Li de cabo a rabo o novo rebento de Cefas Carvalho, o romance Carla Lescaut. Esperei resenha de algum leitor, visto que a noite de lançamento foi badalada e, consequentemente, o livro foi vendido-lido. Esperei porque, assim como o autor, o crítico também gosta de apreciar outras visões sobre a obra.
Cefas papou premiações nos últimos concursos de poesia, desbancando muita gente boa. No entanto, seu inegável talento poético ficou fora deste romance. Está mais presente a concisão do texto jornalístico, como bom profissional que é. Narrativa sem rodeios, frases diretas e economia de adjetivos.
É leitura atrativa que faz o leitor driblar o sono para ler mais um pouco. A ambientação na Natal dos anos 90, bairros, bares (mesmo com codinomes) e um enredo basicamente comum e fácil de se imaginar na vida de qualquer amigo – ou mesmo na sua – nos faz mergulhar mais na estória.
Mas achei um romance sem a pimenta dos bons conflitos psicológicos. O enredo se desenrola basicamente na vida de um publicitário acostumado a um cotidiano politicamente correto – o narrador-personagem – e Carla Lescaut, uma garota mundana que vira sua rotina certinha de cabeça pra baixo. Melhor não adiantar mais do que isso.
Afora inserções da namoradinha do publicitário, nenhum outro personagem relevante. Por isso, o romance parece um grande conto. E talvez aí more a falha da trama. Ainda assim, a estória mantém uma lógica com os personagens ou com seu desenvolvimento. O último parágrafo, inclusive, mostra bem isso.
É um romance sem pretensões. É uma leitura rápida de 152 páginas, ideal para o mundo globalizado onde o leitor cada vez mais quer ler um livro em dois dias para logo começar outro. Carla Lescaut é um livro pra se comprar e ler, sim. É uma leitura agradável. Mas espero outras opiniões.
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