Um conto e 20 finais alternativos. Essa é a proposta do e-book ‘Olho em perfeito silêncio para as estrelas’, mais um lançado pelo poemúsico curraisnovense Wescley Gama. O “mais um” é porque Wescley lançou semana passada outro e-book, intitulado ‘Fotopoemas da Pandemia‘, em parceria com o fotógrafo Állan Matson. Desta vez, a parceria se dá com 20 professoras e professores do campo do município de Lagoa Nova.
No e-book, Wescley inicia o conto “O sol das almas pintara de amarelo-queimado os panos brancos nos varais por trás da casinha toda feita de barro, anunciando a noite que vinha a passos rápidos, intrépida, trazendo sobre o mundo visível seu manto misterioso e escuro…”, que se estende por mais umas boas linhas. E 20 professores concluem o conto às suas maneiras, com seus desfechos.
O projeto nasceu de um conto ambientado afetivamente na Serra de Sant’Anna, Seridó norte riograndense, também inspirado na assertiva do professor Teixeira Coelho, que diz no livro “A Cultura e seu contrário”: “…a história, a crítica e a políticacultural, em particular nas últimas décadas, têm-se contentado com conceitualizar a cultura a partir de sua dimensão exterior (…) em lugar devê-la e acioná-la ou estimulá-la, em todos seus recantos e componentes, a partir de suas contradições internas e próprias — o que quase significa dizer: em lugar de vê-la como algo vivo.”
Segundo Wescley, este pequeno livro abre a possibilidade de vê-la nesta função. “Nos manter como esse algo muito vivo, a partir da observação da nossa interação com a natureza, à qual nos unimos e nos transformamos junto aos seus elementos primordiais. E temos também essa possibilidade de vê-la através dos olhares vários e da criatividade desses professores de Lagoa Nova”, afirma o autor.
Participam do projeto docentes do Centro Municipal de Ensino e Educação no Campo com coordenação de Márcia Araújo. Escolas do CMEECampo: escolas municipais Professora Maria Estelina da Silva Mendes; Santa Rita; Monsenhor Walfredo Gurgel; São Luiz (Quilombolas); e Professora Ângela Maria de Moura.
E o autor completa: “Em tempos de pandemia apertamos os laços através da literatura, ela também tem essa capacidade de nos manter vivos para além da realidade causticante e dura. A arte também nos ajuda a enfrentar e vencer essa realidade, pela simples persistência no cotidiano e na vida simples. Uma verdadeira resistência cultural perante os reveses do dia-a-dia. Pois bem, nos desbrucemos sobres essas produções literárias e nos sintamos muito vivos!”.