Quais os livros mais marcantes da literatura universal e da literatura potiguar?

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por Manoel Onofre Jr.

– Quais os livros que mais marcaram sua formação intelectual ? – indagou-me, certa vez, um repórter.
E eu lhe respondi:

– Romances, principalmente. Culminâncias da literatura universal. ‘Dom Quixote’, ‘Os Irmãos Karamazov’, ‘Guerra e Paz’, ‘O Vermelho e o Negro’, ‘As Aventuras do Sr. Pick Wick’…

De modo especial, Eça de Queiroz: ‘Os Maias’, ‘O Primo Basílio’, ‘A Cidade e as Serras’, ‘O Crime do Padre Amaro’. Eça ainda me parece ser o maior romancista da língua portuguesa – que me perdoe José Saramago.

Na literatura brasileira: ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, cuja força verbal deixou-me atordoado, e me influenciou muito quando escrevia para jornalzinhos estudantis.

Dentre os romances clássicos destaco dois, ‘Dom Casmurro’, de Machado de Assis e ‘Triste Fim de Policarpo Quaresma’, de Lima Barreto. Que mais?… ‘Memórias de um Sargento de Milícias’, de Manoel Antonio de Almeida.

Está vista minha predileção pelo escritores realistas, mas gosto, também, de outros que sabem mesclar, com maestria, o real e a fantasia, como por exemplo Lygia Fagundes Telles.

Vejo no romance nordestino da década de 1930 o acontecimento mais importante da moderna literatura brasileira, em termos de ficção. A valorização que esse movimento fez dos temas regionais, não veio em prejuízo da universalidade que toda obra de arte deve ter. Aprecio muitíssimo ‘Vidas Secas’ e ‘São Bernardo’, de Graciliano Ramos; ‘Menino de Engenho’ e ‘Fogo Morto’, de José Lins do Rego, e ‘Terras do Sem Fim’, de Jorge Amado. Da fase posterior deste último, ‘Gabriela, Cravo e Canela’ e ‘A Morte de Quincas Berro d´Água’.

‘Grande Sertão: Veredas’, de Guimarães Rosa, causou-me impressão parecida com aquela que me tomou quando li Os Sertões. A força da palavra, a exuberância verbal. ‘Sagarana’ já me fizera fã do mestre Rosa.

Por fim, cito dois romances da era contemporânea, verdadeiras obras-primas: ‘O Coronel e o Lobisômem’, de José Cândido de Carvalho, e ‘Doutora Isa’, de Juarez Barroso, este não muito conhecido.

No conto sou devoto de Machado de Assis. Machado está para o conto assim como Eça para o romance. Tenho plena convicção disto.

E na literatura potiguar, quais os preferidos?

Dois livros de poesia – ‘O Arado’, de Zila Mamede, e o ‘Livro de Poemas de Jorge Fernandes’ – e dois de ficção: ‘Os Mortos são Estrangeiros’, de Newton Navarro e ‘Rosa Verde Amarelou’, de Bartolomeu Correia de Melo. O mestre Câmara Cascudo, com sua notável obra etnográfica, é hors concours.

Manoel Onofre Jr.

Manoel Onofre Jr.

Desembargador aposentado, pesquisador e escritor. Autor de “Chão dos Simples”, “Ficcionistas Potiguares”, “Contistas Potiguares” e outros livros. Ocupa a cadeira nº 5 da Academia Norte-rio-grandense de Letras.

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