Jornalista percorre 12 mil km de Natal à Venezuela e conta tudo em livro

Tatuagem de Caracas

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Não é de hoje que viagens são usadas como representações da busca pelo autoconhecimento por meio do contato com o outro ou o diferente. O jornalista Renato Batista se insere nessa tradição com a publicação de seu primeiro livro, Tatuagem de Caracas (editora Astrolábio), romance de autoficção no qual narra o “mochilão” de 12 mil quilômetros que fez em 2019, indo de Natal ao extremo noroeste da Venezuela, em um momento de aguda crise política e humanitária por que passava o país vizinho.

Tatuagem de Caracas renato batista
FOTO: Yuri Borges

O livro, que será lançado nesta sexta (18) no Mahalila Café & Livros, entre 18h e 21h, narra muito do cotidiano dos venezuelanos pelos olhos do seu protagonista, o advogado Chico. Trata-se de um pernambucano radicado em Natal que, num momento em que a Venezuela estava diariamente no noticiário nacional, decide ir para a fronteira ajudar na recepção dos refugiados. Ao planejar a viagem, ele decide que também quer entrar no país e conhecer de perto a sua realidade.

O protagonista – assim como o próprio Renato Batista – percorreu, de Natal a Caracas, e passando pela Guiana, mais de 6 mil quilômetros de ida e outros 6 mil de volta. E durante os mais de dois meses que durou a viagem, venceu a maior parte do percurso de ônibus ou de carona, e sempre ficou hospedado na casa de moradores dos locais por onde passou.

Na capital venezuelana, Caracas, foi levado pelo seu anfitrião local para uma manifestação da qual pouco sabia e acabou dando de cara com o então presidente do Parlamento, Juan Guaidó, discursando e autoproclamando-se presidente interino do país. Guaidó, como se sabe, nunca assumiu o posto, mas o fato foi revelador da intensidade da crise política do país.

A história também se volta às lembranças da vida do protagonista até ali: desde a infância pobre na periferia do Recife, passando pelo episódio em que, curioso pela leitura, juntou-se a um amigo para furtar livros de uma biblioteca, até o trabalho como camelô no centro da cidade, na companhia do pai. Mesmo com dificuldades, Chico acaba ingressando no ensino superior, através do Enem, numa universidade potiguar.

O foco maior do romance, no entanto, é a narrativa de viagem e, por meio dessa experiência, é possível conhecer, por exemplo, como vive uma família de origem indígena e pobre, no interior do país. Do mesmo modo, também se tem instantâneos da vida da classe média e chega-se até mesmo a presenciar uma festa da elite caraquenha, com uma abundância inexistente nos supermercados do país, que sofrem com o desabastecimento frequente de quase tudo.

Todo esse périplo não é livre de dificuldades para o advogado Chico, que vão de episódios de racismo mal disfarçado a casos de truculência e violência policial. O outro lado também está presente. Ele conhece pessoas interessantes, vê-se em comemorações animadas em um boteco ou no meio do mato e recebe solidariedade genuína em momentos de aperto. Para além disso, a paisagem natural sempre lhe oferece momentos de beleza, seja admirando o Lago Maracaibo – o maior da América do Sul, com seus 13.210 Km² – ou observando uma Caracas que parece tranquila de cima dos mais de 2.500 metros do portentoso Cerro Ávila.

Lançamento do livro Tatuagem de Caracas

Onde: Mahalila Café & Livros (Rua Dra. Nívea Madruga, 19, Lagoa Nova)
Quando: 18 de março
Hora: entre 18h e 21h
Preço: R$ 42

 

Redação

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1 Comment

  • Aluana Pedroza

    Como disse Mário Quintana: “viajar é mudar a roupa da alma”. Muito bacana construir histórias com essas experiências e poder compartilhar! Sucesso, Renato! Que venham muitos livros, viagens e histórias!

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