Carta aberta à Secretaria Estadual de Cultura

pnab rn

PIX: 007.486.114-01

Colabore com o jornalismo independente

Prezados administradores da Secretaria de Cultura do RN,

É com grande insatisfação que escrevo esta carta aberta, a fim de tentar expressar com
palavras a dor e o desrespeito sentidos por uma coletividade, palavra, conceito e
dimensão que, parece-me, são estranhos às práticas de vocês.

Como certamente já é do conhecimento de todos da SECULT/RN, os pareceres dos
projetos referentes à terceira etapa do PNAB foram divulgados na data de ontem, 11,
fato que vem causando indignação em grande parte dos artistas e trabalhadores da
cultura do RN. São pareceres dignos de estudo, não pela capacidade analítica que
demonstram, mas, pelo contrário, justamente pela completa inépcia dos pareceristas.

São comentários de uma irrelevância primorosa, os de alguns pareceristas que recebi. E
digo a eles: parabéns pela inovação em juntar gêneros textuais tão díspares, como o
parecer e o comentário de rede social. Porque, venham cá, olhem o nível deste trecho de
parecer: “Boa sorte nesta tentativa.” Lindo, né? Eu achei de uma humanidade sublime.
Lembra um comentário do Insta, do Face. Mas o melhor foi a continuação da frase: “há
dezenas de outras propostas prometendo fazer muito mais com a mesma verba. A
concorrência está grande.”

Bacharelado em Desrespeito com Doutorado em Deboche.

Lembro de um ditado, que vem a calhar: seria cômico, se não fosse trágico.
Sra. Secretária… pessoal aí do setor, tenham vergonha! Coloquem empenho nos editais
de cultura e no uso da nossa verba tanto quanto vocês colocam nos posts do Instagram.

Meu Deus, aquilo tudo ali no perfil de vocês é aqui? Nós queremos…Um paraíso
daqueles. Quem não quer? Só que alguns de vocês não deixam – vocês sabem quem
são. Deixa eu dizer: no dia de hoje, o perfil de vocês divulgou a inauguração da sala na
ACADEMIA e algo relacionado ao que já foi dito no edital sobre os recursos, mas
nenhum esclarecimentozinho? Um tiquinho, só?

Num próximo edital, estou pensando em angariar verbas para um prêmio… Adivinhem
qual.

No mais, muito obrigado pela péssima experiência. Nós agradecemos pela
desqualificação que nos foi dada. Estamos juntando para construir outra sala, fora da
ACADEMIA, com todas as pedras que foram jogadas em nós nos péssimos textos dos
pareceristas. Textos péssimos inclusive no sentido linguístico: vi parecerista que não
sabia usar direito aquele negócio lá da conjunção adversativa; outro não tem noção de
gênero literário. Para completar, destaco a nota ZERO que atribuíram a um músico de
alta qualidade que temos no estado, com carreira reconhecida e consolidada.
Nota zero pra eles.

A conclusão disso tudo é que eu nem consigo fazer a limonada – pois o limão está
podre.

Com revoltada cordialidade,

Eduardo Ezus, professor, escritor, revisor e editor.

Rio Grande do Norte, 12 de março de 2025.

Redação

Redação

Obrigado pela visita! O que achou do texto?

WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
LinkedIn

8 Comments

  • Aluisio Azevedo

    Uma situação complexa a ser tratada. Decerto, as reclamações individualizadas e particulares de cada um são pertinentes, enquanto direito de contestação. A possibilidade de erro nas análises não deve ser descartada. Assim como, a eventual falta de informações na elaboração dos projetos. Contudo, há um instrumento de contestação no próprio edital. Todos os proponentes podem recorrer. E devem fazê-lo. Eu procederei dessa forma com o meu projeto, de maneira respeitosa com os pareceristas. Por fim, a título de reconhecimento, gostaria de destacar a forma transparente com a qual os lançadores dos editais retornam a cada concorrente, comentando e oferecendo um feedback valioso, na maioria dos casos. Mesmo que contenham eventuais erros ou falhas, próprios da natureza humana, a escrita individualizada das avaliações constitui uma evolução do processo. E devemos tomar o cuidado de não retroceder nesse ponto.

  • Angelo

    Ola, antes de tudo, há de se informar, que é um problema recorrente em todo o país. E sabe qual a solução mágica?! Pagar a pareceristas de verdade, um valor decente pelo parecer técnico. Quando vejo editais pagando 40,00 ou 50,00 por parecer, o que esperar, não é mesmo?! Bem, fica aqui meu desabafo, não me inscrevo em editais que me paguem menos de 150 por parecer, por que meu trabalho é técnico e sério demais para ser substituído por pessoas que não sabem juntar lé com cré!!! A conclusão é, paguem decentemente e terão profissionais também decentes.

  • Adalberto Oliveira

    Me solidarizo com as palavras do professor. Aqui no Rio Grande do Sul não é diferente.
    Em determinado processo seletivo de projetos culturais da PNAB, me vi inabilitado pelo motivo de nao ter preenchido os dados do proponente, no caso eu. Mediante recurso, os pareceriam alegaram que erraram e tiraram essa inabilitação.
    Fui habilitado?
    Nãoooooo!
    Eles alegaram outro item para novamente desabilitar, o estranho é que todos os outros inabilitados que tinham mais de uma falha de acordo com o edital, já na inabilitação foi informado todos os itens que estavam em desacordo.
    O que dá a entender é que desabilitaram meu projeto, ou até do outros, sem nem verificar os docs, se eu não entrasse com recurso era um a menos para ser analisado, ou para deixar de competir com cartas marcadas.
    E quantos será que foram logrados e por falta de conhecimento deixaram de fazer recurso?

  • eduardoezus

    Não sei se chegou a ler (se leu, interpretou mal): estou me referindo às avaliações errôneas, à falta de justificativa nos critérios avaliados e coisas do gênero. Em nenhum momento defendo agentes que, tendo recebido uma avaliação coerente, estejam exigindo mais. Estou falando dos absurdos, da falta de comentários técnicos, etc.

  • Júlio S. Soares Filho

    Em outros estados, o problema se repete. Existem falhas nos pareceres? Sim. Mas há muito mais problemas com agentes culturais que não aceitam ser desclassificados por falta de atenção às regras. Muitos não aceitam receber nota 9 no currículo. Em nenhum estado um artista local de renome pode ser desclassificado ou receber menos que a nota total.
    Como parecerista de diversos editais (Prefeitura do Recife, Jampa, prefeitura do Natal e SP), posso afirmar que, sim, os pareceristas podem falhar. Alguns são mesquinhos. Mas não podemos ignorar os fazedores de cultura que agem de forma desonesta.
    É clássico pessoas entrarem com recursos querendo que considerem um documento que era obrigatório na avaliação anterior. É comum pessoas querendo nota máxima no critério só por ser um artista de renome, mas não liga para inclusão de pessoas PCD, coloca a verba toda para cachê.
    É justo cobrar por pareceres desrespeitosos, mas os agentes culturais também precisam refletir sobre o fato de não aceitarem que tenham avaliações justas. Ser agente cultural é frustrante, mas ser parecerista também é. No comentário do instagram cheguei a ver pessoas questionando a necessidade de incluir acessibilidade — oi? Os recursos devem ser submetidos, mas também com coerência. Ou será que a pessoa vai ter a moral de enviar um recurso escrito OI, MEU PROJETO NÃO PRECISA DE ACESSIBILIDADE. No final, essa onda de problemas só vai fomentar aqueles grupos que dizem que cultura não serve para nada o mesmo grupo que não valoriza a literatura, artes, teatro, música.

  • 🪧 EiTXA #Passapanista Detected! E mais do mesmo, como sempre na esquiva… Apraxia dessa gestão estadual da cultura tripartida (SECULTRN, FJA, SEEC)… Agora chame para um palco, tapete vermelho, uns brindes e seção de bate retratos!!? É uma atuação desrespeitosa, sem zelo, fingindo normalidade sempre… Culpabilizando sempre Agentes Culturais pelos fracassos, erros, falhas das desastrosas gestões desde a LPG e agora PNABRN! Sem coragem nem coração… Só aparências de humanidade… Zero à esquerda! SERÁ TUDO ARRUMADO??? TOMARA Q NÃO! Pois que tá parecendo isso mesmo, está… O que não tá tendo é parecer justo, humanizado, técnico, eficiente… Parecerista não cumprem nem o básico que é emitir PARECER sobre as notas!!! Tem cara de #processoviciado, com projetos pré escolhidos, os que servem aos aparelhamentos, pires na mão e politicalha de balcão… #SERÁ!? Esperemos que não! Ainda dá tempo #GOVRN, #SECULTRN, #FUNCITERN, #MELHOREM!

  • Vibratius

    Menos chororô e mais ação! Os pareceristas são imparciais, quem não foi selecionado simplesmente não marcou ponto mais que outros. Há regras e normas no edital. Isso é uma seleção. Sem necessidade desse aiaiai.

  • D.B. Frattini

    Não fazia ideia da baixa categoria da SECULT/RN, a maneira vexatória como tratam os artistas é um pecado sem perdão. Será que podemos perguntar ‘onde está o dinheiro?” pelo visto a SECULT/RN gosta de marchinhas de carnaval e brinca com a Cultura de uma maneira monstruosa. Estou em São Paulo e me solidariso com o depoimento do professor e autor Eduardo Ezus. O Brasil está sucateando seu maior tesouro: a Cultura. A SECULT/RN virou piada nacional com seus funcionários ignorantes.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidas da semana