RIP Bunny Wailer. Mas como foi o show do Original Wailers em Natal?

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Desde que me entendo por beatlemaníaco, sempre fui regueiro. Forcei a barra no heavy metal quando adolescente, aprecio ainda hoje um pop oitentista, um rock puro, um blues, mas o reggae é o que borbulha meu sangue. Então seria impossível perder o show do The Original Wailers em Natal, no distante 22 de janeiro de 2010. À época escrevi esse texto abaixo, que graças à publicação de Anderson Foca em seu portal Dosol, pude recuperar. A republicação se dá pela morte de Bunny Wailer, última espécie da lendária The Wailers. Fica a singela homenagem. Segue o texto e ótimas memórias!

Reggae combina com praia, espaço aberto, liberdade. Colocaram o show de ontem do The Original Wailers no Ginásio Machadinho. Para quem desconhece, a banda formada por Bob Marley, Peter Tosh e Bunny Wailer ensinou reggae ao mundo há exatos 30 anos. Dois legendários “wailers” que participaram dos mais expressivos álbuns da banda decidiram retomar as atividades, pediram licença à viúva de Bob e desde setembro de 2008 excursionam pelo mundo. São eles Al Anderson e Junior Marvin, que acompanharam Marley até sua morte, em 1981.

A acústica do ginásio prejudicou muito o som da banda. Ainda assim, o que eu parecia ver ali tão próximo era a encarnação das origens do reggae jamaicano. Percebi com mais clareza que o reggae é dos poucos gêneros musicais em que nossa turma potiguar ainda precisa amadurecer para alcançar tal estágio. O som era sofisticadíssimo, completo, realçado ainda por duas negonas de vozes simplesmente fantásticas. A performance solo de uma delas mostrou que o jazz, o blues é herança negra indiscutível.

Al Anderson é um monstro na guitarra. Pena a acústica confundir a sonoridade limpa das guitarras Gibson Les Paul, que usou durante todo o show. Impossível alguém injetar guitarras distorcidas tão bem ao balanço rítmico do reggae quanto esse cara. Ao Junior Marvin falta muito feijão com arroz para igualar a presença de palco, o frontman do mito Bob Marley, mas fez lá suas graças e dançou reggae com alguns bichos grilos que subiram ao palco, pra delírio de um ginásio com público bem aquém do esperado.

Show de quase duas horas. Fumaças por todos os lados. Alguns “charas” pareciam vela de sete dias. Outros mais fininhos também exalavam o cheiro da kaya por todos os lados. Quando as luzes desligavam, se viam as chamas acesas. Marvin, de cócora no palco, apertou a mão de alguns ali da beirada e tragou um “fino” oferecido de bobeira. No bis, Redempcion Songs e final de show com Rasta Man. Show memrável para eu incluir no currículo. Mas fosse na praia…

 

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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1 Comment

  • Lauro Ericksen

    Sou do metal, mas as lendas de todos os estilos devem ser referenciadas!
    O machadinho realmente não era o lugar mais adequado… Mas…

    Bela homenagem!!

    #wailers

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