Nunca existiu um tempo bom para os músicos potiguares sobreviverem com dignidade nesta província. Alias, para quase nenhum artista potiguar que faz das tripas coração para pagar as contas e colocar o prato na mesa.
Coisas do mercado de uma terra que sempre pagou muito bem aqueles consagrados que vêm de fora e deixa uns trocados chorados a quem batalha por aqui.
O cachê continua indigno para um trabalhador diferenciado, que faz do talento o principal diferencial. Na realidade as ofertas dos produtores e donos de bares estão é piorando com o passar dos anos. Antes se pagava mal, mas eram valores compatíveis com o mercado da época. O tempo passou e hoje se remunera ao músico e local percentualmente pior do que há 20 anos.
“Crise”, “insegurança”, dizem os patrões ao mostrarem o baixo faturamento de uma noite após a apresentação. Muitas vezes mandam o músico para casa sem dinheiro, pois “só entrou cartão”, choram eles. Aí se passam três, quatro dias, uma semana ou nunca para se receber pelo trabalho feito.
É preciso se pagar valores dignos não somente para garantir a sobrevivência, como também para manutenção de instrumentos e acessórios que permitam uma melhor performances nos palcos. Mas isso não ocorre.
Essa é parte da sina que este artista vive no Rio Grande do Norte. Sem direitos respeitados, sem sindicatos fortes e com uma Ordem dos Músicos esfacelada pela incapacidade de lutar pelas conquistas. Um cenário devastador.
É cada um por si para enfrentar a noite. Não se sabe se vai receber. E com isso, boa parte dos artistas são obrigados a terem outras profissões para sobreviver: são funcionários públicos, jornalistas, profissionais liberais, ou exercer qualquer outra área que possa garantir o suficiente para subsistência.
E claro, para quem não se dedica somente a um ofício, a qualidade do trabalho não vai ser aquela desejada.
Respeitem o músico potiguar!