Só os eleitos amam o Velho Chico

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Quando você estiver flanando por Piranhas, cidade colonial no interior de Alagoas, situada às margens do rio São Francisco, dê um presente para o seu ouvido. Experimente escutar a melodia do Tempo. Já nos primeiros acordes, você se remeterá ao que passou e ao o que está por vir. Você ouvirá um coro de vozes tecido pelo eco da Cachoeira de Paulo Afonso, os cantos dos índios da Amazônia, a zoada dos vaqueiros de Grande Sertão e a magia dos personagens tropicalistas de Glauber, Oswald, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Zé Celso.

A força do Brasil é uma energia movida pelas correntezas comandadas pela vontade popular. Em Piranhas tem um mirante. Suba nele para ver o velho Chico concretizando seu destino de ser o rio da unidade nacional.

Agora o velho Chico corre com o coração mais cheio, coração da água que vem das minas das Gerais, dos açudes da Bahia, dos córregos de Sergipe, dos alagados das Alagoas, dos canais de Pernambuco, do Potengi do Rio Grande, das praias do Ceará e dos cabos brancos da Paraíba.

E a reza que está sendo rezada manda dizer que quem fez essa Graça vai ter que voltar. Vai ter que voltar para completar o serviço, dividindo a terra, pois ela não é nem do Deus, nem do Diabo.

O rio criará um oceano de riquezas e o povo não terá mais dúvida que é preciso ocupar ruas, serras, matas, baixios, cerrados, ilhas, sertão e mar, planícies, planaltos e Brasília.

O Velho Chico nasceu de novo porque os sonhos não morrem. Portanto, deixe eu dormir sossegado, pelo menos hoje. Deixe eu pensar que o povo brasileiro conquistou o direito de nadar num rio justo, democrático, rico e amoroso.

Marcius Cortez

Marcius Cortez

Cinco livros publicados e o jogo ainda não acabou. Escrever é um embate que resulta em vitórias, derrotas e empates. O primeiro livro de Borges vendeu apenas 37 exemplares. O gol é quando encontramos um significado que melhore a realidade.

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