Aos fãs de documentários sobre música há um universo convidativo de filmes no catálogo da Netflix, e relativamente novos. Tenho explorado alguns de uns dias para cá, com resultado satisfatório. Pretendo assistir ainda os da banda Chicago, Greateful Dead e da Nina Simeone, pelo menos. Sim, todos “dazantiga”, mas há também aos adeptos dos anos 90, como Oasis. Aos do rock, a trajetória do Foo Figheters, do Metallica. E aos mais moderninhos, a Lady Gaga. Enfim, opções variadas para quem gosta do universo dos bastidores da música e antes explorava a gôndola de biografias na videolocadora.
HARRISON X RICHARDS
Nesse duelo de guitarristas das duas maiores bandas do pop-rock mundial, quem leva de goleada é Keith Richards. Pelo menos nos dois documentários que vi sobre eles. E olha que o do caçula dos Beatles foi dirigido por ninguém menos que Martin Scorsese. Chama-se ‘George Harrison: Living in the Material World’ (2011). E traz personagens e depoimentos interessantes, curiosos, mas sem apuro estético, sem inovação e, para um beatlemaníaco, sem tantas novidades.
Já o ‘Under The Influence’ (2015), dirigido por um tal Morgan Neville, desmistifica pelo menos dois mitos sobre o guitarrista e compositor dos Rolling Stones: o de que ele é um porra louca e o de que é um guitarrista simplório. O doc mostra um cara centrado, mesmo com copo de whisky e cigarro na mesma mão, e um puta músico multi-instrumentista. Vale dar uma sacada nos dois docs, mas se escolher um, mergulha na figura mais underground dos Stones.
BOWIE, SEMPRE
‘Bowie: The Man Who Changed the World’ (2016), de Sonia Anderson, vai além de guitarras e composições. Deixa essa disputa para os dois acima. Aqui falemos de estética, de arte e cultura e… tudo bem, de música, claro. Me serviu demais para dimensionar ainda mais a importância e, sobretudo, a influência desse cara para a música e o comportamento de um jovem rocker ao longo de décadas.
Na construção técnica e criativa de um documentário, ainda prefiro o Under The Influence, mas a figura icônica e multifacetada de David Bowie ajuda a tornar qualquer filme interessante. Alguns podem sentir falta de mais detalhes na construção dos álbuns, na cronologia dos fatos e outras informações comuns em docs sobre figuras da música. Mas Bowie vai além disso e o filme também quebra esses paradigmas.
AOS BEATLEMANÍACOS
Com o pomposo nome de ‘It Was Fifty Years Ago Today! The Beatles: Sgt Pepper And Beyond’, este doc lançado ano passado celebra os 50 anos do maior álbum pop da história. E sim, mesmo aos beatlemaníacos já extasiados de tanta bibliografia da banda, vale assistir. Muita gente curiosa entre os entrevistados, como a irmã de Lennon e alguns dos principais jornalistas e biógrafos do quarteto, afora muitas entrevistas pouco exibidas da banda.
Não sei se proposital, mas o doc começa exatamente no período posterior ao último filme lançado sobre os Beatles: ‘Eight Days a Week’, dirigido por Ron Howard e que compreende os primeiros anos da banda, até 1966, quando finalizaram as turnês. Então, ‘It Was Fifty Years Ago…’, dirigido por Alan Parker, funciona com uma espécie de continuação. O filme começa no segundo semestre de 1966 e termina em 1967 com o sucesso de Sgt. Peppers. Seria massa outro doc que encerrasse o ciclo, até 1970.
EAGLES, COM ESFORÇO
O clássico Hotel California me puxou a assistir ‘History of the Eagles’. Nunca fui fã da banda, mas adoro Hotel Califórnia e ansiava por alguma história bacana ou um doc bem acabado sobre a história por trás da música. Mas resisti estoicamente a duas das mais de três horas do filme e não há nada além daqueles cinco caras de calças jeans tocando canções country-pop legaizinhas com um baterista de voz rouca e muito massa e um documentário bonzinho. O Eagles é aquele aluno que, com muito esforço, passa por média na escola.