A atual Praça das Mães está localizada no vértice formado por dois importantes logradouros públicos, do Centro Histórico de Natal: a atual Av. Câmara Cascudo e rua Padre João Manuel.
Naquele entroncamento, em 1599, foi chantada uma cruz que assinalava o limite norte do sítio da Cidade. O limite sul era marcado por um cruzeiro, a Santa Cruz da Bica, cuja réplica acha-se ainda implantada no mesmo local. A cruz da atual Praça das Mães foi destruída e nunca mais recuperada, porém se mantém viva na documentação de outrora.
Em 30 de janeiro de 1790, o Senado da Câmara do Natal concedia a Ricardo Wittshire, cinco por dez braças de terra, “no apartamento dos dois caminhos que vão desta Cidade para a Ribeira, entre a cruz e as casas de dona Engrácia… com a frente para a Ribeira, e o fundo para o oitão de dona Engrácia’’.
Francisco Gomes de Albuquerque, o Chico Bilro, conhecedor das tradições de Natal, informava que por volta de 1872, o cruzeiro que marcava o limite norte da Cidade ainda se encontrava no mesmo lugar, ‘’diante da casa de Aninha Cambada, que o vendia rapé. A cruz demorava entre esta casa e a casinha de Antônio Quebra Canela’’.
No início do século XX, ali construiu-se uma linda pracinha, arborizada, ajardinada e cheia de banquinhos. Em 7 de setembro de 1911, ergueram na praça a herma de Pedro Velho, projetada e confeccionada por Corbiniano Villaça. O busto de Pedro Velho permaneceu no “square” por quase meio século, sendo posteriormente removido para a praça que tem o seu nome.
Praça das Mães
Em 8 de maio de 1960, Dia das Mães, aquele local foi solenemente inaugurado sob a denominação de Praça das Mães, na gestão do Prefeito José Pinto Freire. Na solenidade, que contou com um grande número de pessoas, foi também inaugurado o Monumento às Mães, constituído por um painel de azulejo e ferro fundido, de autoria do artista plástico Dorian Gray. O monumento foi patrocinado pela Prefeitura e inaugurado pelo então governador, Dinarte Mariz.
Maria Amélia de Lemos Soares, esposa do desembargador Antônio Soares de Araújo, descerrou o monumento, enquanto Diva Mariz e Dolores de Medeiros Freire colocavam uma coroa de flores aos pés da escultura. Na ocasião discursaram Dinarte Mariz, José Pinto Freire, Câmara Cascudo, Dorian Gray, além da poetisa Palmira Wanderley, Clotilde Madruga e Carlos Serrano recitaram poesias, ainda como parte comemorativa do evento.
Um ato de beleza filial presenciado com emoção pelos presentes, foi o momento em que Dinarte Mariz colocou junto do monumento, uma rosa branca, indicando que sua mãe ainda se encontrava viva, e Antônio Soares de Araújo uma rosa vermelha, simbolizando orfandade.
Compareceram àquela solenidade representações do Colégio Estadual, Escola Doméstica, Escola Normal, Colégio da Conceição, Escola Profissional Feminina, Colégio Maria Auxiliadora, Colégio Salesiano e os Escoteiros do Alecrim, além de autoridades civis
e militares e o povo em geral.
O monumento metálico resistiu pouco mais de vinte anos à falta de manutenção e às depredações. Em 1985 foi inaugurado um novo painel, daquela vez de azulejo, pintado pelo mesmo artista Dorian Gray.
ILUSTRAÇÃO: José Clewton do Nascimento
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