Como ativista a quase 30 anos na cultura, música jovem me interessa desde que eu era jovem, até hoje que sou um jovelho. E na observação e no estudo diário, misturado com o convívio atento, me deparei e fui perguntado algumas vezes sobre o fenômeno piseiro, principalmente por conta do Zé Vaqueiro e João Gomes, dois blockbusters da música atual.
Eu amo ritmos contagiantes de cara: pagodão, arrocha, axé, batuque, cumbia, sascoisas. Digo isso antes, pra não parecer que farei uma análise baseada no errôneo achismo da superioridade intelectual de determinados estilos musicais. Aqui não, violão.
Piseiro não me contagiou, não sei explicar ao certo o porquê, aliás até sei, mas talvez seja desinteressante. Explicarei assim mesmo. Esse encontro que gerou o piseiro tem uma barreira geopolítica em mim. Me soa como o sertanejo agropop coptando o Nordeste Forte. E eu definitivamente escolhi o popnejo como o estilo musical que eu menos gosto já feito no Brasil, e não é de hoje.
Ouvi por uma semana atentamente o João Gomes e o Zé Vaqueiro. Coisas que curti: algumas composições são bem legais, parecem preocupados em não serem cancelados pelos jovens engajados desta geração. Talvez a única coisa que eu tenha realmente ouvido de bom no som da turma.
Não bateu um garoto de 20 anos cantando como se fosse um senhor de 70, característica de ambos. Lembrei imediatamente do Rodrigo (será que era esse o nome dele?) meu vizinho de bairro, bem novinho (na época com 16/17 anos) e que virou o engraçado e espirituoso Mução, o velho trollador das rádios brasileiras. A diferença é que o Mução sabe que é piada, os cantores já levam a onda mais a sério e a turma jovem engaja. Pra mim não deu.
Se você pulou o texto, o resumo da ópera é esse: Piseiro como estilo pop contagia, os jovens que o cantam têm valor, mas eu vou passar essa página porque não bateu. Tchau.
PS: não se deixem levar pelo agora, posso mudar de ideia a qualquer momento…