10 perguntas sobre os 10 anos do Camarones Orquestra Guitarrística

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Uma das bandas mais longevas do atual cenário musical potiguar completa este ano 10 anos e não faltam motivos para o Camarones Orquestra Guitarrística celebrar. Além do aniversário, o grupo está com o terceiro álbum Feeexta na praça e uma turnê de divulgação com dezenas de shows pela Europa com início nas próximas semanas. Então é bom aproveitar os dois shows do quarteto por aqui antes da tour. O primeiro acontece neste sábado, às 22h, no El Rock. E o segundo, no dia seguinte, no Som da Mata, por volta das 16h. Depois disso, nada programado senão shows em Portugal, Alemanha, etc. Para saber mais sobre essas novidades e a trajetória da banda, batemos um papo com o produtor e músico do Camarones, Anderson Foca e postamos mais abaixo um mini doc de 17 minutos sobre o processo de gravação do novo disco:

1) Como se deu a primeira conversa para formação da banda, da criação do nome? Desde o início a proposta foi a música instrumental ou isso chegou a ser discutido?

Foi um processo engraçado. Eu tinha uma ideia de nome antes mesmo de ter a banda. No fim de 2007 reuni um grupo de jovens que estavam em volta do estúdio Dosol para um experimento. Sempre pensamos em ser uma banda instrumental e começamos desenvolvendo a banda tocando temas de desenhado animado e filmes.

2) E como se desenvolveu a maturidade sonora característica da banda?

Fomos ensaiando e rapidamente começamos a desenvolver um repertório autoral. Quando nos apresentamos pela primeira vez já tínhamos um repertório meio a meio: metade versões e metade autoral. Daí em diante foi só o processo evolutivo para desenvolvermos nossa discografia.

3) Foram as influências pessoais de cada um a fusão para o resultado do som ou essa proposta de ska, groove, rock foi algo combinado?

Bandas se desenvolvem de um jeito mais lúdico do que parece. Nunca discutimos o que íamos tocar. Na verdade fomos seguindo o rumo e vendo o que funcionava melhor. Nossos álbuns, desde sempre, têm desde reggae muito roots até canções ultra pesadas. Acho que uma das características principais do Camarones foi nunca se apegar a um estilo musical. Gostamos juntos de muita coisa.

4) A música instrumental em Natal ou no RN é bem forte. Mas em talentos individuais. Vocês acreditavam, no início, que alcançariam esse espaço?

Jamais imaginamos ir a lugar algum com essa banda e não é falsa modéstia; tínhamos total falta de expectativa mesmo. E acho que isso até ajudou. Inclusive depois dos Camarones outras bandas excelentes apareceram tocando som instrumental (num estilo bem diferente do nosso) e também tem brilhado, como o Mahmed e o Jubarte Ataca. Se falassem algo assim em 2007, quando começamos, eu ia rir da piada!

5) E qual a junção de fatores que levou o Camarones ao reconhecimento nacional e ao Rock in Rio?

Primeiro, somos uma banda dedicada que acredita no nosso próprio trabalho. Isso é condição primária para qualquer trabalho (até fora da música). Acho que o timing da banda também ajudou, nunca paramos de fazer tours, lançar discos, vídeos e isso vai dando uma reputação que termina gerando resultados como esses. São dez anos de atividades intensas, sem parar e com fôlego para continuar em qualquer condição. Seja num show no interior do país ou no Rock in Rio, sempre tratamos o show como um evento único e um presente da vida.

6) O Camarones daria certo nos anos 90?

Difícil dizer. Sem internet certeza que o ritmo seria outro. E acho que não teríamos um espaço no lance gravadora/jabá/afins. Mas com certeza teríamos nosso espaço na cena independente do país, mesmo que limitados às cosias regionais.

7) Começou como quinteto e enxugou para um quarteto. Influenciou alguma coisa no som?

Os primeiros ensaios éramos seis, mas a formação mais popular tínhamos cinco pessoas. Com quatro integrantes mudamos muito o nosso som; tá mais direto, mais punch, e gosto demais de como estamos soando atualmente. O nosso álbum novo ficou exatamente como queríamos que ele ficasse!

8) E como vocês queriam que ele ficasse?

Direto e reto sem deixar de ser dançante. O disco é curto, tem menos de meia hora. Eu não escuto ele por faixas separadas; eu realmente gosto dele todo e de como ele vai se comportando. Se fosse viável, até do ponto de vista do ouvinte, era melhor ser uma música só de 30 minutos, mas é melhor separado!

9) E qual o plano de divulgação com relação à turnê e ao marketing?

Temos um selo que trabalha essa parte no Brasil, junto com o o Dosol, que é a Hearts Bleed Blue. Já tem pré-venda do álbum e já tem vários sites e blogs falando do disco. Também fizemos um trabalho pesado na Europa, onde já temos acumulados mais de 50 shows. Então a tour a principio vai se dividir entre o Brasil e a Europa, pelo menos até junho. Nossa meta é ir em todas as regiões do país esse ano e fazer por volta de 20/25 shows na Europa.

10) Você nunca se coçou pra colocar letra em uma melodia instrumental fuderosa? Nunca achou desperdício um arranjo bem trabalhado sem aquela letra bem encaixada?

Temos melodias de “voz” tocadas por guitarras. Termina sendo uma coisa incrível que você pode se expressar sem escrever, sem explicar. E as pessoas entendem, entram na onda. Então nunca achei desperdício, pelo contrário, aguça ainda mais a curiosidade e a capacidade de imaginação das pessoas. Arte é para tirar a gente do lugar!

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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