Felipe Nunes mistura sonoridade orgânica ao eletrônico em EP de estreia

Foto Augusto Junior eutropykos

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O cantor e compositor Felipe Nunes lança, nesta sexta-feira (3), o EP Eutropykos, pelo selo Rizomarte, com cinco canções disponibilizadas nas plataformas digitais.

O processo criativo que resultou na sonoridade do Entropykos durou um ano e o resultado final é uma mistura consistente entre elementos sonoros orgânicos e eletrônicos.

O disco conta com participações especiais que deram corpo e movimento a cada uma das canções. Dar corpo não apenas como uma metáfora, mas sim como uma busca por conexões viscerais entre passado, presente e futuro através da musicalidade.

Nessa ligação umbilical entre os sons e a força poética das letras e melodias, o EP se apresenta como um delicado microcosmo sonoro-poético povoado pela ancestralidade negra e indígena que ancoram e norteiam a formação histórico-cultural brasileira.

“O EP buscou contar a história através de narrativas contra-hegemônicas. Viemos de muitas direções e temos inúmeras histórias para contar. Neste sentido, o Entropykos nasce da simbiose entre entropia (termo da física onde, a grosso modo, afirma que estamos sempre a se multiplicar e se movimentar) com a palavra tropicalismo”, conta o autor.

E diz mais: “O tropicalismo foi a minha primeira escola filosófica-musical ainda na adolescência. O nome é um reflexo literal do trabalho, onde busco amalgamar diversas sonoridades sobre as histórias que formam a identidade cultural brasileira. Tenho muitas referências teóricas e sonoras, ao mesmo tempo desejava não estar preso a nenhuma delas. A solução foi misturar tudo”.

Felipe Nunes

Sergipano radicado em Natal (RN) há mais de 7 anos, integrou durante dois anos a trupe de poetas que organiza o Sarau Insurgências Poéticas que se notabilizou nos últimos anos por pelos saraus multi artísticos promovidos no Rio Grande do Norte e Nordeste.

Já há algum tempo é possível acompanhar seu trabalho musical na noite potiguar. Além de sua próprias canções, Felipe dedica-se a dois projetos coletivos: o Agô, que faz releituras de canções afro-brasileiras, e a Tríade Rebelde, dedicada a fazer releituras de clássicos da música latino-americana.

Identidade visual

Já sobre a ideia visual da capa, Felipe nos diz que ”foi pensada conjuntamente com Rodrigo Costa (artista visual e designer) e Augusto Júnior (antropólogo e fotógrafo) e traz a sobreposição ótica entre o humano e a cabeça de um boi que é um símbolo milenar presente em diversas culturas (ocidental, oriental, africana, ameríndia) com distintos significados.

Dentre eles o de princípio organizador da vida, amuleto, de proteção da colheita e do alimento. Ela está representada em inúmeras tradições culturais como muata calombo, munhanhe, minos, boi de reis e tantos outros. É possível encontrá-la desde as selvas africanas, palácios greco-romanos até nas matas do sertão brasileiro.

Sonoridade

Da psicodelia presente nos timbres de sintetizadores, somados a grooves de funk, batidas ijexás, afoxés, guitarras, violões, programações eletrônicas, flautas e rabecas. Essa sutil amálgama de elementos foi o caminho adotado para a construção da identidade sonora do EP, que contou com a produção musical de Pedras, integrante e produtor de discos dos projetos Igapó de Almas, Luisa e os Alquimistas, Zé Caxangá e Seu Conjunto, dentre outros.

O fio condutor deste processo foi a escuta do universo temático das próprias letras, que tocam em temas como a releitura da história a partir da ancestralidade, o legado de luta e resistência dos povos indígenas e negros/as, a importância da resiliência como estratégia de vida, a linha tênue entre utopias e distopias, dentre outras transas.

Ficha Técnica:

Direção artística: Felipe Nunes, Henrique Lopes e Pedras Leão
Produção Executiva: Henrique Lopes
Produção Musical, Mixagem e Masterização: Pedras Leão
Edição de Áudio: Yves Fernandes (com exceção de “Mandinga”)
Direção de Arte e Capa: Felipe Nunes, Rodrigo Costa e Augusto Júnior
Fotos de divulgação e Capa: Augusto Júnior
Músicos participantes: Felipe Nunes, Henrique Lopes, Heather Dea Jennings (em Trabandá), Pedras Leão, Kleber Moreira, Rafael Melo (em Canto Ancestral), Tiquinha Rodrigues (em Trabandá e Resiliência), Walter Nazário (em Resiliência)
Gravação: Estúdio Cigarra
Selo: Rizomarte Records
Distribuição: Tratore

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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