A Academia Norte-rio-grandense de Letras compõe-se de 40 cadeiras, cada uma com patrono escolhido pelo sócio fundador respectivo. Quando surgiu, em 1936, pelas mãos de Câmara Cascudo, tendo, como primeiro Presidente, Henrique Castriciano, a ANRL destacou-se entre as congêneres, em todo país, por contar com três patronas – Nísia Floresta, Isabel Gondim, Auta de Souza – e duas “imortais”, Palmyra Wanderley e Carolina Wanderley. Passaram-se anos até que outra mulher tivesse ingresso na instituição: Maria Eugênia Montenegro. Depois, vieram, sucessivamente, Diva Cunha, Anna Maria Cascudo Barreto, Sônia Fernandes Faustino, América Rosado, Leide Câmara e Eulália Duarte Barros. Curiosamente, algumas figuras exponenciais da literatura potiguar, como, por exemplo Zila Mamede e Myriam Coeli, ficaram de fora.
Atualmente, das 40 cadeiras já referidas, apenas 4 são ocupadas por mulheres. E não se diga que faltam, em nosso Estado, escritoras e poetas (poetisas outrora), em plena atividade, capazes de integrar qualquer agremiação literária, por mais alta e prestigiosa que seja. Estão aí, Marize Castro, Nivaldete Ferreira, Clotilde Tavares, Conceição Flores, Rizolete Fernandes, todas, por sinal, constantes de relação postada em rede social, recentemente, pela poeta e acadêmica Diva Cunha. Outras não menos importantes – Carmen Vasconcelos, Josimey Costa, Iracema Macedo – foram lembradas pelo escritor e acadêmico Lívio Oliveira. Ainda outras, igualmente relevantes: Anchella Monte, Edna Duarte, Cellina Muniz, Isaura Rosado, Ângela Almeida, Jeanne Araújo, Ana de Santana, Iara Maria Carvalho, Kalliane Amorim, Lisbeth Lima, Maria Maria Gomes, Salizete Freire Soares, Ana Claúdia Trigueiro, Beatriz Madruga e tantas mais.
Mas devemos reconhecer: o Jardim de Academus parece não ser objeto do desejo para a maioria das escritoras mencionadas. Algumas até admitiram transpor os seus portões desde que fossem eleitas por aclamação. Felizmente, anunciou-se, há poucos dias, o lançamento de duas candidaturas à cadeira nº 32 da ANRL, vaga em decorrência do falecimento do acadêmico Geraldo Melo. Josimey Costa foi a primeira a entrar em campo. É escritora, autora de “A Palavra Sobreposta”, “Quase Contos” e outros livros. Professora aposentada (UFRN), doutora em Ciências Sociais\ Antropologia; jornalista, diretora de Televisão, pesquisadora, com trabalhos científicos e literários publicados em vários periódicos. Isaura Amélia Rosado, a outra candidata, é gestora de cultura, com larga experiência, e, como tal organizou e participou de várias coletâneas sobre aspectos da vida cultural norte-rio-grandense, dentre outras atividades. É professora aposentada (UFERSA), doutora em Sociologia da Educação pela Universidade de Salamanca, Espanha. Possui grande coleção de arte, em boa parte composta por pintores e desenhistas norte-rio-grandenses.
SOBRE A ACADEMIA
Fundada, como se viu, em 1936, compunha-se a ANRL, inicialmente, de 25 sócios efetivos, mas, por força de reforma estatutária, de 1948, esse número aumentou para 30, e mais tarde, em 1937, para 40. Formou-se desta maneira o quadro definitivo, nos moldes da Academia Francesa.
Cada uma das cadeiras tem seu patrono, devidamente homenageado. Da leva inicial, sobressaem-se escritores e poetas, como Ferreira Itajubá, Auta de Souza e Segundo Wanderley, polígrafos como Luiz Carlos Wanderley, Nísia Floresta e Luís Fernandes. Na segunda leva de patronos, entre outros, Manoel Dantas, Aurélio Pinheiro e Armando Seabra. Por último surgiram vultos da estatura de Jorge Fernandes e Afonso Bezerra. Também foram escolhidos, como patronos, nomes não propriamente de escritores, mas de eminentes potiguares ligados à cultura, por exemplo, Padre Miguelinho e Augusto Severo.
Por motivos diversos não foram patronos alguns escritores da maior importância, Polycarpo Feitosa e Tavares de Lira, entre outros.
A Academia funcionou, inicialmente, no Instituto de Música, depois no Instituto Histórico e Geográfico até transferir-se para o atual endereço à Rua Mipibu, 443. A construção da sede própria resultou de uma longa e obstinada luta do presidente Manoel Rodrigues de Melo em busca de colaborações junto aos órgãos públicos e à iniciativa privada. No terreno doado pelo Governo do Estado começaram os trabalhos em 1958, concluindo-se doze anos depois. Mas, a inauguração da sede, toda mobiliada, ocorreu em 23 de janeiro de 1976.
Na presidência Onofre Lopes foram efetuados melhoramentos no prédio e nas instalações. Reparos importantes para a sua conservação têm sido feitos pela atual administração, à frente o poeta e escritor Diogenes da Cunha Lima.
A Academia conta com biblioteca, que deverá ser reorganizada, e uma revista, em circulação desde 1951, com periodicidade regular a partir de janeiro de 2014. Aberta à comunidade literária, a revista é distribuída gratuitamente.
P.S. – Depois de escritas estas notas, soube que a professora e escritora Naide Gouveia também é candidata à cadeira n 32 da ANRL.