Próximo de completar 50 anos, o Mercado de Petrópolis tenta superar a decadência no comércio de frutas e verduras para se reerguer como espaço cultural
FOTOS: John Nascimento
O Mercado de Petrópolis enfrentou períodos de glória e decadência. Nas décadas de 70 e 80 era ponto obrigatório para venda de hortifrutigranjeiros.
Nas últimas décadas mergulhou no ostracismo provocado pela concorrência dos shoppings e pelo desleixo do poder público.
Hoje, próximo de completar 50 anos de história (em 2018), o recém outorgado Patrimônio Cultural Municipal ainda luta para fincar uma rotina de arte e cultura.
Uma tarefa difícil quando os próprios permissionários dificultam a luta de outros que tentam manter o mercado movimentado.
Quem visita o mercado à tarde encontra menos de um terço dos 56 boxes abertos. “Alegam que não abrem porque não vendem. Mas não vendem porque não abrem. É o dilema do ovo e da galinha”.
O presidente da Associação dos Permissionários do Mercado, Nelson Marques, lamenta ainda a desatualização do estatuto do prédio, escrito ainda na década de 1960.
“Talvez o Mercado seja a única instituição pública do Brasil onde ainda funciona a cessão de pontos comerciais por herança”.
Ou seja: o equipamento pertence à Prefeitura do Natal. Os boxes foram cedidos a pessoas físicas e jurídicas que, mesmo sem usar os pontos não sofrem qualquer punição nem são obrigados a repassarem para quem deseja trabalhar.
Ainda assim há alguns entusiastas do lugar que migraram seus ofícios e trabalhos para o Mercado. Sebos de livros e discos, antiquários, associações de cinema e fotografia, escolas de arte, ateliês e outros pontos mantém a chama do mercado cultural acesa.
PROJETOS CULTURAIS
Entre outras iniciativas pontuais, como projetos relacionados ao samba, ao cinema ou datas comemorativas, a Feira Livre do Mercado de Petrópolis tem se mostrado o carro-chefe para atrair público e visibilidade.
Neste sábado acontece a terceira edição. Um mix com 46 expositores dos mais variados artigos e aberta a partir das 10h, com acesso livre.
Para esta edição estão reservados o encontro de brechós, a Feira de Vinis de Natal já na 25ª edição, Feira de livros com a participação de sebos, editoras locais e autônomos, a exposição “Fotografando com os Sentidos”, além de antiquários e ateliês de arte, os botecos de comidas regionais e um sambinha a partir das 16h com Zé Eduardo.
MEZANINO INTERDITADO
Infelizmente uma das vocações pioneiras nesta nova fase do Mercado está paralisada. O Cineclube Natal foi uma das primeiras a apostar no local e vibrou quando a gestão do prefeito Carlos Eduardo construiu o mezanino Abraham Palatnik, na parte superior do Mercado – espaço ideal para sessões de cinema e projetos relacionados.
Mas desde 3 de novembro de 2016 o equipamento está fechado. A secretaria de Meio Ambiente alegou risco na estrutura devido a rachaduras provocadas a partir de um dos antiquários do mercado.
“A prefeitura exigiu que o permissionário fechasse as portas. Mas ele sobrevive do ponto e alugou umas colunas que ajudam a sustentar a laje. Mas em cerca de 30 dias acredito que as obras de reforço do mezanino começarão”, estima Nelson Marques.
Hoje, apenas 28 permissionários estão associados, dentre 40 boxes. Há ainda cerca de 15 boxes que mantêm a tradição dos hortifrutigranjeiros, sendo aproximadamente um terço de comércio de carnes, aves e peixes.
A solução apontada para gestão mais eficaz do Mercado seria uma parceria público-privada. Quem sabe?
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