Serejo marujo remake

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Croniketa da Burakera #22, por Ruben G Nunes

Cupinchas de fé e cabaré! Brau!

Tempo…. Tempos…
Revirando as páginas do Tempo, dou de cara com a croniketa abaixo – “Serejo Marujo”. Que transcrevo toda entre aspas, em remake atual. E onde resgato, lá no final, trecho que compilei de uma das mais iluminadas reflexões que li sobre a sutileza da arte-criação-sentir do ato de escrever.

Alô escribas! Isso foi lá pelo ano 2011.

O trecho resgatado sobre a arte do escriba é do amigo jornalista Vicente Serejo, professor da UFRN, crítico de literatura e um dos melhores cronista e articulista do RN.

As imaginâncias colhidas-re-criadas da Vida, tornam o escriba um quase ajudante de deus. Mó barato, nénão bixo-grilo-velho! Podiscrê!

Mas não é isso mesmo que afirma voinho-Hegel na sua encarada filosófica-dialética da VidaViva e do Espírito criador?… “a obra-de-arte é a expressão do Deus… a inspiração do artista é como um pathos (paixão) “não livre” e, ao mesmo tempo, trabalho de entendimento técnico e mecânico. Daí a obra de arte é também um “livre-arbítrio”, e o artista é o mestre do Deus.”, §560, Enzyklopädie der philosophischen in Grundisse, 1830.

Contrastando com os textos filosóficos de fraque e cartola, o texto de Serejo lá no final dessa minha croniketa “Serejo-Marujo”, de 2008, possui um raro sabor de vinho de boa cepa, envelhecido. Que nos remete a um vibrante e sábio sabor desfilosófico de VidaViva. Depois de 7 anos, vale ler de novo, nesse remake.

Chega mais e vamunessa, chefia!

“Há amigos que a gente revê de séculos em séculos, de encarnação em encarnação. De sábado a sábado. Ou até, nas tardesmansas, puxando papo-lento na imaginação. E desfilosofando a VidaViva, ali, nos mares e bares do (in)finito de cada um.

Há amigos, pois, que quebram a regra da presença. Daí que, mesmo na despresença, nos brindam com sua amizade imemorial fluindo no encontro de sensibilidades grafadas.

Fiz toda essa festiva divagação acima para dizer que pelas esquinas.com do web-mundo, dou de cara com meu velho amigo Jornalista Vicente Serejo.

Encontro virtual, of course.

Recebo de Serejo-velho-de-guerra um email lá de Recife. Agradece e retribui o web-abraço do Dia Internacional do Amigo que enviei pela Rede do (In)Finito a amigos e alunos mais chegados.

Vocês sabem que um abraço amigo é sempre uma dose de energiafetiva.

Serejopoetando, responde ele no email: “olhos mergulhados nas águas do Capiparibe, um abraço afetuoso deste seu leitor e amigo”.

Um Serejo-abraço que acalenta amizades.

Tão marujo quanto eu, Serejo contempla rio e mar e confia ao Capibaribe a mensagem amiga. Como a garrafinha do náufrago em seus bordejos de solidão.

Aqui abro parêntesis. Como desfilósofo assumido, pra mim “marujo” não é só o que navega “porque é preciso”, como poetava lindamente PessoaFernando. Marujos são, sobretudo, os que amam o mar. Fecho parêntesis.

Marujos são, pois, os que abrem no coração o velame da imaginação e navegam os mistérios desse mar-massa-plena-profunda, solidão remansa, navio longe partindo, navegante saudade, gaivotas lentiriscando o azul, praia alongada na branquiespuma dos sonhos, na ânsia d’ancoragem próxima, já caturrando manso, lenti-bordejando, largando o ferro, e, gozo-atracando, no porto seguro da mulher amada.

Marujos são todos os que nesse navegar pescam sentires, emoções, poesias. E amores perdidos-achados e recauchutados.

Lembro uma das crônicas da Cena Urbana, de Serejo-marujo, dos anos 90, onde ele capta essa alma-maruja. Serejo diz de seu sonho em embarcar num “navio cinzento, da cor da Ribeira”.

E, então, ao se apresentar ao comando, numa continência plena de sonhos, abrir a alma de autêntico marujo e declarar: “Comandante, vim embarcar minhas emoções!”.

Confesso que, até hoje, ao lembrar dessa força expressiva do Serejo-velho, me deixo levar nesse sonho e me convenço que marujos e poetas são meio-imortais.

Sem dúvida a boa amizade pode também se estaiar fora do cotidiano comum. Além tempo-espaço-esquinas. Pois a boa amizade é, sobretudo, sintonia afetiva. Que irradia-capta a BoaEnergia da VidaViva e das estrelas perdidas-e-achadas nas lonjuras. Que de tempos em tempos conjunta coincidências, mapas astrais, horóscopos e encontros inesperados, mesmo virtuais, mesmo espirituais.

Quero dizer que ao abastecer, hoje, meu carro, recebi de brinde o Jornal de HOJE. Chego em casa. Me ajeito. E vou direto ao Butecodo(In)Finito. Filial do último bar das estrelas perdidas-e-achadas por esse infinitaço afora.

Chamo meus daímons e Sir JohnnieWalker prum papo-lento, na noitechegando.

Abro o jornal na Cena Urbana do Serejo-velho. A madruga caminha. Dou um uísquetrago pros caboclos. Xanavá!

Vou uísquetragando, enquanto leio a crônica de Serejo. Capta ele esse mar de agoras-e-eternidades em que navegam marujos, poetas, escritores – e que me permito transcrever pela intensa beleza desfilosófica e musical.

Antes, um aviso aos navegantes: Desfilosofia é o streap-tease maturado da SantaFilosofiacadêmica. Ou o retorno do pensar ao seu habitat natural que é sentir o bric-à-brac da Vidaviva, em carne, osso, buracos-vivos… e ziriguiduns da alma.

Portanto não se deixem enganchar em teorismos pé-duros e remassados, que nem roupa velha pendurada.

A Desfilosofia é o estágio mais avançado da SantaFilosofia. Como borboleta saindo-revoando do casulo em toda beleza de suas cores e liberdade.

Acontece, aquiali, antesagoradepois, semprenunca, na VidaViva, onde ela – a Desfilosofia – se exibe, sem as vetustas-mofadas vestes acadêmicas.

E nuinha-sem-calcinha vai irradiando-se-expandindo através sua poderosa energia vital, ou energia orgônica, como diz Reich, ou a prana dos hindus, ou o xanergismo da Desfilosofia.

Daí conectando, desde o infinito de todos e cada um, o fascinante mix-carnespiritual de pensares-e-sentires dos buracos-vivos…

Mas ouçamos, entre as fendas do Tempo, as sábias e emocionantes palavras de Serejo sobre a magia do escrever: “Escrever é tatear as realidades com as próprias mãos, tocando o relevo das coisas. É uma busca, uma tentativa de remontar a vida em forma de sensações. O táctil. O dúctil. O útil e o inútil. Um feixe tenso e nervoso de mesmices e descobertas. Escrever é apreender o que está fora do olho para apropriar-se. Escrever é impregnar-se. É não neutralizar-se diante da vida. É ferir com o olho, essa ponta de faca, a paisagem que passa pelas pessoas que passam como se não passassem.”.

Quem escreve assim, mago-velho, sem dúvida teve a visão arrebatadora e sábia da Sta.Filosofia esvoando leveloucanua, remansatempestuosa, pelas esquinas e marés humanas das cidades.

Quem escreve-o-escrever assim, Serejo-velho, como você o fez, além de marujo dos 7 mil mares e bares, além de desfilósofo de alta casta – é certamente oficial-gajeiro da deusalhada trollando pelas eternidades.

Assim é a VidaViva

Ruben G Nunes

Ruben G Nunes

Desfilósofo-romancista & croniKero

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