Jean Sartief nasceu e reside em Natal. Tem quatro livros publicados. Foi agraciado com diversas premiações em concursos de poesia promovidos na capital potiguar e em outros estados. Também dedica-se às artes visuais. Já publicou seu trabalho em revistas, coletâneas e espera lançar sua quinta produção impressa ainda esse ano. Jean mereceu, inclusive, menção pelo mestre Ariano Suassuna em uma de suas últimas passagens por Natal. Sua poesia tem sido publicada no Projeto Poesias no Instagram com poesias inéditas e fotografias via instagram: @sartief. Abaixo seguem duas poesias já publicadas no livro ‘O mar sou eu’, mais duas do projeto Poesias no Instagram e as últimas duas são inéditas, previstas para o próximo lançamento do autor.
Jean Sartief é nosso POETA DA SEMANA
Dádiva
Esperar
o corpo
esquecer
a dor
e aceitar o fim
como a mais
absoluta
de todas as
dádivas.
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Telêmaco
O pássaro de asas queimadas
sobrevoa o silêncio.
O rio corre em direção a Telêmaco
que procura as mesmas respostas.
Nós dois nos criamos
em buscas.
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Sonhos bem embrulhados.
Perderam a validade e
agora mudam de posição.
É preciso ter uma esperança desaforada…
Dessas que nunca morrem.
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Quando deu conta
já tinha perdido a vontade
de seguir,
de sentir,
do corpo estranho.
Contava até três entre os goles de café.
Uma vez por ano, arremessava vidros pela janela.
Em cada pote, uma febre.
Tocava as flores na ponta dos dedos.
Frágeis.
Escondia-se na quina do meio-dia entre
escadas,
sombras e
grades.
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Inacessível
O caminho
cheio de miragens.
Planto flores
que te comem.
A inteireza escapa.
É no campo abandonado
– vazio de árvores –
que me dou conta:
é de outra época
o meu olhar.
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Por não mais
O mormaço
exaurindo os poros.
A impaciência
pelas coisas pequenas.
A imensa distância
de não ser mais eu
e não me importar.