Fazer um balanço de um ano é como observar um parque de diversões depois do expediente: restos de pipoca espalhados pelo chão, brinquedos parados no alto e aquela sensação de “meu Deus, como sobrevivi a tudo isso?”. 2024 foi exatamente assim, uma montanha-russa que me levou para cima, para baixo e, em alguns momentos, me deixou de cabeça para baixo. E aqui estou, no início de janeiro, tentando entender o que foi sucesso, o que foi susto e o que se tornou apenas uma história para rir mais tarde.
O ano de 2024 foi um desfile de surpresas. Algumas boas, como encontrar aquele livro raro em um sebo escondido ou acordar com a sensação de que algo grande estava prestes a acontecer — e aconteceu. Outras, nem tanto: quem nunca olhou para a conta bancária depois de uma farra e pensou “talvez tenha exagerado na empolgação”?
Foi um ano, no mínimo, peculiar. Conquistei coisas que pareciam impossíveis, como finalmente conseguir organizar minha rotina com a ajuda de um aplicativo de inteligência artificial. Parece simples, mas quem já lutou contra uma agenda caótica sabe que isso é uma vitória digna de troféu. Também consegui manter a disciplina de beber dois litros de água por dia, mesmo quando a tentação de trocar a garrafinha por uma cerveja gelada no meio da tarde parecia irresistível.
Mas nem só de vitórias vive um ano. 2024 também teve suas perdas. Perdi a paciência com pessoas que não conseguem resumir uma ideia em menos de três minutos de áudio no WhatsApp. Perdi o controle do meu orçamento ao me perder em promoções irresistíveis de lojas online. E, mais de uma vez, perdi a coragem de enfrentar certos medos. Também perdi pessoas importantes, que agora só posso amar de longe. Um tio querido que me deixou muitas referências de músicas, de afeto e de cuidado e um amor que nunca aconteceu de fato, porque ele dizia que não daríamos certo — por não conseguir me “dominar”. Talvez, se ele tivesse se desprendido do medo e da necessidade de posse, tivéssemos vivido um amor livre e verdadeiro antes de sua morte. Mas, como bem disse Chorão, a gente tem que ter cuidado com o destino, afinal, ele brinca com as pessoas.
Ainda assim, foi um ano de renovações. Pessoas que não agregavam finalmente saíram da minha vida, abrindo espaço para outras que chegaram com uma energia nova e revitalizante. Conheci amigos que se tornaram minha família escolhida, que me incentivaram e me levaram para lugares leves e divertidos. Com eles, vivi experiências que mudaram minha visão do mundo. E as viagens… foram um capítulo à parte: de grandes cidades cosmopolitas a pequenos refúgios no interior, vivi cada momento como se não houvesse amanhã, e descobri que sou muito mais do mundo do que imaginava.
Em uma dessas viagens, enquanto observava o sol se pôr e o céu explodia em cores quentes, começou a tocar, em um pequeno café onde parei para descansar, a música de Rodrigo Amarante: “O que ela vê, só não vê quem não quer ver”, ele cantava. Aquela melodia embalou o instante como se tivesse sido feita para ele. Foi um momento de pausa e gratidão, como se o universo dissesse: “Está vendo? Há beleza até nas coisas mais simples.” E, nesse momento, consegui ver, enxergar e entender a magia. Todos podem ver, basta querer contemplar o simples que é também belo.
E como falar de 2024 sem mencionar os meus trabalhos? O sucesso do Festival Manifesta? Ver o evento crescer e tocar tantas pessoas foi como assistir a um sonho antigo ganhar vida. Entre aplausos e sorrisos, a emoção era quase palpável. A sensação foi como flutuar no tapete voador da Mãeana, navegando por territórios desconhecidos com a confiança de que, independentemente do destino, a jornada valeu a pena. Foi, sem dúvida, o momento mais especial do ano.
Agora, olhando para 2025, vejo um horizonte repleto de possibilidades. Pode ser o ano em que finalmente termino aquele projeto esquecido ou me arrisco a tentar algo novo — como começar uma nova faculdade, escrever meu livro, voltar a fazer podcast ou aprender a nadar. Pode ser um ano de surpresas, boas ou desafiadoras. O que sei é que estou mais preparada para acolher o inesperado, com a certeza de que até os dias difíceis carregam sementes de transformação. Também estou aberta ao amor; esse, eu nunca me canso de buscar. Não sossego até que ele dê certo e não me conformo quando alguém me diz que não se pode ter tudo. Não aceito isso nunca!
Se 2024 me ensinou algo, foi a importância de abraçar o improviso da vida. Não precisamos de roteiros perfeitos; às vezes, são as linhas tortas que revelam os capítulos mais bonitos. Para 2025, levo a certeza de que dias melhores estão à nossa porta, esperando para serem vividos. Basta abrir, dar o primeiro passo e nunca perder a trilha sonora que nos faz seguir dançando.
Minhas metas para o próximo ano já estão traçadas, mas com espaço para surpresas. Quero ser mais gentil comigo mesma, aprender a celebrar as pequenas derrotas e as grandes vitórias com o mesmo entusiasmo. E, acima de tudo, quero continuar rindo — de mim mesma, da vida e das pequenas ironias que transformam até os momentos mais caóticos em algo suportável. Porque, sinceramente, como vou ser triste (como disse a trend do ano) se sempre há uma nova história para contar e um novo sonho para viver?
Que venha o ano novo!
1 Comment
Carlota, você é poderosa e vai realizar muito, tanto em 2025, como nos próximos anos… parabéns pelo 2024 de tantas realizações…