante, fascinando o público e os críticos como músico, intérprete e violonista.
Durante sua permanência fora do Brasil, Tico da Costa participou de festivais de Jazz, Folk e World Music (termo concebido por Robert E. Brown no início da década de 1960, para identificar a música tradicional da cultura dos mais diversos países).
Tico da Costa nos deixou no dia 29 de agosto de 2009, aos 57 anos de idade, vítima de câncer no pâncreas. Apesar de seu talento reconhecido internacionalmente, sua monumental obra passou despercebida de grande parte dos potiguares. Eu mesmo não tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente e só tomava conhecimento do seu prestígio internacional através da imprensa do nosso estado.
Nos seus mais de 40 anos de carreira gravou 18 álbuns: 7 na Itália, 5 nos Estados Unidos, 5 no Brasil e 1 no Paraguai, todos com canções de sua autoria. Com seu trabalho, levou o nome do Rio Grande do Norte e do Brasil mundo afora nas suas turnês, tocando em festivais de grande relevância pelo mundo afora. Foi elogiado mais de uma vez pelo prestigioso jornal nova-iorquino The New York Times, e foi o primeiro artista potiguar a se apresentar no programa do Jô Soares.
Desde 2009 realiza-se anualmente em Natal e em várias cidades do interior do RN, um tributo em sua homenagem intitulado Várias Vozes, Um Só Canto. Trata-se de um show que, nos últimos 15 anos já reuniu mais de 664 artistas potiguares, intérpretes, músicos, bandas filarmônicas, orquestras e artistas de outros estados que dividiram o palco com ele, como o compositor, arranjador, produtor musical e guitarrista Toninho Horta.
Este ano, quando se completam 15 anos da partida do compositor, realizou-se no Teatro Alberto Maranhão, na quarta-feira passada, mais uma edição do Várias Vozes, Um Só Canto, com direção musical de Eduardo Taufic e as participações de Nara Costa, Alzeny Nelo, Antoanete Madureira, Dani Cruz, Erick Von Sohsten, Lene Macêdo, Os Chicos e a participação especial de Terezinha de Jesus. O projeto Várias Vozes, Um Só Canto foi idealizado pela viúva de Tico, Sara Fracchia. Graças a ela a obra de Tico da Costa, 15 anos depois de sua partida, está preservada e jamais cairá no esquecimento.
Graças à resiliência de Sara, Tico da Costa não morreu
Instagram: @fernandoluizcantor