O nome Petrópolis significa “cidade de Pedro”, justa homenagem ao Imperador Pedro II. Para fugir do calor do Rio, Sua Majestade veraneava na serra paradisíaca, acompanhado da corte. O palácio em que se instalava, bela edificação neoclássica, é hoje a sede do Museu Imperial, um dos melhores do país, com riquíssimo acervo em obras de arte e preciosidades históricas evocativas da realeza, especialmente do Segundo Reinado.
Esse museu por si só já vale uma visita a Petrópolis.
Logo à entrada, o visitante obriga-se a calçar pantufas, medida necessária para evitar danos ao piso de madeira encerada. E lá se vai o visitante “engomando” feito um velhinho.
Lembrei-me da curiosa impressão que me causaram as tais pantufas, quando lá estive pela primeira vez, há cerca de 60 anos. Era eu então um adolescente, beradeiro da Serra do Martins, e fiquei embasbacado (!) com as pantufas.
Pois agora, “engomando”, encantado, revisito as inúmeras e bem cuidadas salas do museu. Algumas peças me deixam de queixo caído. A coroa de D. Pedro II, “com 639 brilhantes e 77 pérolas”, deslumbra. Não menos interessante, o cetro de ouro, criado para a coroação de D. Pedro I. E que dizer do traje cerimonial do Imperador? E dos magníficos lustres? Coisa mais linda só um cofre de porcelana e bronze dourado, presente de Luís Filipe I, rei da França. Beleza pura.
Há muitos quadros a óleo, em grande parte retratos de D. Pedro II e da Imperatriz Teresa Cristina. Ambientes reconstituídos na medida do possível: sala de jantar, quartos, a imponente Sala de Estado, com o trono trazido do Paço de São Cristóvão, móveis de época, alguns destes – verifico, surpreso – doados por um norte-rio-grandense, o historiador Tobias Monteiro.
Num prédio anexo, alinham-se diversos veículos da era imperial, sobressaindo-se a carruagem do Imperador. Coisas de não esquecer.
Mas, evidentemente, Petrópolis não é só o museu; tem muitos outros atrativos, um destes a própria serra com o seu verde exuberante, o clima agradável e panoramas de encher a vista.
A imperial cidade lembra-me outro lugar adorável: Sintra. Pode-se dizer que Petrópolis está para o Rio como Sintra para Lisboa, guardadas as devidas proporções.
Depois da visita ao museu, fui dar um giro pelo centro histórico. A pé, como gosto de fazer.
A catedral de São Pedro de Alcântara, neogótica, causou-me impressão melhor do que da primeira vez em que a vi.
Desembocando no largo da catedral, a avenida Koeller talvez seja a mais verdejante avenida da face da terra, e com o maior número de mansões e palacetes, de interesse histórico e artístico, em toda a cidade. Destaque para a casa da Princesa Isabel e o Palácio Rio Negro, residência de verão da Presidência da República. Nas imediações vale a pena visitar o Palácio de Cristal, todo de ferro fundido e vidro, mandado construir pelo Conde d’Eu, marido da Princesa Isabel. Outra atração imperdível desse roteiro, a Casa de Santos Dumont, na Rua do Encanto, daí talvez denominar-se “A Encantada”. É um pequeno chalé, que o próprio inventor, revelando-se engenhoso arquiteto, mandou construir sob a sua orientação. Tem coisas curiosas, como, por exemplo, uma escada em que não se pode começar a subida com o pé esquerdo. Que casa, essa! Pendurada na encosta de um morro, parece estar suspensa no ar. Não me admiraria se de repente ela saísse voando…