[Leia Mulheres] Como se estivéssemos em palimpsesto de putas

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O título acima é o nome do livro da escritora e jornalista Elvira Vigna. Mais uma escritora, aliás. Mais uma mulher em mais uma edição do grupo de leitura ‘Leia Mulheres’, já com um ano de atividades. “Como se estivéssemos em palimpsesto de putas” será lido e discutido a partir das 17h do próximo dia 22, no auditório da Saraiva, no Midway.

Assim tem sido durante um ano, em edições mensais. Sempre um novo livro escrito por uma mulher e discutido por quem estiver interessado em participar do grupo de leitura. O Leia Mulheres-Natal é uma célula de um projeto presente em vários Estados. E por aqui tem funcionado com a mediação de Maíra Dal’Maz, Isabela Helena e Danielle Sousa.

“Num breve balanço de um ano podemos afirmar que a coletividade, organização e diálogo tem sido a pedra de toque, afinal esta é a intenção do projeto: nos organizarmos frente às opressões da lógica mercadológica que subalterniza a mulher que escreve”, escreveu as mediadoras.

A união e a democracia têm sido os motes para os encontros sempre motivos de novas experiências, onde há se escutam diferentes histórias, mulheres se reconhecendo, se experimentando, e repensando sobre práticas, discursos, medos, desejos e o que mais surgir na mesa, para além dos livros, cafés e páginas da obra estudada.

“De nomes consagrados, como Clarice Lispector, Rachel de Queirós, Lygia Fagundes, Lia Luft e Elena Ferrante, passeamos pela riqueza das mulheres que despencam das palavras, afogam-se e envenenam-se da escrita, como Ana Cristina Cesar e Maura Lopes Cansado. Mas também as que ascendem do crepitar da terra, do tempo e da violência, como Marize Castro, Conceição Evaristo, Chimamanda Adichie e Carolina Maria de Jesus. Além de sentirmos o doce olhar às relações amorosas de Natália Borges Polesso”.

PARA ALÉM DOS LIVROS

E ao final de tudo, das obras, dos livros, surgem novos amigos e amigas, leitores interessados que às vezes nem compareciam aos encontros, mas ficaram encantados pelos livros que não conheciam, livrarias locais que começaram a se interessar mais pelas escritoras e outros espaços onde se percebeu o quanto a literatura é bem-vinda.

Segundo as mediadoras, após um ano dedicado somente a brilhantes escritoras brasileiras, em 2017 irão também incluir escritoras estrangeiras para as rodas de conversa. E a novidade de contar com a adesão da cidade de Assu ao projeto.

“Dessa experiência saímos com a certeza de que precisamos olhar para o escrito como produção singular, mesmo que remeta a outras fontes. Portanto, tomamos o desafio de ver a literatura como produção na qual a diversidade e a especificidade do ser-mulher na nossa sociedade amplificam-se, tornando a escrita como território de resistência e alteridade. E como diz Conceição Evaristo, ao receber um prêmio mês passado, ‘fazer a diferença pela literatura faz sentido'”.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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