A pergunta que Wanie Rose, diretora da Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM) mais ouve ao longo do ano é: “Quando abrirão novas vagas?” Anualmente, o número de crianças, jovens e adultos contemplados com as aulas é de cerca de 500, nos turnos da manhã e da tarde. “E essas vagas estão mais concorridas, sim, depois desse restauro, coisa que há tantos anos a comunidade da dança aguardava”, confessa a gestora e ex-bailarina, muito satisfeita, referindo-se ao avanço obtido no espaço por meio do investimento do Governo do RN.
A EDTAM é mantida pelo Estado por meio da Fundação José Augusto (FJA) e recebeu recursos da ordem de R$ 1,9 milhão, viabilizados pelo Projeto Governo Cidadão por meio do acordo de empréstimo com o Banco Mundial. O valor permitiu que o prédio histórico de arquitetura neoclássica fosse ampliado e restaurado. Essencial às aulas de dança, o antigo piso, cheio de falhas, foi substituído por um do tipo flutuante, que absorve impactos e promove o isolamento acústico. Um elevador, rampas de acessibilidade e uma praça de convívio e alimentação também foram incluídos no prédio, além de outras melhorias.
É nesta pracinha que Rosilene Karina, 25, passa as tardes, esperando o filho Ângelo, 9, durante suas duas aulas seguidas de dança e balé. Toda terça e quinta, enquanto ela amamenta e brinca com o caçula, um bebê de um ano, Ângelo gasta sua energia aprendendo seus primeiros passos na dança. Orgulhosa, a mãe contou à reportagem que o menino já havia subido ao palco do Teatro Alberto Maranhão para uma apresentação de dança junina. “Foi uma coisa que eu nunca esperei. Fico feliz porque aqui ele não está à toa nas ruas, está em um lugar bom. A gente não sai muito e ele até fica chateado, quando não vem pra aula!”, confessa. Estudante do 3º ano da Escola Estadual Professor Severino Bezerra de Melo, localizada no bairro de Mãe Luiza, onde vive, Ângelo entrou em 2022 na EDTAM, levado por uma tia que já fazia aulas na unidade.
Sobre a EDTAM
A escola estava há mais de vinte anos sem receber sequer uma manutenção, mas passou por uma restauração integral e complexa. Como o imóvel é tombado, foi necessário um serviço de restauro qualificado, prestado por um reduzido número de empresas.
A escola de dança é referência no RN e funciona em um sobrado de dois andares, no bairro histórico da Ribeira, na capital, que foi sede do governo no século XIX, além de um bar, ponto de encontro dos soldados americanos que em Natal viveram durante a Segunda Guerra. Desde 1986, mais de 10 mil alunos e alunas já tiveram acesso à formação e cultura através do ensino da dança no local, grande parte deles e delas, carentes e vindos de todo o estado.
CRÉDITO DA FOTO: Vlademir Alexandre