Associação de Críticos de Cinema do RN se manifesta sobre incêndio na Cinemateca

accirn-cinemateca

PIX: 007.486.114-01

Colabore com o jornalismo independente

A Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Norte (ACCiRN) manifesta sua preocupação com a situação da Cinemateca Brasileira, bem como sua indignação com o descaso do governo federal brasileiro em relação à instituição que está sob sua guarda. Expressa também profunda tristeza pelas consequências do incêndio que destruiu parte da edificação e do acervo de uma das unidades da Cinemateca Brasileira, na Vila Leopoldina, em São Paulo, na tarde desta quinta-feira, 29 de julho de 2021. As fragilidades decorrentes da deficiência na manutenção do prédio já haviam sido fartamente denunciadas pela sociedade civil, por entes públicos das esferas municipal e estadual de São Paulo, por trabalhadores da cultura e por admiradores do cinema.

Em 7 de agosto de 2021, a Cinemateca Brasileira completará um ano fechada e com todo o seu quadro técnico demitido, o que atesta a leniência administrativa do governo federal e revela a ausência de uma política de preservação cultural de um dos maiores e mais importantes acervos do mundo sobre o audiovisual.

O outro prédio da instituição, localizado na Vila Mariana, já havia sido atingido também por incêndio em 2016, que destruiu cerca de 500 obras que fazem parte da história do audiovisual no Brasil. Em 2020, o prédio da Vila Leopoldina foi tomado por um alagamento ocorrido após um temporal e equipamentos foram totalmente perdidos. Esses e outros fatos recentes, como a demissão em massa de técnicos que atuavam na Cinemateca, entre julho e agosto de 2020, após o governo federal assumir a gestão do espaço, revelam não só descaso da gestão de Jair Bolsonaro em relação à instituição, mas uma atitude deliberada de destruição desse acervo fundamental para a cultura brasileira.

Diante deste quadro, títulos, coleções, filmes raros e outros materiais  caminham a passos largos para o desaparecimento. Coleções ainda pouco pesquisadas, como os Cinejornais, a produção da Atlântida e Canal 100, estão com preocupante grau de deterioração dos seus negativos originais de imagem, bem como a documentação referente à Embrafilme e Concine que perfaz todo um período de produção de 1966 a 1994.

É imprescindível que as autoridades brasileiras de todos os poderes constituídos tomem atitudes concretas para investigar o incêndio, punir responsáveis e impedir que outras perdas ocorram. É dever do poder público, estabelecido na Constituição Federal de 1988, promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação, com a colaboração da comunidade. A ACCiRN conclama a sociedade a exigir o cumprimento desse dever e se soma a outras entidades, como Sociedade Amigos da Cinemateca (SAC), na luta pela reparação dos danos causados até aqui e pelo fim da destruição deliberada do patrimônio cultural audiovisual brasileiro.

Redação

Redação

Obrigado pela visita!

WhatsApp
Telegram
Facebook
Twitter
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Mais lidos do mês