FJA pagou e não publicou uma edição da Preá e deve pagamento de uma segunda edição

revista preá carnaúba dos dantas

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O título pode soar confuso, mas vou explicar direitinho o caso. Em um já distante setembro de 2021 fui chamado pelo então diretor geral da Fundação José Augusto, Crispiniano Neto, para elaborar uma nova edição da tradicional Revista Preá. Sugeri um novo formato: em vez de abranger inúmeras vertentes da arte e artigos de toda sorte, fechando com as já costumeiras 20 últimas páginas dedicadas ao mapeamento cultural de dois municípios (10 para cada), que se fizesse uma edição inteiramente focada na história e na cultura de uma única cidade potiguar.

Eu já tinha realizado o mapeamento de dez municípios para outras edições e sempre senti necessidade de mais espaço para relatar todo aquele potencial. Além do mais, era um material muito mais necessário e rico, de gente invisibilizada, na maioria das vezes; eram histórias que precisavam de registros. E como frisei na reunião, havia ainda um componente político nesse projeto. Além do material textual e fotográfico, havia ainda a novidade de um mini documentário em audiovisual, que poderia ser lançado em praça na própria cidade, com a presença da governadora Fátima Bezerra. De certo seria um evento para a cidade ter sua história registrada em uma prestigiada revista e em filme. E a cidade teria posse, ainda, de um rico material para divulgação turística.

Crispiniano acatou todas as ideias e sugeriu a primeira cidade do projeto: Carnaúba dos Dantas. O valor do projeto foi de R$ 10 mil, para pagar, além do trabalho fotografico e audiovisual, um editor, um revisor e o diagramador. A título de comparação, a também tradicional revista O Galo tinha (verbo também no passado, infelizmente) o investimento de R$ 17 mil, mesmo sem filme, sem viagem, sem hospedagem, sem pesquisa e nutrida apenas de artigos e poesias. E lá fomos nossa enxuta equipe formada por este editor, a videomaker Raíssa Tâmisa e o colega Moisés de Lima.

Após ampla pesquisa e contatos prévios viajamos até o rico Seridó. Passamos dois dias em Carnaúba dos Dantas. Coletamos e registramos o possível. Escrevi material suficiente para preencher 72 páginas da revista com um lindo material fotográfico e audiovisual pelas mãos de Raíssa (confira o vídeo clicando AQUI). A gênese da formação social e histórica da cidade, a vocação religiosa e musical, o famoso Castelo de Bivar, o Monte do Galo, a herança de Tonheca Dantas e muito, mas muito mais foi contado. E tudo diagramado e entregue à FJA em dezembro de 2021.

Recebemos o pagamento. À época ficou faltando tão somente as palavras iniciais do diretor geral na revista, que estava realmente assoberbado de tarefas com a reabertura de uma ruma de equipamento cultural: Biblioteca Câmara Cascudo, Fortaleza dos Reis Magos, Teatro Alberto Maranhão, entre outros. Mas já emendamos para a cidade seguinte: Baía Formosa, em janeiro de 2022. E lá fomos nós – a mesma equipe – à paradisíaca enseada na divida com a Paraíba, para o mesmo processo de coleta de informações e registro audiovisual.

Passou-se o tempo e a direção geral da instituição foi substituída sem que a edição de Carnaúba dos Dantas fosse lançada ou que a de Baía Formosa fosse, sequer, paga. Entrei em contato com o novo diretor Gilson Matias, já em abril de 2023, contei das pendências do projeto e ele me convidou para reunião para retomar a ideia. Prometeu reabrir o processo de pagamento, ao custo de R$ 11 mil. Passados meses, nenhum retorno. Em junho, uma mensagem de Gilson pelo zap: “Ainda não desisti”. Em agosto de 2023, após reiteradas mensagens, ele me pergunta qual a dívida que havia com a equipe e me convida para nova reunião. Lá fui. E foi a última vez que consegui contato com Gilson Matias.

E nisso já se foram quase dois anos da última resposta, mesmo após tentativas constantes desde então, seja pelo setor financeiro ou de publicações do órgão, seja com o próprio Gilson. Em resumo: a Fundação pagou uma edição com o dinheiro do contribuinte sem nunca ter publicado nada. E até o momento, deixou de pagar o trabalho contratado para uma segunda edição. E assim ficamos: a equipe sem pagamento, o cidadão potiguar sem as revistas e ambas as cidades sem ter o registro da sua história devidamente divulgado, afora o desrespeito não só com os profissionais envolvidos, mas com dezenas de pessoas mobilizadas para prestar depoimentos, para arquitetar toda a logística das visitas, etc.

E finalizo com uma ressalva: este texto não tem interesse em denúncia, porque de nada adianta, mas tão somente em dar satisfação a quem gentilmente nos atendeu, seja em Carnaúba dos Dantas ou Baía Formosa, e aos tantos que prometi essa publicação, porque desta gestão da FJA eu não espero mais nada.

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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