Não há como negar que o racismo sempre esteve presente na sociedade brasileira, seja de modo estrutural, ou escancaradamente através do preconceito racial.
No Brasil, o preconceito racial sempre grassou na sociedade e nas artes não foi diferente, apesar da inegável influência que os talentos negros deram à cultura nacional. Até bem pouco tempo nas novelas brasileiras as atrizes e os atores negros sempre tiveram um papel secundário. As únicas exceções eram quando a trama envolvia histórias ocorridas na época da escravidão. Em novelas das últimas décadas, quando havia crimes de roubos, furtos, assalto à mão armada e coisas do gênero, também havia muitos atores ou figurantes negros envolvidos nas ações criminosas.
Nos últimos anos, com o combate exaustivo ao racismo, as coisas começaram a mudar. Só a título de exemplo na novela das seis da TV Globo A garota do momento, a protagonista é negra e no elenco existem vários personagens negros com papel de destaque.
Na música, a influência negra na MPB tem sido extraordinária: começou com Tia Ciata no século dezenove. Nascida no Rio de Janeiro em 1854, Hilária Batista de Almeida foi curandeira, sambista e mãe de santo e tornou-se uma das figuras mais influentes no surgimento do samba carioca. Na sua residência, onde vários sambistas se reuniam, foi criado o primeiro samba gravado em disco: Pelo Telefone. Depois dela, vieram dezenas de cantores e compositores que, ao longo das décadas do Século XX enriqueceram a cultura brasileira; foram tantos que podemos citar apenas alguns dos mais importantes, nas mais diversas épocas, tendo a certeza que seria insuficiente: Pixinguinha, Cartola, Ataulfo Alves, Alcione, Djavan, Elza Soares, Tony Tornado, Gilberto Gil, Clementina de Jesus, Seu Jorge, Luiz Gonzaga, Jorge Benjor, Agostinho dos Santos, Wilson Simonal, Jair Rodrigues, Carlinhos Brown, Sandra de Sá, Emilio Santiago, Evaldo Braga, Agnaldo Timóteo, Tim Maia…
Com o passar dos anos, aos poucos, a Negritude ganhou força, transformando-se em um movimento cultural, político e filosófico. O movimento cresceu combatendo o tratamento discriminatório nas sociedades racistas; consequentemente o orgulho racial cresceu e se estendeu às artes e à literatura.
Segundo consta no livro O Alufá Rufino, escrito por João José Reis, Flávio dos Santos Gomes e Marcus J. M. de Carvalho, o francês Àrcene Isabelle, republicano e abolicionista, numa viagem ao Rio Grande do Sul no século dezenove descreveu a diferença entre brancos livres e escravos como “aristocracia da pele”.
A Negritude – surgida nos anos 30 – também causou um grande impacto nas lutas sociais e políticas, inspirando lutas por independência e pelos direitos civis de vários países, inclusive dos Estados Unidos, que já foi um dos países mais escravagistas do mundo.
As ideias da Negritude continuam a ressoar nos corações e mentes de todos aqueles que são contra o racismo e as injustiças sociais.
@fernandoluizcantor