POETA DO DIA: Newton Navarro

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O MORTO

Despido de azul e de paisagem
O morto está.
Silenciosa semente de carne
Aguardando as raízes.

Sem pai, sem mãe,
Sem casa,
Sem sono.
Até sem mortos
O morto está.

Não lhe resta lembrança alguma,
Ignora a tarde e as flores
Que o cobrem
E a escura casaca
Com que o vestiram um dia.

Não tem pranto nos olhos.
Não tem olhos,
Nem saudade,
Nem lembrança.

Nem ele mesmo se possui
Nem mesmo alma.

Apodrecida semente
Que espera raízes,
Assim o morto está:
Incompleto, inconseqüente
E só.

Sem presença
Sem confiança de que será terra,
Infinito,
Assim o morto está.

Os sinos da cidade
Não o despertarão nunca.
Por que, então, o vosso pranto, Senhora?

(Newton Navarro)
Redação

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