A Comissão Estadual de Folclore preferiu não esperar nova “solução” da Fundação José Augusto e, após o segundo caso de descaso (perdoem o trocadilho), preferiu alugar uma sala simples no bairro do Alecrim, com recursos próprios de cinco membros da Comissão, para servir de nova sede e abrigo para o acervo que sobrou após o arrombamento do Memorial Câmara Cascudo, em novembro último. Era isso ou pedir música no Fantástico após o terceiro “caso de descaso”.
A mudança para a nova sede ocorreu nesta terça, dia da promulgação da Lei Áurea, em 1888. E por aqui também se conseguiu independência. Agora a Comissão ganhou a alforria da Fundação José Augusto. O que restou à Comissão após tanto desleixo coube numa veículo pequeno de mudança. Dois birôs, umas cadeiras e a triste partida.

Contextualizando a novela, a Comissão esteve instalada, a princípio, em uma sala na sede da FJA, cedida durante gestão de François Silvestre. Este editor chegou a ir lá algumas vezes, quando da presidência de Severino Vicente. Após uns 10 anos, com infiltrações graves na sala foram relocados ao Memorial Câmara Cascudo, em regime de comodato, até o triste desfecho de depredação do patrimônio. Então foram alojados em uma sala no Solar João Galvão Medeiros. Mas novamente o desrespeito imperou:
“Quando fomos para o Memorial roubaram os fios e ficamos sem energia. Fazíamos reunião embaixo da mangueira, do lado de fora. Depois foi o arrombamento, com material nosso roubado. Nos encaminharam, então, ao Solar João Galvão. Entregamos ao coordenador nossa agenda de reuniões até dezembro. Então a sala era aberta pra gente aos sábados. Mas justamente no dia 26 de abril, quando celebraríamos os 76 anos da Comissão. Levamos bolo, café, torta… e estava fechado. Ficamos no sol quente. Liguei para a coordenador e ninguém atendeu. Aliás, até hoje ninguém me retornou, sequer pedindo desculpa”, lamentou o presidente da Comissão, Gutenberg Costa.
Diante das humilhações, os membros da Comissão decidiram pelo aluguel de uma sala, independente do descaso do poder público. O custo de R$ 450 mensais será rateado entre cinco pessoas. “Agora temos uma sala que pode ser aberta noite e dia, finais de semana e feriados. Um espaço para reuniões, conversas, leituras e cafés fraternais. Sigamos de cabeças erguidas!”. A sala fica na Avenida Presidente Bandeira, 734, sala 3, Alecrim. Em frente ao Supermercado Nordestão.
Respeito aos mestres, mestras e grupos folclóricos do RN!
Crédito das fotos: Marcos Teixeira
4 Comments
Sérgio Vilar sempre teve um olhar especial voltado para a Cultura Popular….essa reportagem é muito realista, mostrando o descaso com a comissão Estadual de Folclore…que essa reportagem chegue ao conhecimento da Governadora e a mesma se sensibilize para apoiar essa tão importante entidade de nosso Estado!
Soube que chegou, mas nada foi feito. Assim como a Revista Preá. Sigamos.
Excelente o seu trabalho jornalístico, Jornalista Sérgio Vilar.
Parabéns por esse trabalho que mostra um viés do tratamento que é dado as instituições culturais e cultura em Natal.
Obrigado, Ivanês!