Conheçam a nova banda regueira do cenário musical potiguar

Banda Dega

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Conhecem a Banda Dega? Provavelmente não. O trio é novo no cenário potiguar, mas já lançaram a primeira canção. Para escutar cliquem AQUI e tirem suas conclusões. O estilo é escasso na cena local: o reggae. Achei um som denso, sobretudo se produzido por apenas três músicos. Boas letras com temáticas atuais e uma influência clara do hip-hop e inclusão de programações eletrônicas. Mas fiquem aí com a crítica do jornalista Homero Baco, do jornal Brasil de Fato, da Paraíba:

Banda Dega: Um som necessário

Em meio a tempos sombrios normalmente cabe a cultura mostrar a força da resistência. Essa força é ainda mais potente se assume seu lugar de periférico. Essa combinação já seria o bastante se o periférico aqui não fosse o nordeste guerreiro. Quando essa mistura se junta a uma letra contundente e a um som que não deixa nada a dever as suas raízes, temos então algo necessário.

Pós-verdade, primeiro single do grupo potiguar Dega chega em um momento em que o facismo parece querer tomar conta do país. Mas quem vive na periferia sabe que não há tempo para o medo. O som começa com um áudio do futuro presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro dizendo que as minorias devem ser exterminadas e segue relatando a realidade periférica. “a nossa música fala do cotidiano vivenciado nas periferias de Natal, em especial no bairro de cidade nova, zona oeste”, conta Mista Cafu, vocalista e letrista da banda, morador do local.

O nome da banda faz uma alusão ao cigarro de maconha entre os Mura, tribo indígena que usava a erva para fins recreativos, medicinais e ritualísticos. A letra é composição dos três integrantes da banda que além de Mista Cafu conta também com João Felipe Santiago na guitarra e programações eletrônicas, Thiago Augusto no contrabaixo e backing vocal. A banda foi formada em outubro e os integrantes se conheceram durante o curso de produção cultural no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN).

Pós-verdade é reggae, mas é possível perceber as influências do DUB, raggamuffin e hip-hop trazidas de grupos como Bad Brainds, Planet Hemp e Racionais mc’s e Groundation. Este último se apresentarão com o Dega no dia dois de dezembro, em Natal.

“Temos a música como forma de resistência, denuncia e elevação espiritual. Usamos preto e vermelho, tanto como simbolismo de luta como de espiritualidade. Carregamos a essência da música jamaicana com elementos da cultura nordestina”, explica Mista Cafu.

Em pós-verdade tudo isso se apresenta. Em versos como ‘do lado de cá artistas, do lado de lá milícias. Alguém aí me explica o quanto vale uma vida?’ ou ‘ou gueto contra-ataca é o lado preto da cultura. Queremos uma solução não só um ato de bravura!’, transparece o tom denúncia e resistência da periferia, do povo preto, que a música como arma. E o final não poderia ser mais representativo: a voz de Marielle Franco não nos deixando esquecer qual caminho seguir.

(Homero Baco)

Sérgio Vilar

Sérgio Vilar

Jornalista com alma de boteco ao som de Belchior

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2 Comments

  • Jonathan Mysack Pereira da Rocha

    Adorei a matéria, e curto demais o trabalho da banda DEGA. Além de letras sólidas e atuais, a banda sustenta uma postura política e social de grande importância no cenário atual do país. Artista em cima do muro nunca! Temos que nos posicionar e atuar como militantes dos nossos ideais sempre e a DEGA me representa com sua música, e promete “revigorar” a cena reggae Potiguar!

    • Sérgio Vilar

      Ta precisando. Acho que já tivemos uma cena regueira mais robusta em tempos nem tão longes assim.

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