O conceito de Patrimônio Imaterial é adotado em muitos países como complementar ao conceito de Patrimônio Material. Segundo Letícia Costa Rodrigues Vianna, antropóloga, pesquisadora de projetos e inventários culturais e escritora, o conceito identifica atores da cena cultural de uma comunidade cujas atividades tenham destaque e influência na sua área de atuação.
No Rio Grande do Norte, vários festejos e tradições culturais já foram oficializados como patrimônio cultural e imaterial do estado. Como são muitos, citarei aqui apenas os que conquistaram este título nos anos mais recentes.
A ginga com tapioca foi declarada patrimônio imaterial do nosso estado em 2016, num projeto da deputada Márcia Maia. Em 2020, o Pastel de Tangará recebeu este reconhecimento num projeto do deputado Ubaldo Fernandes e em 2020, também por proposição do deputado Ubaldo Fernandes, a feira do Alecrim passou a ser considerada Patrimônio Cultural do Rio Grande do Norte. O bordado Labirinto também passou a ter a mesma denominação num projeto da deputada Ivaneide Basílio, aprovado pela Assembleia Legislativa em setembro deste ano. As Festas de Sant’Ana, das cidades de Currais Novos, Caicó e Santana do Matos, também receberam a mesma honraria, num projeto também de autoria do deputado estadual Ubaldo Fernandes. A Carne de Sol, o Queijo Coalho de Caicó, o Caldo-de-Cana de Açúcar de Ceará-Mirim, as Garrafinhas Coloridas da Praia de Tibau e a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes realizada na cidade de Areia Branca também são patrimônios culturais e imateriais do nosso estado.
No último dia 29, a Assembleia Legislativa aprovou o projeto da deputada Eudiane Macedo que reconhece a banda Grafith como Patrimônio Cultural e Imaterial do nosso estado.
Este é um reconhecimento mais do que justo. Junior, Joãozinho, Kaká e Carlinhos, os quatro filhos de “seu” Christiano, que durante muitos anos moraram no bairro de Santos Reis, são exemplo de talento, profissionalismo e resiliência. Os “meninos de seu Christiano” são portadores de uma virtude que é pouco comum no meio artístico: a capacidade de resistir e, principalmente se reinventar.
Com 36 anos de uma trajetória vitoriosa, a serem comemorados em dezembro na Shock Casa Show, a banda Grafith enfrentou dificuldades, superou preconceito e descriminação, evoluindo a cada ano, conseguindo uma façanha rara no meio artístico: os meninos se adaptaram aos estilos e modismos musicais durante anos, adotando um repertório variado, mas conseguiram encontrar seu próprio caminho, com um repertório diferenciado, ganhando fãs nas mais diversas camadas sociais.
A banda Grafith conquistou fãs em vários estados brasileiros, mantendo sempre uma postura de seriedade e, o que é mais importante: eles conquistaram o estrelato… mas não se tornaram estrelas. Pessoalmente, me sinto honrado em ter, ao longo da minha carreira, convivido de perto com eles, tendo a oportunidade de conhecer seu lado solidário: por alguns anos, quando o programa Talento Potiguar era gravado no Átrios Buffet a banda Grafith cedia ao programa toda a sua estrutura de som a custo zero. E na época da pandemia da COVID 19, quando a ANDAR fez uma campanha para doar cestas básicas a músicos sem condições de trabalho, recebemos da banda centena de cestas básicas.
Parabéns, banda Grafith, por ter se tornado Patrimônio Cultural e Imaterial do Rio Grande do Norte. Vocês são merecedores deste título e do respeito dos potiguares.
instagram: @fernandoluizcantor