Napoleão Bonaparte levou os valores da Revolução Francesa ao longo do extenso caminho de muitas conquistas. Assim, contribuiu para a expansão do sentido moderno da política, próprio do século das Luzes.
Por outro lado, em algumas áreas, foi retrógrado, haja vista seu apoio à escravidão. Em 1798, Ludwig van Beethoven, adepto das ideias da Revolução Francesa, dedicou ao general francês a sua terceira sinfonia. Em 1804, ao saber da cena da autocoroação, Beethoven rasgou a dedicatória, e a sua criação musical passou a se chamar sinfonia Heroica. Fobias e filias continuam nas produções que detratam ou endeusam o mito Napoleão Bonaparte.
Na crônica passada (clique AQUI para ler), concluí que a vinda da família real para o Brasil foi um fator importante para se preservar a unidade territorial do país, bem assim para o progresso das ideias e das ações civilizatórias da nação.
O historiador Manuel de Oliveira Lima, que veio a Natal, em 1919, a fim de paraninfar a primeira turma concluinte da Escola Doméstica, é citado no livro 1808, do escritor Laurentino Gomes: “O Brasil nada mais era do que uma unidade geográfica formada por províncias no fundo estranhas umas às outras”.
A população, no início do século XIX, girava em torno de três milhões de pessoas, das quais um milhão eram escravos vindos da África. Tudo leva a crer que havia uma decisão do governo português de manter o Brasil atrasado, a fim de conservá-lo apenas como uma joia extrativista.
Mesmo assim, até 1.800, um total de 527 brasileiros se formou em Coimbra, a maioria em Direito. Entre esses bacharéis estava José Bonifácio de Andrade e Silva, o futuro Patriarca da Independência.
Com a vinda da família real, o Brasil passou da condição de colônia para ser a sede de um reinado. A unidade territorial e política do país foi mantida, pois o Brasil poderia ter se fragmentado em três ou mais países distintos. Basta recordar que somente na região Nordeste, em menos de trinta anos, três insurreições ocorreram: a Revolta dos Alfaiates, de 1798, a Revolução Pernambucana, de 1817, e a Confederação do Equador, de 1824.
Para o historiador Oliveira Lima, o monarca D. João VI foi o verdadeiro fundador da nacionalidade brasileira. As portas fechadas da colônia, durante trezentos anos, de repente se abriram para o mundo. Surgiram escolas, faculdades, criou-se uma moeda, bibliotecas, as artes acharam um lugar seguro, jornal, editora, enfim, floresceu a base para o processo civilizatório da nação.
Um fato histórico vincula diretamente a vida de Napoleão Bonaparte ao Brasil. No bojo da Revolução de 1817, houve um plano de resgatar Bonaparte da ilha de Santa Helena, onde estava preso, e trazê-lo para o Nordeste do Brasil, com apoio norte-americano, no intuito de transformá-lo em líder da sedição. Esse plano ficou só no plano. Mas há um vínculo concreto: Maria Luísa, segunda esposa de Napoleão, era irmã da imperatriz Leopoldina, casada com D. Pedro I.