Da luta organizada ao Oscar: desafios e superações do audiovisual em Natal

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Por Brisa Bracchi, vereadora de Natal/RN

Os últimos anos não têm sido fáceis para a cultura, mas o audiovisual natalense tem mostrado sua capacidade de resistência artística e de superação das adversidades. A produção de um curta-metragem com chances de concorrer ao Oscar é uma entre tantas outras obras premiadas que são frutos da luta, a qual temos nos esforçado para somar e contribuir enquanto parlamentar, de um segmento que estadualmente mostra que fora do centro do país também há produção do cinema nacional.

Que a pandemia de Covid impactou a vida de todos e todas nós já estamos cansados de repetir, mas é importante mencionar que foi um período ainda mais desafiador para a cadeia produtiva criativa e da cultura, haja vista as restrições de distanciamento social que impossibilitaram por um período a realização de diversas atividades do setor. A luta organizada do audiovisual natalense pelo fomento à cultura pelo Poder Público foi fundamental para manter viva essa cadeia, todavia a disputa de recursos para essa garantia não foi fácil, sobretudo pelo fato de que estava na presidência um projeto de sociedade que via a cultura como sua inimiga. Se no cenário nacional a cultura teve de unir forças de seus mais variados segmentos e mobilizar a sociedade para garantir leis como a Aldir Blanc e a Paulo Gustavo, no município de Natal a luta não foi menos intensa.

Quando assumimos o mandato, em janeiro de 2021, o orçamento do município para a cultura estava quase zerado sob justificativa da pandemia. Na contramão de cidades como Recife, cujas gestões investiram na produção cultural dentro da realidade das restrições sanitárias, Álvaro Dias relegou a cultura naquele momento aos repasses federais e às emendas parlamentares.

Foi nesse contexto, a partir da luta do setor, que em 2021 foi lançado o Edital do Cine Natal, subsidiado quase em sua totalidade por uma emenda do nosso mandato no valor de R$ 100 mil. Um valor pequeno, se comparado aos custos do setor, mas que permitiu que a produção continuasse sendo fomentada, mesmo diante da adversidade da pandemia e de gestões que pouco contribuíram para o setor. A pressão social e os bons resultados dessa produção de resistência, renderam reconhecimento por meio de diversos prêmios aos filmes natalenses e acabaram por sensibilizar os poderes executivos. Em 2022, após intensa luta do setor, apoiada por nós e por outros mandatos parlamentares, o Edital do Cine Natal teve o aporte de R$1 milhão.

Recentemente, foi divulgada a provável participação na premiação do Oscar do curta-metragem potiguar Sideral, filme que foi produzido em Natal e por potiguares, financiado parcialmente pela Lei Aldir Blanc. Essa é mais uma prova de que, quando há incentivo, a cadeia produtiva cultural é capaz de ir longe. Assim como Sideral, outras produções também receberam premiações em festivais nacionais e internacionais, tais como Time de Dois, Septo, Vai Melhorar, Vindouro e tantos outros.

Acreditamos na cultura como expressão do nosso povo, sendo um importante instrumento para fortalecimento dos vínculos da população com a sua história e produção local, e por isso nos desafiamos a ir contra a lógica dominante de que a cultura se limita ao espetáculo. Entendemos que a política institucional tem o dever de dar as condições para que a produção cultural siga emergindo. É possível termos uma cota de reserva de tela para o audiovisual potiguar nos cinemas comerciais daqui, como vem propondo um Projeto de Lei da Deputada Estadual Isolda Dantas.

Também acreditamos que é possível que Natal tenha um Escritório Fílmico composto pelo Poder Público e por representação do setor audiovisual para fomentar a produção audiovisual da nossa cidade, como o nosso mandato tem proposto através do PL da Film Comission natalense. Todavia, esse não é o entendimento do Prefeito de Natal, que vetou integralmente esse projeto. Essas propostas são exemplos do que o setor audiovisual tem construído conosco e com outras parlamentares na luta por uma política cultural continuada para o audiovisual.

Para o ano de 2023, sabemos que as lutas seguem, mas vemos, com Lula na presidência, uma gestão federal mais sensível ao audiovisual e que vem sinalizando uma mudança na condução da política cultural nacional. Findos os tempos sombrios, o nosso mandato segue na luta em parceria com o setor audiovisual para a construção de políticas públicas continuadas que assegurem que novos Siderais possam ser produzidos para levar ao mundo a capacidade artística de nossa terra.


CRÉDITO DA FOTO: Rubem dos Anjos

Redação

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