Projeto que propicia acessibilidade cultural para pessoas surdas está de volta

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Lançado em 2015, “Narrativas do Silêncio” está de volta. Com foco voltado às comunidades integradas por pessoas surdas residentes em municípios da Região Metropolitana de Natal, o projeto ressurge após o período de pandemia com programação mais ampla e diversificada. Nesta quinta edição, que se estenderá entre abril e setembro, serão realizadas as tradicionais oficinas de fotografia e de teatro, e, pela primeira vez, uma de poesia.

A programação completa inclui a apresentação da peça “O Pequeno Príncipe”, encenada pela Companhia “Fluctissonante”; a realização de uma exposição fotográfica; a montagem de um espetáculo teatral e de um sarau bilíngue. Responsável por ministrar a oficina de teatro, a Cia. Fluctissonante, baseada em Curitiba (PR), estará em Natal, a convite do projeto, pela segunda vez. O grupo é dedicado exclusivamente à pesquisa, produção e criação de espetáculos acessíveis a surdos e ouvintes, de maneira integrada.

Já a exposição fotográfica, realizada desde a primeira edição e que inspirou o nome do projeto, reunirá imagens produzidas pelos participantes de oficinas ministradas em Natal e Parnamirim. Durante essas atividades serão trabalhadas técnicas relacionadas à chamada fotografia “still”, um gênero voltado para a área publicitária que foca em imagens de produtos, podendo estender-se ao segmento da gastronomia, entre outros. A atividade será conduzida pelo fotógrafo e designer José Aglio.

Estreante na programação, a oficina de poesia será ministrada por Michel Freire Marques, docente vinculado ao Departamento de Letras da UFRN. Professor de Libras (Língua Brasileira de Sinais) e de Literatura Surda, Michel também leciona a disciplina de “Língua, Cultura e Identidade Surda”. Os trabalhos produzidos pelos participantes dessa oficina serão reunidos e deverão resultar na realização de um sarau com transcriação da poesia-surda para a língua portuguesa.

Acessibilidade

Quando você pensa em “acessibilidade” o que te vem à mente? Rampas, calçamentos com piso tátil, banheiros adaptados, elevadores especiais? Utilização de audiodescrição ou de língua de sinais, em vídeos e eventos? Acessibilidade também é isso, mas não só.

Para a Produtora Cultural Fábia Fernandes, uma das idealizadoras do projeto “Narrativas do Silêncio”, acessibilidade é um conceito bem mais abrangente. “É algo que precisa ser colocado em prática em diferentes dimensões, e que é essencial a todo e qualquer processo de inclusão social”, defende a Produtora.

Especificamente, acessibilidade cultural é um direito consagrado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos e está detalhado na Convenção Internacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada por unanimidade pela Organização das Nações Unidas – ONU, em 2007, e ratificada pelo Brasil, em 2009.

Acessibilidade cultural, portanto, é uma importante conquista, que implica reconhecer o direito das pessoas com deficiência de participar da vida cultural de forma plena, em base de igualdade com as demais e não só como espectadoras.

Por isso, relembra Fábia, “desde quando o projeto começou a ser desenhado, ainda nas salas do curso de Tecnologia em Produção Cultural do IFRN, a ideia foi de que não ficasse limitado a proporcionar melhores condições de desfrute de bens e serviços culturais, como se as pessoas com deficiência fossem meras assistentes”.

“Nosso projeto visa, principalmente, oferecer acesso a informações, técnicas, instrumentos, materiais e atividades que possam favorecer o fazer artístico-cultural, porque o nosso público também quer ter a oportunidade de ser protagonista nessa área”, esclarece Fábia Fernandes.

Lei de incentivo e apoio

Diferentemente de outros projetos culturais, que têm a possibilidade de oferecer a potenciais patrocinadores a exposição de suas marcas a públicos-alvo de grandes dimensões, Narrativas do Silêncio é uma iniciativa voltada para um segmento minoritário – e ainda discriminado – da nossa população.

Por isso, a existência de mecanismos de incentivo como a Lei Estadual Câmara Cascudo, viabilizada pelo Governo do Estado do RN, assim como a disposição de apoio de empresas locais, como a Ster Bom, patrocinadora desta quinta edição do projeto, fazem toda a diferença quando se fala em possibilidade de desenvolvimento de iniciativas de inclusão social.

PARA MAIS INFORMAÇÕES:

Fábia Fernandes (Produção): (84) 98103-3419

Redação

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