Saudações, cervejeiros !
Diante da repercussão estrondosa do artigo anterior (quase meio milhão de acessos!), que teve uma quantidade massiva e colossal de acessos e de comentários, encontrei-me na necessidade de escrever uma continuação.
Na verdade, é uma continuação explicativa. Acredito que a maioria dos leitores do texto anterior conseguiu captar a essência do texto: trata-se de uma crítica cultural, e não uma análise sensorial sobre cerveja A ou B.
Repito o espírito do texto é: cervejas por status e não por qualidade !
E isso ainda acontece demais!
Ainda assim, senti a necessidade de escrever essa segunda parte.
Por causa disso, é fortemente recomendado que se você chegou até aqui, e tem a intenção de compreender o contexto, que leia o texto de referência AQUI :
Sem mais delongas, vamos ao que interessa!
Não é sobre Cerveja A ou B: Não é sobre Heineken ou Stella Artois
O texto anterior não tem como norte nenhuma cerveja em específico. Na verdade, ele foi escrito de uma forma um tanto quanto abstrata, podendo ter um alcance para as coisas mais diversas que podem causar algum sentido de pertencimento aos consumidores.
Por causa disso, a análise comportamental feita se encaixa para qualquer tipo de pessoa que queira alcançar um status mais elevado .
Seja andando em um carro da moda (alguém ouviu falar dos dublês de rico andando de Renegade ou Compass ?); ou bebendo um vinho caro (quem sabe um Catena fruto de descaminho que sai mais em conta…), quiçá com um paredão de proporções hercúleas de som tocando funk pornofônico nas alturas, ou fazendo qualquer outra coisa com a finalidade específica de aparentar ser o que não é?
O texto é sobre comportamento, não sobre uma cerveja em específico.
A garrafa verde: poderia ser azul, ou preta ou rosa
Quando se fala da famigerada garrafinha verde, utilizada por várias cervejas: Heineken , Stella Artois (essas duas citadas no texto anterior), Spaten , Becks … não se está falando do conteúdo de cada uma dessas cervejas.
Não estou querendo dizer que a Spaten é melhor que a Heineken , ou que a Becks é melhor que a Stella Artois . Tampouco estou dizendo o contrário, que a Heineken é melhor que a Stella .
Elas não são melhore sou piores por serem (ou não serem) puro malte (leia mais sobre isso AQUI ).
Nenhuma é melhor do que a outra (em abstrato). Sempre vai ter quem prefira um ou outra. E está tudo bem, porque para o que foi escrito, a opinião pessoal é irrelevante.
Também é irrelevante para uma boa cerveja a cor da garrafinha. A garrafa pode ser feita de vidro azul, de vidro preto ou até pintada de rosa . Cabe a cada cervejaria extrair o máximo de marketing em cima desse fato, e a partir daí, lucrar com isso.
Em síntese, o conteúdo acaba sendo superado pela simbologia da cor da cerveja. Se um dia, alguma cerveja com a garrafa azul fizer sucesso, vocês verão como isso é prevalente.
Não há patrocínio: falo bem ou falo mal de todas igualmente
Sou um defensor ferrenho da democracia . Para mim, esse é um valor inegociável. Diferentemente do que alguns comentários levantaram, o texto passado não foi patrocinado.
Até porque não faria sentido algum. Inobstante, usei, exemplificativamente, uma cervejaria da AmBev (a Stella Artois ) e uma do grupo Heineken , e todas as duas usam garrafinhas verdes.
O mais importante na referência era a simbologia da ostentação contida na garrafinha verde . E não quem a produz, ou a fórmula de cada uma dessas cervejas. Cada uma delas tem seus fãs, e todos eles estão certos em preferir a cerveja que mais lhes agrada. Isso nunca foi colocado em discussão no texto.
Aliás, nenhum texto meu é patrocinado, por causa disso, sou livre para falar a minha opinião. Não estou amarrado contratualmente à nenhuma cervejaria. Por isso, posso falar bem (ou falar “mal” – criticar, melhor dizendo) a cerveja que eu quiser, sem jabá, sem dinheiro por fora, ou algo parecido.
Imparcialidade é a premissa chave da crítica. Daí vem a autonomia do texto.
Sem imposição de regras, nem mesmo pelas cervejas artesanais
Outra objeção feita foi que o texto passava a impressão de querer impor ao leitor uma visão dominante, a de que apenas uma cerveja era melhor que a outra, ou que quem não é rico não pode beber Heineken, ou, até mesmo, que todo mundo deve beber cervejas artesanais.
Nada disso procede.
Cada um bebe o que quiser. Cada um bebe o quanto quiser. Cada um sabe onde o sapato aperta, afinal, não adianta beber uma verdinha no final de semana e no final do mês atrasar a conta de luz, não é?
Todavia, eu sou um grande defensor da cultura cervejeira, mais especificamente, um entusiasta das cervejas artesanais.
Isso significa que todo mundo deve beber apenas cervejas artesanais? Não.
Isso significa que toda cerveja artesanal é boa? Também não.
Há cervejas artesanais boas, há cervejas artesanais magníficas, há cervejas artesanais horríveis. E há cervejas artesanais piores do que Antárctica Sub-Zero .
Há público para todo o tipo de cerveja . Para as boas, para as ruins, para as muito baratas e para as estupidamente caras, por exemplo, há vendedores obtusos que cobram mais de 5 mil reais em uma Utopias, da Samuel Adams. E há idiotas para pagarem.
Esse é mais um caso ilustrativo de que alguém vai pagar de dublê de rico com uma artesanal e não com uma verdinha. Todo dia um esperto e um mané saem de casa, se eles se encontram, um “bom negócio” é fechado.
Vida que segue. Beba o que quiser, como quiser, se seu bolso permitir.
Saideira
Quero finalizar o texto dizendo que cada um é livre para escolher a cerveja que quiser.
Ademais, os dublês de rico sempre existirão ; seja no mundo das cervejas ou seja em algum outro ciclo social. No exemplo mais comum, da atualidade, o dublê de rico se vale de uma garrafinha verde para ostentar.
Daqui a alguns anos, pode ser que a cor da garrafinha mude, que a cerveja seja de outra marca, ou que sequer seja cerveja, que seja alguma outra bebida qualquer.
Decerto, a realidade é moldada de acordo com as influências sociais e culturais, as coisas podem mudar com o tempo.
Enfim, sintam-se livres para beber a cerveja que gostam, sempre.
Recomendação Musical
A recomendação musical de hoje é para a minoria corneteira.
Vamos de Shut Up , da banda de pop/hip hop , The Black Eyed Peas .
Mais direto impossível.
Saúde!
VIDEO