por Anderson Foca e Ana Morena
Era tudo muito romântico quando fizemos a primeira edição do Festival DoSol em 2002. Uma casa com dois palcos e oito artistas em ação numa tentativa de ficar vivo já naqueles tempos.
Éramos bandas e festival, inocentes e apaixonados, sem saber ao certo onde iríamos chegar. Artisticamente estávamos à sombra de cenas como Pernambuco, Bahia e Paraíba. Chegar ao Sudeste então nem pensar, no máximo umas notinhas de rodapé que eram comemoradas como gol sempre que saia algo sobre Natal na mídia musical brasileira.
Estávamos aprendendo a fazer, fazendo.
Em 2018, o Festival DoSol chega a sua edição de número 15 e pensamos muito no que vamos apresentar a quem sempre nos acompanha e acredita na gente.
O que mais vem na nossa cabeça nesse período pré-festival é: por que a gente ainda existe? Por que ainda estamos aqui? Quem se importa?
O DoSol nunca foi o festival das quantidades, do maior isso, melhor aquilo.
A gente apenas foi fazendo sem olhar pra trás. Já tivemos quase 30.000 pessoas numa edição, bem diferente das quase 800 pessoas lá na primeira. Já fizemos edições que visitaram 13 cidades do Nordeste e tivemos, como no ano passado, ação só em Natal.
Existe uma filosofia de vida por trás do DoSol. Do tipo de pessoas que queremos ser, do tipo de artistas que queremos ser e de como podemos avançar juntos. Juntos.
Nunca nos sentimos reveladores e descobridores de banda alguma. Elas tem suas histórias próprias, nós temos a nossa e a gente foi remando junto, uns apoiados nos outros para conseguir visibilidade, desenvolvimento artístico e fogo para ficar vivo nesses anos todos. Foram várias gerações de artistas se desenvolvendo enquanto íamos produzindo o nosso movimento. Muitos ficaram pelo caminho e seguiram outras vidas fora da arte. Mas temos muitos que estão ativos e fortes até hoje, e é tão comum ver bandas do RN fazendo parte das ações mais relevantes dentro da música brasileira que a gente até esquece de comemorar vitórias importantes.
Natal hoje é um destino real para quem gosta de música e o DoSol como movimento cultural, se sente parte integrante dessa construção. Claro, temos as mesmas dificuldades e barreiras da maioria das cidades, mas se olharmos nossa história recente e fizermos um pequeno estudo de caso, vamos achar números significativos e reveladores dessa evolução.
O Festival DoSol é um movimento potiguar, feito e construído para servir de plataforma pra gente se misturar com o Brasil e o mundo. Só viramos algum tipo de referência para novos artistas e produtores em desenvolvimento porque a gente sabe o valor dos encontros e dos cruzamentos estéticos. Entendemos que um ambiente inteiro, criado, gerido e utilizado por pessoas apaixonadas por música e cultura tem efeitos irreversíveis nas nossas vidas pessoais e na vida da cidade em que vivemos.
Para a edição 15, decidimos fazer um mês inteiro de programação para comemorar essa data histórica. O plano é invadir a cidade e também fazer ela ser invadida pela música e por fãs de música de todos os lugares. Da praia à Ribeira, vamos comemorar essas 15 edições com um mês de shows e encontros. A gente acredita que essa é a vida boa de se viver, a briga boa de se brigar e a tática boa para nos transformamos em pessoas melhores.
Vamos comemorar!
O Festival DoSol tem patrocínio da Oi através da Lei Câmara Cascudo e Governo do RN, Natura por meio do Natura Musical, apoio cultural Oi Futuro e o player oficial é o Spotify.