Escute de graça o que há de mais atual na música potiguar em 44 canções

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A música potiguar vive seu melhor momento. Não sei se em qualidade, realmente eu precisaria mais conhecimento. Mas com certeza em quantidade e visibilidade. E a comparação recai diretamente à geração dos anos 80, com a profusão da música autoral potiguar na voz de tantos talentos. Foi nosso outro grande momento.

Banda Mahmed. Foto: Luana Tayze

Vejo uma explicação para isso. A música potiguar sempre esbarrou nas cercanias do Estado. Nossos vizinhos exportavam celebridades da música nacional. A Paraíba com Zé Ramalho e Elba Ramalho e na década de 90, Chico César. E a Turma do Ceará. E o Manguebeat. E o axé. E o reggae maranhense ou o samba de Alcione. A MPB do sergipano Djavan…

E tínhamos qualidade tão boa ou até melhor do que a maioria deles. Quanto mais adentro a obra musical de Babal mais emputecido fico com a muralha potiguar. Pedro Mendes exala música pelos poros. E o Cantocalismo, e o Flor de Cactus. Canções com nosso jeito potiguar. Tínhamos uma identidade musical, sim. Mas passamos batido pelo brasileiro.

Acontece que aquela década foi dominada pela indústria fonográfica, pelo jabá das rádios, pelo poder da mídia televisiva. E quem não estava no Chacrinha ou nos grandes centros, esquece. E assim a música autoral potiguar dos anos 80 permaneceu aqui. E cabe aos mais jovens resgatar porque é realmente excelente.

Hoje a galera chuta o balde pra Rede Globo. Já cansaram de tentar as rádios. E se a muralha permanece, as canções viajam mundos em plataformas digitais e chegam a produtores de festivais, a críticos, aos sites especializados em música, e daí para festivais independentes com milhares de pessoas. E a coisa gira. E flui como nunca houve por aqui.

Eis a diferença. Anos 80 presos no cercado potiguar. Século 21 viajando por fibras ópticas. E o que sempre tivemos de bom agora se torna visível, reconhecido. Nos primeiros dias deste site até enumerei 10 razões para acreditar que a música potiguar é top no Brasil e no mundo. É e foi no século passado também.

DO REMUIN SELETIVO

Esse embromation todo para mostrar que, se não temos a identidade musical local de antes, mantivemos a qualidade e aumentamos a quantidade. E se somos muitos, temos poder. E para ter poder, precisa união para ser mais. E eis que, ano passado, surgiu a Rede de Música Independente de Natal (Remuin) para organizar a bagaça.

Após promover um festival de música dentro da programação do Natal em Natal ano passado, projetos novos estão em pauta. Um deles é o motivo deste post. Trata-se de um álbum duplo, para voltar aos anos 80. Mas como somos moderninhos da Geração Y, é mesmo uma coletânea com nada menos que canções de 44 bandas e artistas potiguares.

Um recorte muito interessante do que temos de mais atual. São dois discos, sendo o Selecta (capa vermelha) com 32 canções de bandas cadastradas no Remuin e mais alguns convidados, a exemplo do grupo de rap Time de Patrão e do confrade Ras Barack. O outro Selecta (capa azul) abrigou 12 músicas instrumentais, não menos sensacional.

Para escutar todas elas, basta clicar AQUI.

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FOTO: Giovanna Hackradt
Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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1 Comment

  • […] No último post que escrevi falei dos momentos diferentes da cena musical potiguar dos anos 80 e deste novo século. Comentei que, embora nos dois cenários a qualidade da música autoral fosse boa, as chances de visibilidade eram bem distintas já que hoje há uma democratização na difusão da música nos meios digitais e uma crescente da música independente. […]

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