Teria sido Napoleão Bonaparte um benfeitor do Brasil?

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Napoleão Bonaparte, figura humana pública das mais conhecidas em todo o mundo, nasceu a 15 de agosto de 1769, na ilha de Córsega, França, e faleceu a 05 de maio de 1821, na ilha britânica de Santa Helena. Passaram-se duzentos anos sem que a história tenha um preciso julgamento do legado que ele deixou.

Logo após a Revolução Francesa, Napoleão Bonaparte, já egresso da Academia Militar da França, comandou o exército do seu país na retomada de Toulon que estava sob o poder dos britânicos. Em seguida, ascendeu ao posto de general de brigada, e obteve grandes êxitos em renhidas batalhas na Itália, mas sofreu forte derrota em guerras navais no Egito, ao enfrentar a esquadra inglesa sob o comando de Lord Nelson, em 1799.

Ao voltar do Egito, participou de um golpe de estado, ao lado de outros conspiradores, dos quais Napoleão tornou-se o primeiro Cônsul do regime que veio a se chamar Consulado. Esse governo militar permaneceu até dezembro de 1804. Por incrível que pareça, instalou-se logo depois da Revolução Francesa, que defendeu os ideais de Liberdade, de Igualdade e de Fraternidade, e que rejeitou o absolutismo monárquico no mundo.

No período, entre várias reformas sociais e liberais, destaca-se a criação do código civil francês, o Código de Napoleão. Os ideais da Revolução Francesa estão presentes em várias cláusulas desse Código, a começar pela negação de privilégios de nascença, ou seja, todos são iguais perante a lei.

Apesar de sempre se apresentar como defensor da Revolução Francesa, no dia 02 de dezembro de 1804, na catedral de Notre-Dame lotada, e na presença do papa Pio VII, coroou a si mesmo e, em seguida, coroou sua esposa Joséphine. Dessa forma, Napoleão Bonaparte sagrou-se Imperador da França, em um ato dos mais célebres da história da humanidade. Tinha 35 anos. De fato, queria dizer que, no mundo, ninguém tinha mais poder do que ele, nem o papa.

Napoleão e o Brasil

As ondas do poder napoleônico fizeram-se sentir em quase todo o globo terrestre, inclusive na América Latina e, em especial, no Brasil. No começo do século XIX, somente a Inglaterra, aliada histórica de Portugal, impunha respeito às forças bélicas do imperador Napoleão Bonaparte. Essa aliança levou Napoleão a enviar tropas para invadir Portugal e destronar o Príncipe Regente da Casa de Bragança. A Família Real Portuguesa, à frente o príncipe D. João, optou por fugir do seu país e mudar a sede do reinado para o Brasil. A família real chegou ao Rio de Janeiro em março de 1808, onde permaneceu até abril de 1821.

O período joanino trouxe para o Brasil mudanças num ritmo alucinante. É difícil de se pensar o que seria o nosso país se não fosse a fuga de D. João. Pode-se, então, dizer que Napoleão Bonaparte foi um involuntário benfeitor do Brasil? Enfim, com a vinda da família real, preservou-se a unidade territorial do país e cresceram os anseios civilizatórios de uma nação.

Daladier Pessoa Cunha Lima

Daladier Pessoa Cunha Lima

Primeiro reitor eleito da UFRN. Exerceu o cargo de 1987 a 1991. Graduado em Medicina pela UFRN (1965), tem especialização em Medicina do Trabalho e Administração Universitária, com vivência em instituições universitárias no exterior. Ao se aposentar, abdicou da Medicina e optou pela Educação, tendo se dedicado à instalação da FARN, atual UNI-RN, no ano de 1999. É, ainda, membro da Academia de Medicina do RN e do Instituto Histórico e Geográfico do RN. É autor dos livros Noilde Ramalho – uma história de amor à educação e Retratos da Vida, além de outras publicações. E em abril/2017 foi eleito para a cadeira nº 3, da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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