A Travessa Ulisses Caldas, localizada na Cidade Alta, inicia-se à margem direita do rio Potengi. Trata-se de um beco muito estreito, cercado de casas residenciais que não guardam nem vestígios de sua primitiva arquitetura colonial. À altura da praça 7 de Setembro, a travessa Ulisses Caldas recebe a denominação de rua D. Pedro I.
No prolongamento da rua D. Pedro I, tem início a partir da rua da Conceição, a rua Ulisses Caldas, que seguindo em direção ao nascente termina na avenida Deodoro. Daí para frente, surge a rua Mossoró, que é um prolongamento da Ulisses Caldas.
Esta, originalmente era conhecida como a “Travessa do Correio de Natal”. O decreto Municipal de 13 de fevereiro de 1888, determinou a substituição daquele primitivo topônimo, para a rua Ulisses Caldas, e assim, permaneceu até os dias atuais.
Ulisses Caldas
Ulisses Olegário Lins Caldas nasceu no município de Assu/RN, aos 5 de maio de 1846, filho do alferes Francisco Justiniano Lins Caldas e de Maria Gorgonha de Holanda Wanderley. Ulisses serviu fielmente à Pátria, alistando-se como voluntário, indo combater na guerra contra o ditador do Paraguai, Francisco Solano Lopes. Contava Ulisses, então, menos de 20 anos de idade.
No período sangrento da Guerra do Paraguai, apesar de sua juventude, foi um “exemplo de coragem, de tenacidade, de sangue frio perfeito’’. Não se deixava abater, encorajando com entusiasmo aos seus companheiros de luta.
Ulisses Caldas recebeu, por determinação do imperador D. Pedro II, a condecoração da Imperial Ordem do Cruzeiro, em reconhecimento aos seus atos de bravura e amor à Pátria. Faleceu como herói, em pleno campo de batalha, no dia 7 de novembro de 1866.
No ano seguinte, Luís Wanderley, conterrâneo de Ulisses Caldas, dedicou-lhe os seguintes versos:
“Porém depois da vitória
Morreu… Que resta! Uma cruz!
Uma página da História,
Escrita com muita glória,
Cercado de muita luz!… “
Rua se perdeu nos trilhos do tempo
Ao longo dos anos, a rua Ulisses Caldas sofreu grandes modificações. Perdeu os trilhos onde passavam os bondes. Seu calçamento, de pedras irregulares, foi revestido com pavimento de asfalto. O casario todo modificado. Sobrevive o prédio da Prefeitura Municipal do Natal, inaugurado em 7 de setembro de 1922, por ocasião dos festejos comemorativos ao Centenário da Independência do Brasil.
Foi aquele prédio construído no local da antiga Intendência Municipal, que funcionava em um edifício de planta quadrangular, desenvolvido em um único pavimento e que apresentava uma água furtada. Posteriormente o prédio recebeu um frontão neoclássico, apoiado em colunas com capitéis jônicos.
O atual prédio da Prefeitura Municipal do Natal, de inspiração eclética, foi projetado pelo arquiteto italiano Miguel Micucci. Defronte ao prédio existiu uma bela edificação, com platibanda e ornatos de massa, a qual resistiu até a construção do novo prédio da Assembleia Legislativa, na década de setenta.
Na esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu, existia o Potiguarânia, um café muito frequentado em Natal, no início do século XX. Defronte ao Potiguarânia, ficava o Royal Cinema, que proporcionou muita alegria, tendo sido motivo de inspiração para a valsa Royal Cinema, de Tonheca Dantas.
Tratava-se de um amplo e belo prédio, que ocupava a esquina das ruas Ulisses Caldas e Vigário Bartolomeu, chegando até ao prédio da Prefeitura. Durante muitos anos, foi o único cinema de Natal. Os filmes mudos de então, eram orquestrados por Otávio Pinto, Jessé Café, José Herôncio e Paulo Lira. A sessão noturna somente começava com a presença de Ana Maria Cascudo, mãe do saudoso Luís da Câmara Cascudo.
Nada restou dos antigos prédios da rua Ulisses Caldas. O comércio impôs a reforma total do seu casario.
ILUSTRAÇÃO: : Luiz Miguel Ribeiro Nasser Silva
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