O poeta Jean Sartief foi um dos selecionados do edital da editora Urutau (Brasil/Portugal) que comemora 10 anos de atividade. A editora lança esse ano uma série de novidades e entre elas está o livro de Sartief, intitulado Difíceis Afetos, oitavo livro do autor, já em pré-venda no site da editora.
Sartief tem uma vasta produção e assume em seu movimento literário um lirismo poético gigantesco mesmo quando trata de assuntos espinhosos. Seu último livro, Desrazão (Giro Selo Artístico) lançado ano passado foi um livro de tiragem limitada e de grande êxito, haja visto as excelentes críticas e vendas. Agora, o autor segue como o mais novo contratado da casa editorial Urutau, que sempre apresenta ao público excelentes livros.
Difíceis Afetos tem orelha assinada pela professora e pesquisadora literária potiguar, Elizabeth Olegário e segue na jornada das complexas afetividades dos tempos de hoje, mas sobretudo, explora seu próprio universo com rigor e sensibilidade, transpondo-o em poesias cheias da honestidade brutal a qual Hemingway aconselhava. Sartief tem a pena de uma verdade dilaceradora, mas repleta de poesia.
A primeira poesia do livro, Sartief traz um olhar para o começo do fio de sua trama… um olhar para os antepassados portugueses que migraram para o Brasil e através do poema é possível partir de uma imagem ancestral de sofrimento e destino que vai buscar no mar tanto o símbolo do desconhecido como das possibilidades da travessia. A “roda da fortuna” pode ser uma representação da arbitrariedade da vida ao mesmo tempo que indica a sobrevivência. É, talvez, uma evocação nietzschiana do eterno retorno, em que os eventos trágicos da existência se repetem em ciclos (ou como uma dor herdada), e a consciência disso exige uma afirmação radical da vida.
“No princípio era a minha bisavó faminta
atravessando um mar sem refúgio
com sua roda da fortuna.
Hoje, a contagem dos passos em falso. A zanga.
Alinho contigo nesta dança macabra — desajustada —
no berço de máscaras veneradas que confrontam
nossos corpos enervados
onde enuncia-se a fome da profetisa;
dessa voz densa que opera pelos poros.
(…)”
A fome aqui não é apenas física, mas psíquica, uma fome ancestral que atravessa gerações, ecoando o conceito freudiano de transmissão transgeracional do trauma — a bisavó faminta ainda habita o corpo do eu poético. A “profetisa” talvez represente o inconsciente falando através do corpo, como sintoma. Deixo os versos seguintes para que leiam no livro.
Fica aqui o convite para Difíceis Afetos com a possibilidade ensolarada e afetiva que cada um de nós tem para olhar de dentro para fora e de fora para dentro.
Um pouco mais:
Título do livro: Difíceis Afetos
Autor: Jean Sartief
Gênero: Poesia
Editora Urutau
Pré-venda: editoraurutau.com/titulo/dificeis-afetos
10% de desconto até o dia 10 de julho.