Discos que Mudaram Minha Vida #3
Goodbye and Hello – 1967
por Giancarlo Vieira
Cantor de voz eletrizante, Tim Buckley poderia ser facilmente considerado um dos mais subestimados artistas da história da música. O trovador folk americano gravou intrigantes discos entre 1966 e 1974.
Goodbye And Hello, lançado em agosto de 1967, é seu segundo e mais inspirado trabalho. São dez espetaculares canções autorais. Algumas delas feitas em parcerias com o poeta e amigo Larry Beckett. A influência do disco vem do pop barroco e psicodélico de bandas como The Byrds ou The Beatles. Mas Tim consegue imprimir uma atmosfera divinamente revolucionária ao seu trabalho.
“No Man Can Find The War” traz os ecos do napalm do Vietnã. Já “Hallucinations” traz muito da atmosfera da banda de seu conterrâneo Jim Morrison. Seu talento em construir lindas melodias é amplificado por sua destreza na viola de doze cordas. A triste balada “Once I Was” mistura uma linda gaita de western spaghetti com uma delicada poesia.
A beleza estonteante de “Phantasmagoria In Two” vem cheia de lindos versos: “Se você me contar mentiras, eu chorarei por você. Fale-me de pecados e eu sorrirei”.
“I’ll Never Asked To Be Your Mountain” poderia ser um pedido de desculpas ao filho que ele deixou para trás: Jeff Buckley. “Pleasant Street” traz vocais espetaculares e melodias doloridas. Já “Morning Glory” inspiraria os astros da banda inglesa Oasis décadas mais tarde.
Goodbye And Hello poderia ter transformado Buckley em um astro. Mas apesar do relativo sucesso da crítica, o álbum teve vendas pequenas e não passou do 171¤ lugar nos charts americanos.
A plateia inglesa seria mais receptiva no ano seguinte, quando ele fez espetaculares e concorridos shows em Londres.
Tido como influência de peso para artistas como George Harrison, Robert Plant, Neil Young ou Van Morrison, a obra de Tim ainda não recebeu seu merecido resgate pleno.
Enveredando pelos caminhos do jazz experimental em seus trabalhos posteriores, Tim Buckley se afastou cada vez mais do gosto musical das massas na virada para os anos 70.
Sua morte aos 28 anos em 1975, de overdose de heroína, foi como uma fábula triste.
Mas Goodbye And Hello segue antológico e será sempre lembrado como seu álbum mais acessível e exuberante.