Amar é vidar!

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Croniketa da Burakera #37, por Ruben G Nunes

Só o Amor não sustenta nenhuma relação. Falo do Amor banalizado. Do amor como pura burocraciafetiva, em sua querência de trivialidade.

Esse amor não basta. É preciso que ele, o Amor, seja vibração carnespiritual de presença-ausência. De fusão de erros e acertos. De generosa cumplicidade e perdão incondicional. Nesse aqui-agora. Não só no amanhã da eternidade. Mas também no hoje da eternidade.

Amantes precisam ser quadrilheiros. Amantes precisam sempre dançar o último bolero na noitesuave. Amantes precisam se lamber com frequência em sua impura nudez… e tramar sonhos juntos.

Amantes precisam saber fazer dos ressentimentos a faísca das madrugadas gemidas. Amantes precisam se casar, mensalmente, até nas filas dos bancos. Ou tomando um chopp duplo.

A tradição religiosa e o senso comum catequizado, explicam o Amor como algo único, eterno, universal. Ora, nos enroscos da VidaViva esse Amor ideal é figurinha rara.

Nas oficinas da VidaViva não há padrão único de qualidade de amor. Daí que, universal, eterno, único – só nos rituais casamenteiros. Nem mesmo matemático, nem lógico, nem científico. Mas a gente tenta fazer de um momento a eternidade…

Mas antes de mais nada, o amor não se explica. E “não tem solução”, como cantava o velho Caymmi.

Em seu enroscar de egos e superegos o amor é pura impureza humana, plena de luz, intensidade, fagulhamento.

Amor é transbordamento mútuo.

Cada um de nós ama diversamente, diferentes amores, com diversas sintonias e intensidades, em tempos diferentes. Ou mesmo na complicação de um mesmo tempo. E aí sai faísca pra todo o lado.

Há o amor da mãe, do pai, de irmãos, de amantes, de amigos (a amizade). Ama-se através de tempos, espaços e de outros carnavais. O amor como navio carregado de saudades precisa navegar águas fundas, cruzar tempestades e calmarias, entrar em muitos portos de pedra e sonhos… até chegar rangendo ao seu porto seguro.

O Amor pode ser único sim. Único como presença. No aqui-agora. Não como algo eterno-sempre-o-mesmo. Não como regra moral ou única metade.

A arte de amar, por Andre Kummer

Com quantas metades se faz uma amor? Nem Zeus, sabe. Em seu urgir, rugir e ressurgir, o Amor humano é carnespiritual e aleatório. O amor vareia e varia.

Nos passos silenciosos do inesperado, o amor não pede licença pra chegar. Ele vem e pronto. Cada vez é um cada vez diferente.

Uma coisa é verdade: se não é amor de família ou amor-amizade, se é amorpaixão daqueles que sai a faísca-das-encarnações: ai, então, como poetava o velho-Vinicius “é preciso ter peito de remador” pra segurar o turbilhão que vem dos olhares-se-deslizando naquela luz-de-gozo-eterno se estilhaçando no coração.

Todo amor quer eternidade, profunda eternidade!

É o delírio do eterno inalcançável. Jogo de (des)encontros inesperados na VidaViva. Tensão de emoções se aloucando no (in)finito de cada um.

Quando o olho gruda no outro e faz deslizar luas, quando o olhar é sorriso de gozolhar, quando a gente “pesca”, num repente, aquele brilho que só teu olho tem a senha… então velho, sai da frente, que é o Zignal de Eros!… é o tsunami do amor que-tá-chegando. Daí é um ziriguidum daporra, véi!

Não! Sai da frente não, poha!… mergulhe e viva!  

Amar é Vidar! E vidar é mergulhar, plenamente-com-o-outro, na VidaViva. Afundar feliz nos abismos dos sonhos, das ilusões, das ternurinhas. E nos absurdos e encantos das paixões perigosas. Como poeticanta Djavan que “amar é perigoso demais”…

Ruben G Nunes

Ruben G Nunes

Desfilósofo-romancista & croniKero

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