PAPO RETO com Cefas Carvalho

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O jornalista, escritor e poeta Cefas Carvalho lança no próximo 5 de maio (sexta-feira) o seu quarto romance. ‘Os Olhos Salgados’ sai pela editora paulista Penalux e traz orelha escrita pelo poemúsico currais-novense Wescley Gama, capa e projeto gráfico de Roberto Paixão e revisão de Andreia Braz. A noite de autógrafos e bebes acontece às 17h no Bardallos Comida & Arte, recinto boêmio do Centro de Natal, de encontro de poetas, jornalistas, publicitários e outras espécimes típicas do convívio do autor e que tem inspirado seus últimos personagens.

Neste livro, especificamente, um publicitário e sua filha adolescente traçam juntos uma viagem de autoconhecimento após ele passar por uma tragédia pessoal. Uma trama diferente do último romance, Carla Lescaut, que li, gostei e escrevi comentário AQUI. Curioso para ler Os Olhos Salgados. Uma sexta de cervejada no Bardallos e a expectativa por um bom livro deverá me empurrar ao lançamento. Por hora, um papo reto com o autor.

1. Qual porcentagem de autobiografia na ficção do livro?

Sou devoto de Hemingway, que defendia com unhas e dentes que o escritor deve escrever sobre aquilo que conhece. Neste prisma, locais, dinâmica dos personagens, modo de falarem, sempre carregará algo de biográfico. Como tenho uma filha pré-adolescente com quem sempre tive relação muito estreita, a relação entre o pai e a filha do romance tem algo perceptivelmente autobiográfico, mas as ilações param por aí, o romance é basicamente uma ficção.

2. Quarto romance. O terceiro foi publicado há pouco mais de dois anos, também com um protagonista publicitário. As duas obras têm alguma relação?

No caso dos protagonistas publicitários, foi em parte acaso, já que em outros romances inéditos escritos entre “Carla Lescaut” e “Olhos salgados” os protagonistas eram jornalistas, músicos, enfim. Por outro lado, já trabalhei em agência de publicidade, tenho amigos publicitários, como tenho amigos jornalistas, músicos, poetas, professores e meus personagens acabam gravitando dentro destes universos, que conheço. Dificilmente meus personagens serão pilotos de Fórmula 1, banqueiros ou vampiros em Nova York. Voltemos ao paradigma de Hemingway, rsrs.

3. Por que uma editora paulista?

Nenhuma razão especial, já lancei por editoras potiguares sempre com bons resultados e admiro o trabalho dos editores potiguares. Jovens Escribas, CJA, Flor do Sal, Sebo vermelho, entre outras realizam trabalhos fantásticos que nada deixam a dever às editoras do “Sul maravilha”. Mas, aproveitando a amizade e contato feito ao longo dos anos com os editores da Penalux, acabei optando por ela.

4. Nestes tempos de leitura de meias frases de facebook, ou em terras pouco afeitas aos romances, o enredo de Olhos Salgados deve agradar que tipo de leitor?

Creio que ao leitor que gosta de histórias, da narrativa, digamos, clássica, linear. Tive excelente receptividade a “Carla Lescaut”, vinda inclusive de gente mais jovem, em tese mais voltada para narrativas mais modernas e dinâmicas. Uma boa história ainda tem um poder de atração muito forte, acho que, goste-se ou não, livros como Harry Potter, Crepúsculo, Jogos Vorazes estão aí para comprovar isso. Quanto aos (poucos) leitores desta terre ade Poti, nossa missão é justamente formar estes leitores. À luta, então!

5. Vamos produzir listas? Me conte seus cinco livros preferidos lançados no RN.

Essas listas são perigosas e podem fazer perder amizades, rsrs. A fogueira das vaidades que crepita no Erre-ene não é propício para tais listas, mas, para não incorrer na covardia e não fugir da pergunta posso listar bons romances – já que falamos de romances – que li ou reli nos últimos anos: “Pequenas catástrofes”, de Pablo Capistrano, “Geração dos maus”, “A fortaleza dos vencidos”, de Nei Leandro de Castro, este que considero subestimado, acho particularmente brilhante. Os mais recentes de Márcio Benjamin, Nelson Patriota, o livro de contos de Damião Gomes, a pesquisa de Celina Muniz, enfim, não se produz muitos romances, muita prosa, no Rio Grande do Norte, infelizmente e posso não ter acompanhado toda a produção para fazer um juízo de valor correto, mas o que venho lendo, gostei.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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