Em tempos de desmantelamento de orquestras Brasil afora, a formação de plateia e incentivo à musicalização de crianças é um alento e uma necessidade. Apoiar iniciativas que buscam esse propósito é responsabilidade social, privada e pública.
E nesta quarta e quinta-feira (12 e 13), a Filarmônica da UFRN fará um concerto didático na Escola Estadual Clara Camarão, no bairro de Felipe Camarão, zona oeste de Natal. Com essa mesma ideia de colaborar com a construção educacional pela música.
Este concerto abre as atividades do projeto Conexão Felipe Camarão, que discutirá o tema “Imagens e afetos das infâncias: Do ancestral ao Digital”, como mote do Conexão Brasil 2019, evento patrocinado pela Cosern através da Lei Câmara Cascudo e apoio do Sesc.
“Vivenciar a música em qualquer idade, e especialmente na infância, é exercitar o sensível, otimizando o potencial humano, através da capacidade única da emoção. Ser sensível à música é estar sensível ao mundo, aos afetos, às pessoas. Coletivamente, possibilita maior percepção do outro, trabalhando a empatia, o respeito e a coletividade”, opina Vera Santana, coordenadora do Conexão Felipe Camarão.
Programação
O concerto da Filarmônica acontece na manhã de quarta-feira. Durante à tarde acontece uma Roda de Prosa sobre o tema deste ano, tendo o Orquestrim Conexão Felipe Camarão fazendo a abertura.
Na quinta-feira uma integração musical chamada Conectando Sons, com a participação do professor de música Fábio Presgrave (UFRN); UFRN Cellos, ONG Atitude Cooperação e o Orquestrim Conexão Felipe Camarão. Durante à tarde acontece o Cinescola SESC: Sessão de Curtas Infantis. E à noite, mais filmes, como Cinescola SESC: Sessão Identidades.
ENTREVISTA – ANDRÉ MUNIZ, MAESTRO DA FILARMÔNICA DA UFRN
Qual a experiência que vocês tiveram e quais impressões do primeiro concerto didático deste ano? (diz onde foi e a data, please)
O primeiro concerto didático desse ano ocorreu na Escola Ferreira Itajubá, no dia 3 de abril. Escolhemos essa escola porque lá ocorre um diferenciado projeto de formação de instrumentistas, que inclusive já permitiu o ingresso de vários jovens no Nosso Curso Técnico. Foi uma experiência MARAVILHOSA e muito impactante para todos os presentes.
Como se dá a dinâmica com os alunos? Quais suas curiosidades?
Apresentamos os instrumentos, nos movemos pelo sensorial dos alunos, inclusive adaptando o contato caso tenhamos algum aluno com necessidades especiais. Tudo sempre em uma linguagem direta, simples e lúdica.
Qual critério para selecionar o programa a ser apresentado?
Sempre partimos da questão da idade do público a ser atingido. Também temos uma preocupação que a atividade seja lúdica e estimulante. No concerto que faremos nessa próxima quarta-feira, na Escola Clara Camarão, teremos crianças do ensino fundamental 1, com faixa etária entre 7-12 anos. Pensamos: por que não colocar um solista dessa mesma idade? E convidamos o jovem Milo Qi, que executará o Concerto para Violino e Orquestra em La Menor de Vivaldi. Milo tem nove anos e certamente as crianças presentes verão que elas também podem fazer coisa parecida!
Por que a Filarmônica não aumenta o número dessas visitas às escolas?
A mobilidade de uma orquestra não é uma coisa fácil! Nós entendemos que fomentar o público jovem é atuar educacionalmente, dar sustentabilidade à nossa sala de concerto. Entendemos que os alunos são uma parte importante de nossa plateia regular e sempre tentamos atraí-los para o nosso auditório, por ter uma acústica mais interessante. O problema é que muitas escolas não conseguem o transporte para lá chegar e muitas vezes desistem de última hora. Então nessa nova fase da Filarmônica começamos a buscar apoio financeiro, via editais de cultura, para que essa atividade seja ainda mais incrementada. Em tudo dando certo teremos no segundo semestre minimamente quatro concertos didáticos.